O
Papa Francisco
Anuncia-se como uma surpresa a escolha do Cardeal
Bergoglio como Papa Francisco. Na realidade, esta surpresa pertence a nossa
sociedade de comunicação, não à da Igreja, que segue a lógica de Deus. E o
Espírito sobrenatural da Igreja pode às vezes contradizer as análises do mundo
da informação, como fez quando chamou Karol Wojtila em 1978 para um longo
pontificado. Essas surpresas são uma afirmação de que a escolha do Papa não é
mediática nem mundana. Com o Papa Francisco finalmente o comando da Igreja
chega ao tempo dos descobrimentos, vem à América e ao terceiro mundo e passa a
ser verdadeiramente universal. Os dois grandes santos Francisco, o de Assis e o
Xavier, têm caminhos que marcaram a Igreja. Um, italiano, foi o exemplo da
fidelidade ao amor de Cristo, estendido em seus limites mais difíceis, e também
o exemplo da humildade e da pobreza. Sua inserção no mundo é o contrário das
ideias neoliberais e do acúmulo de bens que caracteriza nosso tempo. O outro,
de Navarra, São Francisco Xavier, com Inácio de Loyola um dos 7 fundadores da
Companhia de Jesus, enviado para o Padroado Português, é o modelo da
evangelização universal. Em dezembro passado completaram-se os 450 anos de sua
morte, ocorrida quando tentava começar a conversão da China, depois de anos de
trabalho na Índia e no Japão. O padre Vieira narra na sua série de sermões
Xavier Dormindo e Xavier Acordado como em sua última viagem a nau do santo
ficou parada em alto mar por muitos dias, e acabou a água doce. Então o Padre
ordenou que todos bebessem da água do mar e a água salgada que eles beberam se
transformara em água pura. São Francisco Xavier foi seguido pelos jesuítas que
foram tão importantes nos primeiros tempos de nosso País – Nóbrega, Anchieta,
Vieira –, e pelos que criaram as missões jesuíticas na região entre Brasil,
Paraguai e Argentina. O novo Papa certamente sabe porque escolheu o nome que
marcará o seu pontificado e ele certamente indica na direção destes dois
grandes santos e da mão estendida da Igreja aos pobres do mundo.
José Sarney foi governador, deputado e senador pelo Maranhão, presidente da República, senador do Amapá por três mandatos consecutivos, presidente do Senado Federal por três vezes. Tudo isso, sempre eleito. São 55 anos de vida pública. É também acadêmico da Academia Brasileira de Letras (desde 1981) e da Academia das Ciências de Lisboa.
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