O Plenário do Senado aprovou nesta quarta-feira (24) os Projetos de Lei de Conversão (PLVs) 11/10 e 12/10. As proposições - resultantes de modificações efetuadas pela Câmara dos Deputados às Medidas Provisórias 496 e 497 de 2010 - criam isenções fiscais e permitem aumento do endividamento de estados e municípios visando investimentos para a Copa das Confederações de 2013, a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016. Mas tratam também de outros assuntos, o que motivou críticas do líder em exercício do PSDB, senador Alvaro Dias (PSDB-PR).
Os dois PLVs foram aprovados no dia 17 pela Câmara dos Deputados, em votação simbólica. Como as MPs foram apresentadas em 20 de julho, chegaram ao Senado impedindo outras votações e perderiam a validade em seis dias. O senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) foi o relator-revisor do PLV 11/10, enquanto a relatoria do PLV 12/10 no Senado coube ao senador Francisco Dornelles (PP-RJ).
Alvaro Dias não participou da discussão do PLV 11/10, mas recomendou voto contrário ao PLV 12/10. O parlamentar disse que o PLV chegou ao Senado como "uma árvore de natal, tamanha a quantidade de penduricalhos nela colocados".
Para Alvaro Dias, os assuntos tratados pelo PLV "são os mais díspares possíveis e imagináveis". O PLV, disse o senador, trata de isenção fiscal para construção dos estádios que receberão jogos da Copa do Mundo e disputas olímpicas, mas também versa sobre questões previdenciárias; sobre a concessão de aforamento de terrenos da Rede Ferroviária Federal; e a transferência de domínio útil de imóveis da Marinha para a Companhia de Docas do Rio de Janeiro (o senador se equivocou: na verdade, os temas sobre esses terrenos são tratados pelo PLV 11/10, que já havia sido votado).
O senador lamentou ainda que o PLV seja votado no Senado seis dias antes de perder sua eficácia.
- Não podemos transformar a casa revisora em casa de chancela, homologadora. Nós existimos exatamente para aprimorar as propostas - afirmou o senador.
Se os projetos fossem alterados, teriam de voltar à Câmara dos Deputados e então não haveria mais tempo hábil para sua aprovação.
Alvaro Dias ainda contradisse o relator da matéria, afirmando que, ao contrário do que garantiu Dornelles, o PLV contraria, sim, a Lei de Responsabilidade Fiscal, ao conceder as isenções.
Também o senador Mário Couto (PSDB-PA) protestou contra a MP. Para ele, a Medida Provisória desmoraliza o Poder Legislativo, uma vez que os recursos por ela tratados já foram destinados e gastos. Ele também protestou pelo fato de o presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Ricardo Teixeira, controlar boa parte dos recursos destinados à Copa do Mundo.
Já o senador Magno Malta (PR-ES) apoiou requerimento pedindo a criação de uma comissão para acompanhar as possíveis irregularidades no comitê organizador da Copa de 2014. Magno Malta citou notícia segundo a qual Ricardo Teixeira controla a empresa que, de acordo com contrato com a CBF, será a responsável por administrar os recursos para organizar a competição. "Temos que prestar atenção. É uma Copa do Mundo. É o nosso país. Que se constitua essa comissão para que não tenhamos, depois, vexames, e tenhamos que instalar CPIs para fazer investigações após a Copa", afirmou.
No entanto, ambas as propostas foram aprovadas, em votação simbólica, com voto contrário da bancada do PSDB.
A MP 496/10 possibilita que municípios-sede da Copa do Mundo tomem novos empréstimos, mesmo se a sua dívida total estiver acima da receita líquida real (RLR). Pela MP, os novos financiamentos seriam destinados somente a obras relacionadas ao Campeonato Mundial de Futebol.
