Fale errado, está certo

É nesse quadro que o Brasil resolve criminalizar quem fala corretamente e quer ensinar a que os outros também o façam. Isso, dizem, é discriminação. Ensinar não é discriminar, a função do professor é ensinar e corrigir. Discriminar, dizem os dicionários, é “perceber diferenças”, “colocar à parte por algum critério”, “não se misturar”, ”tratar mal ou de modo injusto” etc. e tal. Ora, corrigir quem fala errado, chamar atenção para o erro nunca é discriminar. Os teóricos da defesa do erro de gramática são os primeiros que deveriam aprender a aprender.
Uma língua de cultura é uma evolução da língua. Sem regras ela se torna outra língua, passando por crioulo, dialeto ou outra coisa que se queira chamar.
Defender a língua é defender a pátria. Essa a origem da famosa frase de Fernando Pessoa: “A minha pátria é a língua portuguesa.” Quem for escrever da maneira que desejam alguns novos teóricos da educação — já que a escrita é a linguagem falada em caracteres — precisa criar uma nova língua.
A dever do Ministério da Educação é defender a língua portuguesa, pois está na Constituição (Art. 13) que o idioma oficial do Brasil é a língua portuguesa. A aceitarmos a licenciosidade linguística, o próprio Ministério da Educação perde a razão de ser. “Voltemos ao sistema tribal: cada um fala como quer.”
Quando agora se quer espaço na mídia busca-se o absurdo. Essa nova polêmica é o febeapá da educação, ao pregar não ser necessário educar e, assim, oficializar a burrice. “Não discrimine quem fala errado. Ele está certo.” Discriminação é chamar quem ensina certo de errado. Só faltava essa, ensinar a falar errado.
José Sarney foi governador, deputado e senador pelo Maranhão, presidente da República, senador do Amapá por três mandatos consecutivos, presidente do Senado Federal por três vezes. Tudo isso, sempre eleito. São 55 anos de vida pública. É também acadêmico da Academia Brasileira de Letras (desde 1981) e da Academia das Ciências de Lisboa.
jose-sarney@uol.com.br
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