O diabo Bin
O mundo midiático transformou santos e diabos em uma vivência coletiva e não mais, como noutros velhos tempos, numa força individual. Logo, eles ganham corações e ódios que se espalham por toda a humanidade. Osama bin Laden conseguiu aquilo que parecia impossível de ser conseguido: atacar o território dos Estados Unidos. O ataque às torres gêmeas, as quase três mil mortes ocorreram em solo americano e despertaram o medo e mais ainda o desejo de vingança, transformado em sentimento patriótico. Bin Laden era, assim, a encarnação do que Bush chamou o “espírito do mal”, o “diabo”. Mas ele fez tudo por merecer. O único homem na face da terra a comunicar a todos a sua dedicação ao terror e este como forma de vida. Disseminou o terrorismo no mundo inteiro, incitou a que a ele se dedicassem todos os revoltados, qualquer que fosse a motivação. Em seu fanatismo religioso, fazia parte do Jihad islâmico. Se vivêssemos há dois séculos só uma expressão lhe cabia mesmo: o diabo. Hoje, há dúvida se o diabo existe, mas naqueles tempos ele existia e não só pregava o pecado mundial como lutava corporalmente com o Cura d’Ars, e o santo o enfrentava com seus músculos. Entre os problemas do futuro da humanidade está o terrorismo. O terror sempre existiu e algumas vezes foi uma manifestação política de grandes dimensões. Veja-se a guilhotina da Praça da Concorde na Revolução Francesa, fazendo rolar cabeças e espalhando o pânico. O mesmo aconteceu na Rússia na Revolução de 1917, quando Lênin o proclamou como necessário à vitória e fez a apologia de sua necessidade e de seus benefícios, justificativa para exterminar opositores. Stálin o seguiu. A operação americana que matou Bin Laden foi cuidadosamente programada e levou meses. Tiveram a paciência de não precipitá-la e até esperaram as festas do casamento do Príncipe William e Kate Middleton, a beatificação de João Paulo 2º, para executá-la e executá-lo. As preocupações com um possível culto foram pesadas: nada de fotografias e deram-lhe o mar por sepulcro, enrolado, segundo o preceito islâmico-judaico de que o rosto do morto não pode ser visto por ninguém. Mesmo assim a face de Bin Laden será um ícone para seus seguidores, que terão a inspiração de sua violência e impiedade. Mas o terrorismo não acabou. Vai continuar a estar presente e as nações mobilizadas contra ele. A Al Quaeda deixa de ter o seu chefe, mas continua pelos diabos encarnados em seus mais próximos seguidores. E um período de retaliação é esperado, porque o diabo foi morto, mas o diabo continua vivo. Hoje, como no passado.
O mundo midiático transformou santos e diabos em uma vivência coletiva e não mais, como noutros velhos tempos, numa força individual. Logo, eles ganham corações e ódios que se espalham por toda a humanidade. Osama bin Laden conseguiu aquilo que parecia impossível de ser conseguido: atacar o território dos Estados Unidos. O ataque às torres gêmeas, as quase três mil mortes ocorreram em solo americano e despertaram o medo e mais ainda o desejo de vingança, transformado em sentimento patriótico. Bin Laden era, assim, a encarnação do que Bush chamou o “espírito do mal”, o “diabo”. Mas ele fez tudo por merecer. O único homem na face da terra a comunicar a todos a sua dedicação ao terror e este como forma de vida. Disseminou o terrorismo no mundo inteiro, incitou a que a ele se dedicassem todos os revoltados, qualquer que fosse a motivação. Em seu fanatismo religioso, fazia parte do Jihad islâmico. Se vivêssemos há dois séculos só uma expressão lhe cabia mesmo: o diabo. Hoje, há dúvida se o diabo existe, mas naqueles tempos ele existia e não só pregava o pecado mundial como lutava corporalmente com o Cura d’Ars, e o santo o enfrentava com seus músculos. Entre os problemas do futuro da humanidade está o terrorismo. O terror sempre existiu e algumas vezes foi uma manifestação política de grandes dimensões. Veja-se a guilhotina da Praça da Concorde na Revolução Francesa, fazendo rolar cabeças e espalhando o pânico. O mesmo aconteceu na Rússia na Revolução de 1917, quando Lênin o proclamou como necessário à vitória e fez a apologia de sua necessidade e de seus benefícios, justificativa para exterminar opositores. Stálin o seguiu. A operação americana que matou Bin Laden foi cuidadosamente programada e levou meses. Tiveram a paciência de não precipitá-la e até esperaram as festas do casamento do Príncipe William e Kate Middleton, a beatificação de João Paulo 2º, para executá-la e executá-lo. As preocupações com um possível culto foram pesadas: nada de fotografias e deram-lhe o mar por sepulcro, enrolado, segundo o preceito islâmico-judaico de que o rosto do morto não pode ser visto por ninguém. Mesmo assim a face de Bin Laden será um ícone para seus seguidores, que terão a inspiração de sua violência e impiedade. Mas o terrorismo não acabou. Vai continuar a estar presente e as nações mobilizadas contra ele. A Al Quaeda deixa de ter o seu chefe, mas continua pelos diabos encarnados em seus mais próximos seguidores. E um período de retaliação é esperado, porque o diabo foi morto, mas o diabo continua vivo. Hoje, como no passado.
José Sarney foi governador, deputado e senador pelo Maranhão, presidente da República, senador do Amapá por três mandatos consecutivos, presidente do Senado Federal por três vezes. Tudo isso, sempre eleito. São 55 anos de vida pública. É também acadêmico da Academia Brasileira de Letras (desde 1981) e da Academia das Ciências de Lisboa.
jose-sarney@uol.com.br
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