Presidente manda Celso Amorim intervir, e ele diz a comandantes ser preciso cortar o mal pela raiz após novo texto
Tânia Monteiro - O Estado de S.Paulo
A presidente Dilma Rousseff decidiu aplicar uma "repreensão" aos 98 militares da reserva que assinaram um novo manifesto reafirmando as críticas feitas a ela por não ter censurado suas ministras que pediram a revogação da Lei de Anistia. No meio da tarde de ontem Dilma determinou ao ministro da Defesa, Celso Amorim, que os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica aplicassem a repreensão a todos os signatários do novo manifesto (o primeiro havia partido do Clube Militar), "nos limites do regulamento disciplinar". O texto diz também que não reconhece a autoridade do ministro Celso Amorim. Conforme a lei 7.524, de 17 de julho de 1986, assinada pelo ex-presidente José Sarney, os militares da reserva podem se manifestar politicamente e não estão sujeitos a reprimendas. O general de Exército da reserva, Gilberto Barbosa de Figueiredo, ex-comandante Militar da Amazônia e ex-presidente do Clube Militar, único quatro estrelas a assinar a nota, até o início da noite de ontem não tinha sido comunicado da repreensão. Ele disse ao Estado que, se receber a repreensão vai consultar seu advogado para possivelmente recorrer da punição, que considera "inaceitável". "Se eles não dessem pelota pro fato, ele já tinha se encerrado. Mas não vou aceitar ser cerceado do meu direito de expressar minha opinião", afirmou. A presidente Dilma, ao tomar conhecimento que novo manifesto estava sendo publicado, desta vez com a assinatura de 98 militares, sendo 13 generais, determinou a Amorim que checasse qual a importância e influência de cada um dos assinaram a nota. Assim que recebeu a informação, avisou a Amorim que mandasse os comandantes repreender quem subscrevera o documento. No meio da tarde, Amorim convocou os três comandantes do Exército, Enzo Peri, da Marinha, Moura Neto, e da Aeronáutica, Juniti Saito, determinando que aplicassem punição aos 98 signatários do documento, a fim de "cortar o mal pela raiz". No novo "alerta à Nação", informado pela Folha de S.Paulo, intitulado Eles que venham, por aqui não passarão, os militares avisam que o Clube Militar "é uma associação civil, não subordinada a quem quer que seja, a não ser à sua diretoria".
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