Pouco ou quase nenhuma importância se tem dado a
questão do Fundo de Participação dos Estados após decisão do STF de declarar
inconstitucional o critério atual de distribuição desse Fundo, considerado a
parte mais importante do bolo de arrecadação dos estados das regiões Norte,
Nordeste e Centro Oeste. Não custa nada lembrar que o Supremo Tribunal Federal
deu prazo até o final de 2012 para o Congresso definir e aprovar o novo
critério de partilha do FPE. Trago este assunto para discussão porque a reclamação
do governo do estado de que as transferências do FPE caíram causando impacto
devastador na arrecadação, o que estaria causando transtornos e impedindo o
Governo de cumprir seus compromissos com fornecedores de bens e serviços e
obrigando a reduzir os repasses aos demais poderes, casos do Judiciário e do
Legislativo e de órgãos auxiliares da administração pública como Ministério
Público e Tribunal de Contas do Estado. No caso do Amapá, o FPE responde por
mais de 50% do orçamento da receita. O Tesouro Nacional justifica a redução
desses repasses na renuncia fiscal que o Governo Federal tem feito para
beneficiar a indústria de automóveis e da linha branca instaladas na região
Sudeste do país. Para se ter uma idéia, até outubro a União havia deixado de
arrecadar cerca de R$ 45 bilhões de IPI, um dos impostos que formam o FPE .As
regras atuais de partilha do FPE determinam que a União deve retirar 85% do
total do Fundo para serem distribuídos aos estados do Norte, Nordeste e Centro
Oeste e o restante dividido entre os estados do sul e sudeste. Pelo atual
critério dá para ver que o FPE tem impacto altamente significativo no bolo de
arrecadação dos estados mais pobres do país. Independente das propostas para a
revisão e definição dos novos critérios de distribuição que estão tramitando no
Congresso, entre elas uma do senador do Amapá, Randolfe Rodrigues, que repara
distorções no atual modelo, os governos dos estados que dependem desses
recursos devem se mobilizar junto ao presidente do Congresso, senador José
Sarney (PMDB-AP), para que ele solicite ao Supremo a prorrogação do modelo
atual até que o Congresso discuta e vote os novos critérios de distribuição. Do
contrário, os repasses aos Estados serão suspensos no final deste ano, o que
tornará o desastre maior ainda.
Olimpio Guarany é
jornalista, economista e professor universitário
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