Acabou o suspense. Sarney confirmou durante discurso na convenção de ontem, 27, aquilo que dissera no começo da semana, que não é mais candidato à reeleição. “Esse será o discurso mais difícil de toda a minha carreira política”, disse ele, com a voz embargada, ao abrir seu pronunciamento. Disse que coincidentemente foi em junho de 1964 que ele participou da primeira convenção da vida, quando concorreu a deputado federal, pelo Maranhão. Ele ainda chegou a fazer, mesmo que involuntariamente, uma pegadinha com o público, ao dizer “eu não vou sair da política, vou continuar”. Mas completou “mesmo sem mandato”.
É claro que o clima de tristeza se abateu sobre a militância, afinal o que todos esperavam ouvir dele era o “fico”. Mas o experiente político mostrou toda a habilidade ao usar como argumento que era hora de parar e cuidar mais da companheira de 64 anos de casamento, Dona Marli, que anda com a saúde debilitada.
Sarney teve que interromper algumas vezes seu discurso, tomado pela emoção. “Quando eu ouço vocês me pedindo para que permaneça no mandato, as palavras de vocês não chegam mais ao cérebro, elas chegam ao ouvido e vão direto ao coração”, disse o senador, que foi muito aplaudido pelo público. Em seguida, retomou o pronunciamento com um velho bordão, uma de suas marcas registradas quando da passagem pela Presidência da República: “Brasileiras e brasileiros do Amapá”, para delírio da militância.
Balanço
Em tom de despedida, Sarney enumerou algumas de suas ações como senador do Amapá, unidade da federação que fez questão de lembrar ter sido criada com sua chancela como mandatário do país. Ele também confirmou que vai caminhar ombreado com o amigo e aliado Waldez Góes (PDT), que contará com seu apoio na corrida pela sucessão estadual. Sarney também elogiou a escolha do vice-governador da chapa, o amigo e ex-colega de Senado, Papaléo Paes (PP). Também dirigiu palavras ao povo amapaense, que disse ter eterna gratidão pela maneira como foi recebido pela população. “Quando aqui cheguei disse que vim para servir e não vim para dividir”. Ele citou dois ex-presidente do Brasil como exemplo de como é possível continuar influenciando na política, mesmo sem mandatos, mas ainda com muito prestígio, como Fernando Henrique Cardoso e Luís Inácio Lula da Silva. “Eu também terei a minha parcela, a nível nacional, a serviço do Brasil e do Amapá”.
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