segunda-feira, 9 de junho de 2014

Revista Forbes publica resposta de Sarney a artigo repleto de informações inverídicas


Após publicar, em janeiro, reportagem na qual difundia inverdades, insultos e agressões ao senador José Sarney (PMDB-AP) e ao estado do Maranhão, a revista Forbes, dos Estados Unidos, abriu espaço para veicular, na íntegra, a carta de resposta enviada pelo parlamentar. A prestigiosa revista dá, assim, bom exemplo de como a liberdade de imprensa deve ser exercida: com responsabilidade e compromisso com a verdade. Uma postura bem diferente da de muitos veículos de comunicação brasileiros que, apesar do discurso de defesa do direito de resposta, se negam a abrir espaço para correções, contestações ou críticas.

Carta de resposta do senador José Sarney

Segue abaixo a carta de resposta do senador José Sarney à reportagem da revista Forbes, publicada na íntegra. Para ler em inglês, clique aqui.

“Senhor Editor,
Venho, revoltado, contestar as afirmações que a Revista Forbes publicou na matéria “How Brazil’s poorest state minted one of the country’s richest — and most controversial — political clans”. É incompreensível que uma publicação desse prestígio publique afirmações com fatos inverídicos, sem averiguação e com insultos políticos de jornais historicamente meus detratores, que não aceitam nem publicam o direito de resposta, o que não é, certamente, a conduta desse periódico.
Não é verdade que eu seja destacado “por inacreditável crescimento de fortuna”, que não tenho e de quanto era e é. Tenho 83 anos, sou advogado, ex-empresário, escritor com mais de 100 títulos publicados, inclusive traduzido em diversas línguas, político. Meu patrimônio está documentado há mais de 60 anos pela Receita Federal brasileira, com total transparência e nunca sofreu qualquer processo de incorreção ou de outra natureza. Nunca respondi a qualquer ação pública por corrupção, quer eleitoral, civil ou penal. Como político, recebo insultos e agressões irresponsáveis, face ao baixo nível de alguns setores da política brasileira.
Não entrei na política através da Arena em 1950. Desde 1945 estava na luta política contra o ditador Vargas. Quando aconteceu a Revolução de 64 eu já era candidato a Governador do Maranhão pela UDN, do qual fui Vice-Presidente, grande Partido de oposição ao Presidente Goulart.
Não prosperou o Sistema Mirante durante meu governo. Tive muita honra de ter sido amigo do grande brasileiro Roberto Marinho, mas só depois que deixei o Governo a TV Mirante passou a ser afiliada da Globo, o que mostra o cuidado do Dr. Roberto e da TV Mirante em não estabelecer conexões malévolas,
Não posso ser “coronel rural” sem ter nenhuma propriedade rural. Ao contrário, sou intelectual, decano da Academia Brasileira de Letras, para a qual fui eleito em 1980, membro da Academia de Ciências de Lisboa, doutor Honoris Causa por várias universidades nacionais e estrangeiras e detentor da maior condecoração brasileira, a do Mérito Nacional, e da Grã Cruz da Legião de Honra da França.
Fui o responsável pela transição democrática, que sem a minha participação não teria existido àquele tempo, e promovi a Constituição de 88, que criou uma sociedade democrática e livre.
Há 38 anos não concorro a eleições pelo Maranhão. Todas as que concorri foram diretas, eleito pelo voto popular. No Maranhão tem havido alternância de meu partido várias vezes, com adversários no Governo.
Apenas para assinalar erros que uma revista como a Forbes não pode cometer: Tancredo Neves não faleceu alguns dias antes de tomar posse, e sim com mais de 36 dias depois da data da posse. Por outro lado, o Maranhão não é o Estado mais pobre do Brasil, mas o 16º entre os 27 estados brasileiros, a frente de grandes estados como Mato Grosso do Sul.
O link disponibilizado pela Forbes apresenta trabalho publicado em 2004, referente a uma pesquisa realizada em 1999, com dados de 1991. Há 22 anos! E os dados tratam do nível de pobreza indigente e não de riqueza, e hoje são outros. O próprio relatório diz: “the headcount poverty ratio and the indigence poverty line, which is a low and ‘food only’ poverty line”.
O Maranhão tem o terceiro porto do Brasil, é responsável pela metade do gás produzido em terra no país, tem a maior fábrica mundial de alumínio da Alcoa, e é o estado que mais cresce na Região Nordeste: 10,3%, números chineses.
Essa campanha contra mim, à qual se junta a Forbes, é orquestrada pela luta política do Maranhão, onde meus adversários, a revelia da Presidente Dilma, fizeram contratos de divulgação suspeitos e financiamento de blogs de mais de 300 milhões de reais, nos quais certamente estava incluído denegrir a imagem do Maranhão e atingir-me.
Concentra-se no Maranhão a esquerda mais radical comunista-stalinista e retrógrada do Brasil, que faz a defesa do ditador Kim da Coreia do Norte, e chegou a trazer ao Maranhão o falecido presidente Chaves, da Venezuela, para fazer campanha política contra mim com esses argumentos. Não satisfeita com essa área, procura agora buscar inocentes úteis, como uma revista como a Forbes, para difundir essas agressões contra um homem que deve merecer respeito pelo que tem ajudado seu país.
Esperando ter um tratamento universal, que é o direito de resposta, peço a publicação desta.
Atenciosamente,
José Sarney”

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