O jornal Le Monde falou com Dilma Rousseff e tratou de temas importantes para do Brasil. Leia abaixo a reportagem, cujo título é "De Paris, a herdeira de Lula se projeta no cenário internacional":
Dilma Rousseff aproveitou a Copa do Mundo para se projetar no cenário internacional. Em Paris, a herdeira do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, candidata a presidente escolhida pelo Partido dos Trabalhadores (PT, de esquerda), assistiu ao primeiro jogo da equipe do Brasil, no dia 15 de Junho. Na quarta-feira, sua programação foi mais protolocar. A senhora Rousseff se reuniu com a secretária nacional do Partido Socialista, Martine Aubry, e com o presidente francês Nicolas Sarkozy. Aos 62 anos de idade, a ex-ministra chefiou a Casa Civil e nunca se submeteu ao teste de uma eleição. O seu principal trunfo é a enorme popularidade de seu mentor, que chega ao fim do segundo mandato com a aprovação de 80% dos brasileiros. No entanto, esta mulher de personalidade se recusa a ser considerada uma simples continuação do presidente Lula. "O Brasil está vivendo um momento muito especial. Nós podemos passar da condição de país emergente à condição de nação desenvolvida", afirma ela, em entrevista ao LE MONDE. Isso pressupõe a manutenção, durante o próximo mandato presidencial (2011-2014), de uma taxa de crescimento econômico de 5,5% a 6% ao ano.
Dilma Rousseff aproveitou a Copa do Mundo para se projetar no cenário internacional. Em Paris, a herdeira do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, candidata a presidente escolhida pelo Partido dos Trabalhadores (PT, de esquerda), assistiu ao primeiro jogo da equipe do Brasil, no dia 15 de Junho. Na quarta-feira, sua programação foi mais protolocar. A senhora Rousseff se reuniu com a secretária nacional do Partido Socialista, Martine Aubry, e com o presidente francês Nicolas Sarkozy. Aos 62 anos de idade, a ex-ministra chefiou a Casa Civil e nunca se submeteu ao teste de uma eleição. O seu principal trunfo é a enorme popularidade de seu mentor, que chega ao fim do segundo mandato com a aprovação de 80% dos brasileiros. No entanto, esta mulher de personalidade se recusa a ser considerada uma simples continuação do presidente Lula. "O Brasil está vivendo um momento muito especial. Nós podemos passar da condição de país emergente à condição de nação desenvolvida", afirma ela, em entrevista ao LE MONDE. Isso pressupõe a manutenção, durante o próximo mandato presidencial (2011-2014), de uma taxa de crescimento econômico de 5,5% a 6% ao ano.
Bônus demográfico
O governo Lula conseguiu reduzir o número de pobres de 77 para 53 milhões. Porém, 19 milhões de brasileiros ainda sobrevivem em condições de extrema pobreza e outros 34 milhões vivem em condições precárias. "O Brasil deve continuar a expandir a sua classe média e torná-la maioria", afirma a senhora Rousseff. Na sua opinião, o país dispõe de um "bônus demográfico", uma vez que a maioria de sua população (193 milhões de pessoas) está em idade de trabalhar. Em oito anos, 14 milhões de empregos foram criados. O desafio agora é ter uma educação de qualidade. "A integração das regiões mais pobres do Nordeste e do Norte exige uma força de trabalho mais qualificada. Haverá uma escola técnica em cada cidade com mais de 50.000 habitantes", considera. O atual governo dobrou o número de escolas técnicas existentes e criou 14 universidades. Para obter recursos do governo federal, os estabelecimentos de ensino estão sujeitos a uma avaliação dos resultados. O crescimento requer mais investimentos em pesquisa e desenvolvimento. "O Brasil não se tornou um grande produtor de alimentos só pela qualidade dos seus solos e em virturde de seu clima, mas porque a nossa excelência em pesquisa agrícola permite escolher as culturas adequadas", disse ela. "Grandes reservas de petróleo em águas profundas, sob uma crosta de sal [pré-sal], foram descobertas graças à experiência da empresa pública Petrobras ". Para superar o gargalo da infraestrutura, o governo Lula lançou em 2007 o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Dilma Rousseff também foi apresentada pelo chefe de Estado como a “mãe do PAC”, para melhor ligá-la a sua gestão.
Contribuição de instituições privadas
Segundo fontes não-governamentais, menos da metade dos projetos foi implementada até hoje. A candidata contesta este número e aponta para a relutância dos investidores privados. "O financiamento em grande escala não pode depender exclusivamente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). É necessário que as instituições privadas também contribuam, desenvolvendo novas formas de engenharia financeira", afirma esta economista. "A construção das usinas hidrelétricas de Jirau e de Santo Antônio exige cinco anos, e os trabalhos estão bem avançados", acrescenta. Grandes obras como a construção de Brasília sempre resultaram em um aumento da corrupção no Brasil. O país é frequentemente citado sobre este tema pela organização não-governamental Transparência Internacional. O primeiro mandato do presidente Lula também foi manchado por um escândalo que custou o posto do antecessor de Dilma Rousseff, José Dirceu, ainda muito influente dentro do PT. "Nossas instituições estão melhorando", afirma a senhora Rousseff. Ela chama a atenção para a transparência das ações do governo e a vigilância da Justiça e do Ministério Público. O governador de Brasília, de oposição ao PT, foi preso pela Polícia Federal por ter recebido subornos, propinas. A herdeira de Lula não admite demora do governo federal em matéria de segurança, uma questão que preocupa muito a opinião pública. Para evitar o uso do Exército, um corpo de elite, a Força Nacional de Segurança Pública, foi formado e treinado para respostas rápidas. Nos presídios de segurança máxima, foi possível isolar chefes do crime organizado, os narcotraficantes que ocuparam os territórios abandonados pelo Estado. A senhora Rousseff cita o exemplo do Complexo do Alemão, favela no Rio de Janeiro. "Um teleférico vai abrir a favela e ligá-la ao bairro residencial de Botafogo", diz ela. "A polícia retomou o território, e foram instalados novos serviços sociais: escolas, centros de saúde, esporte." Rousseff defende a mesma posição que o presidente Lula no tratamento dado ao presidente de Cuba, Raul Castro, e ao do Irã, Mahmoud Ahmadinejad. "Não se faz diplomacia interferindo nos assuntos internos de outros países", afirma. "As ameaças, o isolamento ou as sanções não levam a nada construtivo", disse ela sobre Cuba e a recente iniciativa da Turquia e do Brasil sobre o programa nuclear iraniano. Mesmo antes do começo da campanha oficial, a candidata do PT teve êxito nas pesquisas de intenção de voto e alcançou seu principal rival, o social democrata José Serra, ex-governador de São Paulo. Mas, como na Copa do Mundo, nada ainda é definitivo.
Fonte: jornal LE MONDE.
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