segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Gilvam Borges

Cenário eleitoral 2012

Considerando as desastradas articulações políticas e as variáveis do fenômeno da Operação Mãos Limpas, institutos de pesquisa e pensadores da política amapaense  tinham a certeza da possibilidade de eleição garantida de  Waldez Góes (PDT), para o Senado. Para o governo, Pedro Paulo (PP), ameaçava chegar próximo de Lucas Barreto (PTB). O ex-deputado Jorge Amanajás (PSDB) permanecia num empate técnico com Lucas Barreto. Quanto a Camilo Góes Capiberibe (PSB), mantinha-se na quarta posição.
Os serviços de meteorologia política, não conseguiram identificar supostos episódios de alteração, como aumento de combustível, atraso em folhas de pagamento, escândalos que pudessem provocar qualquer tipo de comoção, para mudar o humor do eleitorado. A inesperada tormenta desabou de forma abrupta, nunca vista na história política do País. Isso tudo, engendrado em uma importante capital do Nordeste e nos gabinetes dos altos Poderes da capital da República. Um show de força pelos ares da Amazônia, caracterizado nos aviões da Força Aérea, trazendo mais de 600 policiais federais, em missão só comparável às esquadrilhas das Forças Aliadas, naquela operação de guerra na Normandia. Como não haveria alteração no cenário político do Amapá?
Atingiu-se os pilares de todos os poderes do Estado. Estremeceu a candidatura ao governo do presidente da Assembléia, Jorge Amanajás. No poder Executivo, dois candidatos - um ao governo e outro ao Senado - foram atingidos de morte. Suas candidaturas ficaram totalmente inviabilizadas. Alteração total. Camilo Góes Capiberibe, sobe. Randolfe  Rodrigues (PSOL) vai à estratosfera na preferência popular. No meu caso - outra vez embolado nas urnas com João Alberto Capiberibe - tinha três pontos percentuais de vantagem sobre ele nas pesquisas. Foi quando recebi um ataque fulminante do "fogo amigo", diante do quadro extremamente conturbado que ocorria naquele momento.
No segundo turno, Lucas Barreto joga a toalha e Camilo vence com tranqüilidade, ação que, em outra oportunidade, explicaremos em maiores detalhes.
O reflexo dessa disputa nos traz uma nova situação. Entre as traições e os acordos políticos não cumpridos, destaco alguns possíveis quadros para as eleições municipais de 2012: PSDB de Jorge Amanajás e Michel JK, não senta com o PDT de Waldez e Roberto Góes. O PTB de Lucas Barreto, já anuncia apoio ao DEM de Davi Alcolumbre, para se vingar do principal desafeto do PSDB.  Quanto ao PDT, Lucas já se considera vingado, dizendo à boca pequena que não chuta "cachorro morto." Seguindo o seu velho lema: "Quem não se vinga na política, não vinga." PSOL do senador Randolfe, rompe com o PTB de Lucas e lança a pré-candidatura do vereador Clécio Luís à prefeitura de Macapá. Clécio colocou o pé na estrada e anda realizando palestras pela cidade.
PSB dá indicativos que lançará a deputada Cristina Almeida, haja vista as movimentações do gabinete itinerante. PT virá novamente à reboque do PSB, a exemplo do que ocorreu na eleição passada. A liderança da deputada Dalva Figueiredo, será testada novamente dentro do partido. Estima-se que essa aliança terá mais 8 partidos coligados, entre os que estarão nela por conveniência ou afinidade e os de aluguel.
Os principais candidatos à prefeitura de Macapá, serão gestados em cinco pólos: Câmara Federal, Senado, palácio do Setentrião, Assembléia Legislativa e Prefeitura. O liame entre Setentrião e Assembléia, poderá trazer uma fusão importante: PSB lança Cristina Almeida e o PSC de Moisés Souza, indica o vice na chapa. A Câmara Federal se uniria com o palácio Janary Nunes (PMM): Roberto Góes à reeleição e Davi Alcolumbre de vice. Senado e Setentrião: Randolfe Rodrigues, outrora cria de João Capiberibe, voltará às velhas conversas. Podendo surgir outro cenário: o ex-secretário de Educação, Clécio Luís, poderá ser o vice de Cristina, descartando possível aliança com o presidente da Assembléia, já que não será problema repetir a receita usada nas eleições municipais, quando Randolfe foi vice de Camilo.  
PMDB continua sob fogo cerrado da força amiga. Outras candidaturas surpresa podem aparecer. Tudo dependerá dos ajustamentos políticos. Muitos colegas de vida pública, não precisam dormir com o manual de cabeceira de Maquiavel, nem de Sun-Tzu. Basta ler com atenção aquela frase do
velho Antonico das ilhas do Pará: "Deus me livre dos amigos que dos inimigos eu dou um jeito".

Gilvam Borges é senador da República pelo PMDB-AP

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