segunda-feira, 2 de maio de 2011

Dalva concede entrevista ao jornal "A Gazeta" e fala sobre Dia do Trabalho

Líder da Bancada Federal, deputada Dalva Figueiredo considera a atual política do salário mínimo uma conquista dos trabalhadores e defende jornada de 40 horas. Em entrevista ao jornal A Gazeta descarta a sua candidatura em 2012 e defende retomada do diálogo interno para fortalecer o PT.


1 - O que o trabalhador tem para comemorar hoje no Brasil?

A política que definiu o salário mínimo é uma conquista, assim como a estabilidade econômica e o controle da inflação. Os trabalhadores tiveram avanços significativos no governo Lula e agora com Dilma. É claro que o poder de compra desse trabalhador ainda está longe de ser o ideal, mas melhorou muito.

2- Apesar das conquistas, sabemos que ainda é preciso avançar em muitos aspectos. Como melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores?

A jornada de trabalho de 40 horas é um caminho. Isso requer investimentos para assegurar maiores garantias aos trabalhadores, mas os empreendedores reclamam. Por outro lado, é preciso desonerar a folha de pagamento e fazermos a reforma tributária. São medidas que atingem tanto quem gera, quanto quem precisa do emprego. Desonerar a folha em 20%, mesmo sabendo que o governo não pode fazer de uma vez só, representa, na prática, a possibilidade de melhores salários, outros benefícios e geração de mais empregos.

3 – E no Amapá, como romper com a chamada “economia do contra-cheque” e aumentar a capacidade do Estado de abrir postos de trabalho nas diversas atividades econômicas?

Existem algumas questões fundamentais: o Porto de Santana, como atrativo para ampliar nossa capacidade de importação e exportação; a BR 156; Ponte Binacional e Ponte sobre o Rio Jari, pelo aspecto da integração. Temos ainda o setor energético, onde o Amapá caminha para a auto-suficiência e a Banda Larga. Tudo isso forma um conjunto de fatores positivos que serão indutores de investimentos. Nós precisamos saber qual é a nossa prioridade. Vamos investir na indústria do turismo? Na mineração? Agricultura? Todo esse leque de potencial econômico pode gerar emprego e diminuir nossa dependência do emprego público. Vivemos um momento extremamente favorável e precisamos aproveitar!

4- Falando agora um pouco de política. A senhora assumiu a bancada federal com que compromissos?

De fazer essa interlocução junto ao Governo do Estado e a União. Quero exercer uma coordenação colegiada, onde todos possam ter tarefas políticas para dar visibilidade ao trabalho da bancada. Uma ação como a do PAC não pode ser trabalho da “Dalva”, tem que ser uma ação conjunta com os prefeitos, o governador, deputados estaduais e vereadores. Devemos estar reunidos em torno de um só objetivo, o que não quer dizer a mesma opinião. A vinda do ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra é resultado de uma ação que a bancada começou a desenvolver e a partir daí entra o governador para definir a execução das parecerias. Nosso trabalho é de articulação política com unidade e gestão integrada.

6- E o Partido dos Trabalhadores (PT), como a senhora avalia a participação de seu partido no Governo e a relação com o PSB?

Sou da direção nacional do PT, mas como nas últimas eleições nós divergimos, não fui convidada pela maioria do partido para participar dos debates sobre a participação no governo. Mas, agora que estamos entrando em outra fase, acredito que o Partido vai debater e deixar claro para a sociedade qual é a nossa participação e como será a relação com os demais partidos da base aliada de Dilma aqui no Amapá. Portanto, eu não estou no centro das decisões, mas sou filiada ao partido, gosto do debate político e pretendo estar presente, procurando fazer do meu mandato um instrumento de fortalecimento do PT.

7- Já estamos acompanhando uma certa tensão pré-2012. O PT vai lançar candidato? A senhora pretende concorrer?

Nem passa pela minha cabeça ser candidata. Quero ajudar a eleger os meus companheiros. O PT tem condições de disputar em alguns municípios e deve priorizar. Sei que houve um acordo com então candidato ao governo, Camilo Capiberibe, de que o PT lançaria candidatura aqui na Capital. É preciso fazer o dever de casa, se organizar e procurar ver quem consegue juntar, unir e agregar o partido. O PT diminuiu ao repetir um erro muito grave na composição do governo, porque alguns companheiros preferiram sair como indicação do governador. Isso pode ser bom e ao mesmo tempo uma fragilidade para o Partido. Também estou inclusa, queria discutir internamente, mas como ainda existiam os ranços da disputa, não foi possível. Quero retomar esse diálogo. As palavras de ordem agora são: unidade, consenso e conciliação. Quem é maioria tem que dar esse passo.

8- Ao completar 50 anos de idade, como a senhora compreende a política atualmente. O que mais mudou dos tempos de militante sindical?

Estou numa fase reflexiva (risos). Um sinal de amadurecimento é a compreensão de que posso divergir com profundo respeito e manter boas relações. Para governar é preciso fazer alianças e isso não significa perder a identidade. Quando olho para o Congresso, vejo lá “figuras” que não gostaria, mas sei que é o reflexo da sociedade. É como ocorre hoje na relação entre a Assembléia e governador Camilo, que precisou construir uma maioria e é compreensível. Tenho muitas coisas para comemorar nos meus 50 anos. Tenho orgulho do que construímos, por isso estou feliz e gosto da minha vida do jeito que está.

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