Após
publicar, em janeiro, reportagem na qual difundia inverdades, insultos e
agressões ao senador José Sarney (PMDB-AP) e ao estado do Maranhão, a revista
Forbes, dos Estados Unidos, abriu espaço para veicular, na íntegra, a carta de
resposta enviada pelo parlamentar. A prestigiosa revista dá, assim, bom exemplo
de como a liberdade de imprensa deve ser exercida: com responsabilidade e
compromisso com a verdade. Uma postura bem diferente da de muitos veículos de
comunicação brasileiros que, apesar do discurso de defesa do direito de
resposta, se negam a abrir espaço para correções, contestações ou críticas.
Carta de resposta
do senador José Sarney
Segue
abaixo a carta de resposta do senador José Sarney à reportagem da revista
Forbes, publicada na íntegra. Para ler em inglês, clique aqui.
“Senhor
Editor,
Venho,
revoltado, contestar as afirmações que a Revista Forbes publicou na matéria “How Brazil’s poorest state
minted one of the country’s richest — and most controversial — political clans”.
É incompreensível que uma publicação desse prestígio publique afirmações com
fatos inverídicos, sem averiguação e com insultos políticos de jornais
historicamente meus detratores, que não aceitam nem publicam o direito de
resposta, o que não é, certamente, a conduta desse periódico.
Não
é verdade que eu seja destacado “por inacreditável crescimento de fortuna”, que
não tenho e de quanto era e é. Tenho 83 anos, sou advogado, ex-empresário,
escritor com mais de 100 títulos publicados, inclusive traduzido em diversas
línguas, político. Meu patrimônio está documentado há mais de 60 anos pela
Receita Federal brasileira, com total transparência e nunca sofreu qualquer
processo de incorreção ou de outra natureza. Nunca respondi a qualquer ação
pública por corrupção, quer eleitoral, civil ou penal. Como político, recebo
insultos e agressões irresponsáveis, face ao baixo nível de alguns setores da
política brasileira.
Não
entrei na política através da Arena em 1950. Desde 1945 estava na luta política
contra o ditador Vargas. Quando aconteceu a Revolução de 64 eu já era candidato
a Governador do Maranhão pela UDN, do qual fui Vice-Presidente, grande Partido
de oposição ao Presidente Goulart.
Não
prosperou o Sistema Mirante durante meu governo. Tive muita honra de ter sido
amigo do grande brasileiro Roberto Marinho, mas só depois que deixei o Governo
a TV Mirante passou a ser afiliada da Globo, o que mostra o cuidado do Dr.
Roberto e da TV Mirante em não estabelecer conexões malévolas,
Não
posso ser “coronel rural” sem ter nenhuma propriedade rural. Ao contrário, sou
intelectual, decano da Academia Brasileira de Letras, para a qual fui eleito em
1980, membro da Academia de Ciências de Lisboa, doutor Honoris Causa por várias
universidades nacionais e estrangeiras e detentor da maior condecoração
brasileira, a do Mérito Nacional, e da Grã Cruz da Legião de Honra da França.
Fui
o responsável pela transição democrática, que sem a minha participação não
teria existido àquele tempo, e promovi a Constituição de 88, que criou uma
sociedade democrática e livre.
Há
38 anos não concorro a eleições pelo Maranhão. Todas as que concorri foram
diretas, eleito pelo voto popular. No Maranhão tem havido alternância de meu
partido várias vezes, com adversários no Governo.
Apenas
para assinalar erros que uma revista como a Forbes não pode cometer: Tancredo
Neves não faleceu alguns dias antes de tomar posse, e sim com mais de 36 dias
depois da data da posse. Por outro lado, o Maranhão não é o Estado mais pobre
do Brasil, mas o 16º entre os 27 estados brasileiros, a frente de grandes
estados como Mato Grosso do Sul.
O
link disponibilizado pela Forbes apresenta trabalho publicado em 2004,
referente a uma pesquisa realizada em 1999, com dados de 1991. Há 22 anos! E os
dados tratam do nível de pobreza indigente e não de riqueza, e hoje são outros.
O próprio relatório diz: “the headcount poverty ratio
and the indigence poverty line, which is a low and ‘food only’ poverty line”.
O
Maranhão tem o terceiro porto do Brasil, é responsável pela metade do gás
produzido em terra no país, tem a maior fábrica mundial de alumínio da Alcoa, e
é o estado que mais cresce na Região Nordeste: 10,3%, números chineses.
Essa
campanha contra mim, à qual se junta a Forbes, é orquestrada pela luta política
do Maranhão, onde meus adversários, a revelia da Presidente Dilma, fizeram
contratos de divulgação suspeitos e financiamento de blogs de mais de 300
milhões de reais, nos quais certamente estava incluído denegrir a imagem do
Maranhão e atingir-me.
Concentra-se
no Maranhão a esquerda mais radical comunista-stalinista e retrógrada do
Brasil, que faz a defesa do ditador Kim da Coreia do Norte, e chegou a trazer
ao Maranhão o falecido presidente Chaves, da Venezuela, para fazer campanha
política contra mim com esses argumentos. Não satisfeita com essa área, procura
agora buscar inocentes úteis, como uma revista como a Forbes, para difundir
essas agressões contra um homem que deve merecer respeito pelo que tem ajudado
seu país.
Esperando
ter um tratamento universal, que é o direito de resposta, peço a publicação
desta.
Atenciosamente,
José
Sarney”
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