O Senado aprovou a emenda acrescentada pelo relator da Medida na Câmara, Carlos Abicalil (PT-MT), que permite aos municípios que sediarão partidas da Copa realizarem também empréstimos destinados às obras de saneamento básico e de transporte urbano. Atualmente os municípios que têm dívida superior à RLR somente podem contrair novos empréstimos para financiar programas de modernização da máquina pública, projetos internacionais bem avaliados ou programas de iluminação.
Além disso, o PLV autoriza a União a constituir aforamento em favor dos adquirentes originários, ou seus sucessores, de imóveis oriundos da extinta Rede Ferroviária Federal S.A.; e a transferir para a Companhia de Docas do Rio de Janeiro os terrenos de marinha hoje sob domínio da União.
Já a MP 497 concede isenção fiscal para a construção, ampliação ou modernização de estádios nas cidades que receberão os jogos. Essas obras serão incluídas no regime tributário especial chamado Recopa, que dá isenção dos tributos cobrados sobre materiais e serviços para empresas com projetos aprovados até 31 de dezembro de 2012 pelo Ministério do Esporte.
O Senado também aprovou a emenda da Câmara que estende os benefícios do Recopa aos estádios que serão usados em treinos das seleções participantes das copas. Outra emenda permite que o PIS/Pasep e a Cofins sejam cobrados na saída do couro dos frigoríficos. A Agência Câmara informou que essa emenda, ao ser aprovada na Câmara dos Deputados, foi bastante criticada por muitos deputados, por beneficiar um setor que não relacionado com o Campeonato Mundial de Futebol.
Para o relator da matéria no Senado Federal, senador Marcelo Crivella, a emenda é sumamente importante, por desonerar o setor pecuário. Ele também enalteceu as isenções concedidas para o programa Minha Casa, Minha Vida; e para a compra, por empresas brasileiras, de similares nacionais a produtos importados com isenção de impostos, no sistema conhecido como draw back.
O Senado também aprovou emenda do relator da proposta na Câmara dos Deputados, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), que obriga o governo federal a encaminhar ao Congresso e publicar, até 1º de agosto de 2016, uma prestação de contas da renúncia fiscal. Esse relatório deverá ter informações sobre o valor total da renúncia, o aumento de arrecadação, os empregos gerados, o número de estrangeiros que vieram ao Brasil assistir aos jogos e o custo total das obras feitas com o incentivo fiscal.
José Paulo Tupynambá / Agência Senado
Os dois PLVs foram aprovados no dia 17 pela Câmara dos Deputados, em votação simbólica. Como as MPs foram apresentadas em 20 de julho, chegaram ao Senado impedindo outras votações e perderiam a validade em seis dias. O senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) foi o relator-revisor do PLV 11/10, enquanto a relatoria do PLV 12/10 no Senado coube ao senador Francisco Dornelles (PP-RJ).
Alvaro Dias não participou da discussão do PLV 11/10, mas recomendou voto contrário ao PLV 12/10. O parlamentar disse que o PLV chegou ao Senado como "uma árvore de natal, tamanha a quantidade de penduricalhos nela colocados".
Para Alvaro Dias, os assuntos tratados pelo PLV "são os mais díspares possíveis e imagináveis". O PLV, disse o senador, trata de isenção fiscal para construção dos estádios que receberão jogos da Copa do Mundo e disputas olímpicas, mas também versa sobre questões previdenciárias; sobre a concessão de aforamento de terrenos da Rede Ferroviária Federal; e a transferência de domínio útil de imóveis da Marinha para a Companhia de Docas do Rio de Janeiro (o senador se equivocou: na verdade, os temas sobre esses terrenos são tratados pelo PLV 11/10, que já havia sido votado).
O senador lamentou ainda que o PLV seja votado no Senado seis dias antes de perder sua eficácia.
- Não podemos transformar a casa revisora em casa de chancela, homologadora. Nós existimos exatamente para aprimorar as propostas - afirmou o senador.
Se os projetos fossem alterados, teriam de voltar à Câmara dos Deputados e então não haveria mais tempo hábil para sua aprovação.
