O senador Randolfe Rodrigues
(PSOL-AP) criticou, nesta quarta-feira (21), o relatório final dos trabalhos
CPI do Cachoeira, do deputado Odair Cunha (PT-MG), e lamentou a falta de
investigações dos negócios da empreiteira Delta Construções, que, de acordo com
a Polícia Federal, repassou quase R$ 100 milhões a empresas de fachada ligadas
ao esquema de Carlinhos Cachoeira.
- Eu quero falar do que a CPI teve medo de avançar.
Teve medo de avançar sobre os negócios da empreiteira Delta. Indiciar o senhor
Fernando Cavendish por lavagem de dinheiro e corrupção ativa é insuficiente –
afirmou, referindo-se ao dono da empreiteira.
Para Randolfe Rodrigues, a organização criminosa
ligada a Cachoeira e investigada na operação Monte Carlo, da PF, é apenas uma
pequena parte de um esquema criminoso muito maior: o da empreiteira Delta.
O senador explicou que um expressivo número de empresas laranjas
receberam recursos da Delta Construtura.
- É uma movimentação de pelo menos 13 empresas
laranjas. Movimentaram, só do que foi diagnosticado por nós [integrantes da
CPI], quase meio bilhão de reais da Delta Construções – ressaltou.
De acordo com o senador, faltou coragem à maioria
dos integrantes da CPI para quebrar o sigilo dessas empresas e diagnosticar que
elas financiaram campanhas eleitorais e tiveram como cúmplices agentes públicos
e políticos.
Randolfe Rodrigues se disse admirado com o
relatório entregue pelo deputado Odair Cunha (PT-MG), nesta quarta-feira (21) à
CPI, por pedir a investigação do procurador-geral da República. Para o senador,
se não fosse a iniciativa do chefe da Procuradoria Geral da República, a CPI
nem teria iniciado as suas investigações.
- É uma inversão completa de valores. É trazer o
investigador para o papel de investigado. É inverter os fatos. É destoar com a
verdade.
Randolfe Rodrigues também se mostrou indignado do
relatório não pedir investigação sobre os governos de Tocantins e do Rio de
Janeiro. O senador afirmou que o governador Sérgio Cabral (PMDB) é amigo íntimo
de Cavendish e destacou que a empresa Delta tem a maioria dos contratos
públicos no estado do Rio de Janeiro.
- O governador do Rio de Janeiro não é citado e o
procurador-geral da República é chamado para ser investigado. É uma distorção
da verdade e dos fatos – ressaltou.
Simon
Em aparte, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) elogiou
o senador do PSOL e afirmou que o relatório envergonha o Congresso Nacional e
frustra a sociedade brasileira.
- Acho que hoje foi um dos dias mais tristes do
Senado Federal, porque, a rigor, colocamos no papel, assinamos, reconhecemos
nossa falta de caráter, nossa falta de compromisso, de dignidade, com a
sociedade brasileira – destacou Simon, destacando a ausência dos líderes
partidários, com exceção de Alvaro Dias (PSDB-PR) e do próprio Randolfe.
O parlamentar gaúcho também considerou
"indigno do Senado" o pedido para que o próprio Ministério Público
investigue o procurador-geral da República.
- Agora, não ter coragem de fazer e vamos pedir à
procuradoria para fazer aquilo que não queríamos fazer, estando na nossa mão, é
piada - declarou Simon, ressaltando que o Congresso já cassou até presidente da
República e senadores de prestígio, mas "não consegue fazer CPI de
corruptor, de empreiteiras".
O Pedro Taques (PDT-MT) também concordou com o
discurso de Randolfe.
- A sociedade esperava resultados efetivos dessa
CPI. A sociedade brasileira quer saber a razão pela qual nós não investigamos
15 pessoas jurídicas fantasmas - disse Taques.
Na mesma linha, o senador Cristovam Buarque
(PDT-PE) pediu um relatório paralelo.
- Dá vontade, quase, de cobrar de vocês que fizeram
parte um relatório paralelo, um relatório para salvar a honra do Senado e da
Câmara, para salvar a honra do Congresso.
Agência Senado
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