Amigo pessoal de Irmã Dulce, o senador José Sarney (PMDB-AP) fez um relato da vida da beata, considerada santa pelos seus devotos. Nascida em 26 de maio de 1914, ingressa aos 18 anos na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, na qual se dedica a ajudar os mais pobres, os doentes, as pessoas com deficiência e os dependentes químicos. Em seu discurso, o senador relembrou passagens que marcaram a vida de irmã Dulce, como a saga para fundar, no terreno ocupado por um galinheiro, o primeiro hospital da Bahia dedicado exclusivamente aos desvalidos, após fundar escolas e bibliotecas. “Um dia, ao cair da noite, (Irmã Dulce) é procurada por um menino de rua com uma crise de empaludismo. Não tem onde abrigá-lo. Lembra-se que na Ilha dos Ratos, um local afastado, há algumas casas vazias. Invade uma delas. Logo surgem outros casos de doentes sem abrigo. Um deles, um tuberculoso agonizante. Para ele, invade outra casa. Logo são cinco as casas invadidas. Expulsa, faz construir muros nos arcos da rampa da Igreja do Senhor do Bonfim e transfere seus doentes. Logo são cinquenta. Mais uma vez expulsa, leva-os para um mercado abandonado, o Mercado do Peixe. Em 1949, transfere seus doentes para um pouso fixo — com 70 leitos — instalado onde era o galinheiro do Convento”, relatou Sarney, autor do requerimento no Senado para a realização da sessão solene. Por causa da luta incansável em favor dos mais necessitados, Irmã Dulce foi indicada pelo então presidente da República, José Sarney, ao Prêmio Nobel da Paz. “Nenhuma santa reconhecida no país será tão brasileira, santa e boa, e representará o espírito do Brasil junto a Deus como Irmã Dulce”, disse ele no plenário do Senado. Sarney também revelou um episódio de fé, que ele credita à intercessão de Irmã Dulce. Ao deixar a Presidência da República, no fim do mandato, achou que seria vaiado pelas pessoas que estavam na Praça dos Três Poderes. Naquele momento, ao lado da mulher, dona Marly, e dos filhos, o agora senador disse que sentiu a presença da beata. Tirou um lenço branco do bolso e acenou para o público. Em vez de vaias, José Sarney deixou o Palácio do Planalto sob aplausos da multidão. “Irmã Dulce, frágil como pétala, débil como folha levada no vento, plena de bondade e lutando sempre, até parar de respirar, pela causa dos pobres. Foi essa a santa que conheci e que hoje celebramos em seu centenário de nascimento, ela que já é eterna”, declarou na abertura do discurso. A solenidade contou com a presença de parlamentares baianos, representantes da Igreja Católica e autoridades, como o governador do estado, Jaques Vagner. A sobrinha de Irmã Dulce, Maria Rita, ao agradecer o apoio que as Obras Sociais recebem da população e do governo brasileiro, mostrou os números da entidade, que depende de doações para manter o trabalho: são 4 milhões de atendimentos ambulatoriais e 12 mil cirurgias por ano aos necessitados. A instituição disponibiliza, atualmente, 1.005 leitos à população da Bahia. “Tal missão adquiriu novas e monumentais proporções, traduzindo-se hoje em um enorme desafio, cujo futuro dependerá da boa vontade e do engajamento de todos, desde o compromisso assumido pelo doador anônimo até o apoio vindo das instituições governamentais”, disse Maria Rita, ao reforçar o pedido de apoio às obras assistenciais.
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