quarta-feira, 30 de abril de 2008

Usina de Itaipu

Sarney elogia resultado das eleições presidenciais no Paraguai, mas adverte sobre mudanças no Tratado de Itaipu

O senador Sarney (PMDB–AP), em pronunciamento na tribuna, elogiou e saudou a eleição de Fernando Lugo como presidente do Paraguai, mas fez advertências quanto à posição do novo presidente sobre a Usina Hidrelétrica de Itaipu. Lugo pretende aumentar o preço da energia fornecida ao Brasil, tentando renegociar o tratado. “O Brasil assumiu toda a construção da Usina, fomos solidários ao Paraguai, que não contribuiu com um tostão. Não temos como rever isso, afinal, tratado é tratado”, afirmou Sarney. O parlamentar assinalou que o Tratado de Itaipu foi um "grande gesto de solidariedade" do Brasil, firmado soberanamente entre dois governos, não podendo, portanto, ser revisto. José Sarney lembrou que, durante a discussão sobre Itaipu, havia a possibilidade de a usina ser construída apenas em território brasileiro, a 50 quilômetros das Sete Quedas. Ele disse que, no entanto, o Brasil aceitou generosamente construir uma usina binacional, arcando com todas as responsabilidades financeiras da obra, financiando inteiramente a parte do capital inicial que cabia ao Paraguai e se comprometendo a comprar toda a energia que não fosse consumida.
- Agora, não é de outra maneira que devemos tratar o problema do Paraguai. Sobretudo, quando nós sabemos que fez parte da campanha a discussão sobre o Brasil ser um país espoliador e imperialista. Nada eu considero mais injusto e reconheço que talvez essas palavras tenham sido usadas como coisas apaixonadas e, muitas vezes, são excessos de campanha cometidos por todos os políticos - afirmou.
Na avaliação de José Sarney, o presidente eleito está certo quando assume a posição de defesa do seu país, mas está errado quando põe a culpa no Brasil e cobra mais transparência em relação a Itaipu. Para o senador, a culpa é do próprio Paraguai, que tem feito com que os resultados financeiros da usina não sejam transparentes para seu povo.
José Sarney fez um "chamamento ao bom senso", sugerindo que o presidente Fernando Lugo viabilize a estabilidade política e pense na industrialização do Paraguai, por meio de um melhor aproveitamento da energia de Itaipu.
- O que nós queremos é que um gesto de solidariedade e de nobreza não seja transformado em uma dor de cabeça, não só para o Paraguai, como para o Brasil. Estamos juntos, unidos. O empreendimento é dos dois países. Então, temos que construir soluções. Injusto não é o preço de Itaipu. Injusta é a acusação contra o Brasil. Porque o que fizemos com o Paraguai foi um gesto de generosidade, que queremos seja um fator de união dos nossos países, e não uma dor de cabeça para o Brasil - concluiu.

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