O senador José Sarney (PMDB-AP) discursou na tribuna do Senado na sexta-feira (6) para fazer homenagem ao ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela, morto na quinta-feira (5), aos 95 anos de idade, após complicações pulmonares. Sarney analisou a luta de Mandela sobre o apartheid, que para Sarney “é sem dúvida o ponto fundamental para afirmar a personalidade de Mandela”. José Sarney lembrou a frase do ex-chanceler alemão Helmut Schmidt, que dizia “Ninguém governa o tempo que governa. Os fatos surgem e fazem emergir os grandes homens”. Para o senador, o apartheid existiu até que surgisse Nelson Mandela. “Um grande homem que, sem dúvida alguma, ocupou a história do século XX”, afirmou. Sarney comparou o apartheid ao Holocausto judeu.”Sobre o apartheid, que é o ponto fundamental do Mandela, eu quero dizer que ele, hoje, quando desaparece, não era mais corpo, não era mais espírito, não era mais sangue, não era mais ossos, pois Mandela há muito tempo entrou para a história como um símbolo. E os símbolos são eternos, não se destroem”, enfatizou José Sarney. No discurso, o senador citou os tempos de sofrimento de Mandela na prisão e como ele transformou a experiência em algo positivo “Ao invés de dominá-lo e angustiá-lo uma revolta cada vez maior, começa a frutificar o sentimento de paz e da convivência. Ele vê que a solução não era usar aquilo que os outros, seus inimigos, usavam, a violência, a guerra, o sangue, mas, sim, ao contrário, um sentimento que a humanidade busca e que até hoje nunca encontrou, com o qual Cristo saudava os outros quando os encontrava e dizia “A paz esteja contigo”, afirmou. José Sarney ainda lembrou de seu próprio trabalho contra o apartheid. “Eu estava nas Nações Unidas em 1961 e ocupei a tribuna da comissão especial das Nações Unidas. Eu, então, tive a oportunidade de fazer um dos primeiros discursos, talvez o primeiro de um brasileiro num órgão internacional. Esse problema contra o apartheid quase nem existia no país”, observou. Sarney disse que em 1985, quando era presidente, determinou sanções do Brasil contra a África do Sul, proibindo relações Sul, relações culturais, esportivas, venda de armas ou ligação de qualquer natureza. ”Em 1974, tive a oportunidade de fazer outro discurso sobre o apartheid na ONU e aproveitei justamente esse momento para um depoimento sobre como era convivência na democracia racial brasileira e em 1985, em entrevista coletiva à Angola Press, eu voltava a condenar, de maneira veemente, o apartheid”, afirmou. “Perde a humanidade, a presença física e a certeza de que convivemos nos enriquecendo, todos nós, porque nós é que ficamos felizes por temos vivido num tempo em que existia um homem como Mandela, essa alma eterna, que ficará como um símbolo para a humanidade”, lamentou José Sarney.
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