Alvaro Dias ainda contradisse o relator da matéria, afirmando que, ao contrário do que garantiu Dornelles, o PLV contraria, sim, a Lei de Responsabilidade Fiscal, ao conceder as isenções.
Também o senador Mário Couto (PSDB-PA) protestou contra a MP. Para ele, a Medida Provisória desmoraliza o Poder Legislativo, uma vez que os recursos por ela tratados já foram destinados e gastos. Ele também protestou pelo fato de o presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Ricardo Teixeira, controlar boa parte dos recursos destinados à Copa do Mundo.
Já o senador Magno Malta (PR-ES) apoiou requerimento pedindo a criação de uma comissão para acompanhar as possíveis irregularidades no comitê organizador da Copa de 2014. Magno Malta citou notícia segundo a qual Ricardo Teixeira controla a empresa que, de acordo com contrato com a CBF, será a responsável por administrar os recursos para organizar a competição. "Temos que prestar atenção. É uma Copa do Mundo. É o nosso país. Que se constitua essa comissão para que não tenhamos, depois, vexames, e tenhamos que instalar CPIs para fazer investigações após a Copa", afirmou.
No entanto, ambas as propostas foram aprovadas, em votação simbólica, com voto contrário da bancada do PSDB.
A MP 496/10 possibilita que municípios-sede da Copa do Mundo tomem novos empréstimos, mesmo se a sua dívida total estiver acima da receita líquida real (RLR). Pela MP, os novos financiamentos seriam destinados somente a obras relacionadas ao Campeonato Mundial de Futebol.
O Senado aprovou a emenda acrescentada pelo relator da Medida na Câmara, Carlos Abicalil (PT-MT), que permite aos municípios que sediarão partidas da Copa realizarem também empréstimos destinados às obras de saneamento básico e de transporte urbano. Atualmente os municípios que têm dívida superior à RLR somente podem contrair novos empréstimos para financiar programas de modernização da máquina pública, projetos internacionais bem avaliados ou programas de iluminação.
Além disso, o PLV autoriza a União a constituir aforamento em favor dos adquirentes originários, ou seus sucessores, de imóveis oriundos da extinta Rede Ferroviária Federal S.A.; e a transferir para a Companhia de Docas do Rio de Janeiro os terrenos de marinha hoje sob domínio da União.
Já a MP 497 concede isenção fiscal para a construção, ampliação ou modernização de estádios nas cidades que receberão os jogos. Essas obras serão incluídas no regime tributário especial chamado Recopa, que dá isenção dos tributos cobrados sobre materiais e serviços para empresas com projetos aprovados até 31 de dezembro de 2012 pelo Ministério do Esporte.
O Senado também aprovou a emenda da Câmara que estende os benefícios do Recopa aos estádios que serão usados em treinos das seleções participantes das copas. Outra emenda permite que o PIS/Pasep e a Cofins sejam cobrados na saída do couro dos frigoríficos. A Agência Câmara informou que essa emenda, ao ser aprovada na Câmara dos Deputados, foi bastante criticada por muitos deputados, por beneficiar um setor que não relacionado com o Campeonato Mundial de Futebol.
Para o relator da matéria no Senado Federal, senador Marcelo Crivella, a emenda é sumamente importante, por desonerar o setor pecuário. Ele também enalteceu as isenções concedidas para o programa Minha Casa, Minha Vida; e para a compra, por empresas brasileiras, de similares nacionais a produtos importados com isenção de impostos, no sistema conhecido como draw back.
O Senado também aprovou emenda do relator da proposta na Câmara dos Deputados, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), que obriga o governo federal a encaminhar ao Congresso e publicar, até 1º de agosto de 2016, uma prestação de contas da renúncia fiscal. Esse relatório deverá ter informações sobre o valor total da renúncia, o aumento de arrecadação, os empregos gerados, o número de estrangeiros que vieram ao Brasil assistir aos jogos e o custo total das obras feitas com o incentivo fiscal.
José Paulo Tupynambá / Agência Senado
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