Línguas e ouvidos
Dos órgãos do corpo humano, os que são decantados em versos e prosas, do amor ao comprometimento e envelhecimento, quatro estão sempre presentes: coração, olhos, ouvidos e língua. Todos eles estão em crônicas, músicas e tudo mais que estimula os sentimentos humanos. O coração bate acelerado e os pelos se eriçam em arrepios que levam ao embebedamento amoroso dos seres. A fala tranquila na mansidão do envolvimento, os olhos que brilham e a língua que umedece no desejo de elaborar a frase que mais o ser humano deseja ouvir: te amo além das fronteiras do infinito do universo. Mesmo quando eu chegue ao paraíso e entre na gaveta do esquecimento, estarás entranhada no meu eu infinito. O ouvido, filtro da vida, é o sinaleiro da vitalidade. Tudo que ouvimos durante nossa existência nos dará a estrutura de formação de personalidade. Se forem palavras de incentivo, de sabedoria, compreensão, entendimento e libertação, aí poderemos dizer que somos o bom resultado do que ouvimos. Muitos acreditam no que se diz por aí, que somos o que comemos ou através das vestes podemos dizer ao mundo quem somos, mas é pelos atos que praticamos que nosso conjunto de valores e sentimentos se expressa. As escrituras já dizem que o que contamina o homem não é o que entra, mas o que sai de sua boca. A língua que fere de morte pode também gerar vida. Como disse o Messias: “levanta-te e anda!”. Os olhos são os espelhos da alma. Pelo brilho podemos demonstrar a intensidade dos nossos sentimentos, de alegria ou tristeza, de boas vindas ou desprezo. Quando vemos o objeto do nosso amor, olhamos à distância na sua aproximação, nossa alma se enche de desejo buscando entrelaçar-se em um abraço perfeito. E quando o desejo verdadeiro de acasalamento nos leva do roçar dos lábios ao roçar dos corpos quentes, livres e absortos nesse sentimento que ilumina a vida, muitos se abrem na plenitude do encantamento e levam os lábios ao ouvido querido para proferir a palavra ou a frase que tanto espera-se ouvir: te amo. Melhor não deixar que os sentimentos sejam contaminados pelos impropérios e palavras má que os ouvidos possam, por ventura, ter que escutar. É preciso colocar o amor acima das questões inferiores no dia a dia, e deixar que os olhos se abram e retratem sempre a satisfação do entendimento do bem viver e do encanto. Que todos os dias o namoro e o amor sejam decantados e encantados, pois assim a humanidade tem sua existência garantida.
Gilvam Borges é senador da República pelo PMDB-AP; coordenador da bancada parlamentar amapaense em Brasília
E-mail: senadorgilvam@gmail.com
domingo, 13 de junho de 2010
Gilvam Borges
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