terça-feira, 30 de agosto de 2011

Entrevista do Diário do Amapá com Davi Alcolumbre

Davi: "Em 2008 apoiamos o PDT, agora é a vez do DEM"

 

Antes uma jovem revelação da política local, agora deputado maduro e aspirante a prefeito


Quando foi eleito o mais votado candidato a vereador de Macapá no ano 2000, Davi Alcolumbre passou a ser considerado uma das maiores revelações jovens da política amapaense. Mas agora que já cumpre seu terceiro mandato como deputado federal, militando nas trincheiras da oposição no Congresso Nacional. Já é tido como uma grande liderança da política tucuju, onde buscou seu lugar com muita simpatia e simplicidade, mas com forte articulação nos bastidores, galgando posições e postos de destaque, como o de titular da Secretaria Municipal de Obras de Macapá, no início avassalador da gestão do maior aliado, o prefeito Roberto Góes (PDT). A forma com que sempre tratou e defendeu a gestão de Góes o credencia agora a reivindicar o direito de encabeçar uma chapa para sucedê-lo no ano que vem. Falando abertamente, Davi diz nesta entrevista que já recuou uma vez para apoiar o amigo e agora espera receber o mesmo tratamento.

Por Cleber Barbosa

Diário do Amapá - Deputado, o senhor participou da última reunião com o ministro da Aviação Civil em que o problema do bairro Alvorada foi discutido. Qual a avaliação desse encontro?

Davi Alcolumbre - Minha visão após ter participado dessa reunião, pelo que disseram na própria Infraero, o secretário nacional da Aviação Civil, Wagner Bittencourt, os técnicos da AGU [Advocacia Geral da União], além da efetiva participação da bancada [Federal do Amapá] e a presença do prefeito Roberto [Góes], que veio prestar solidariedade, sem contar a presença do procurador-geral do estado, representando o Governo do Amapá nessa audiência, fortalece e deixa claro para o Governo Federal que tanto a Prefeitura de Macapá quanto o Governo do Estado estão unidos com as bancadas do Estado na Câmara e no Senado em torno de se resolver o problema desses moradores que estão ali a mais de trinta, quarenta anos.

Diário - O que mais incomoda nesse impasse todo entre a Infraero e os moradores, deputado?

Davi - A forma arbitrária com que a União os trata. Ela não pode chegar agora e dizer que é dona das terras, pois a Prefeitura de Macapá tem um documento no Cartório dizendo ser possuidora da gleba. Além disso, os moradores vivem a muitos anos ali, como falei anteriormente, fizeram os benefícios, pagam água, pagam energia, pagam o IPTU, já têm o registro do título e alguns moradores já tem o título definitivo do seu terreno.

Diário - Mas em termos de encaminhamentos para uma solução o senhor acredita que possam ser realmente tirados?

Davi - Eu não tenho nenhuma dúvida que aquela reunião foi uma preparatória, pois a Câmara de Conciliação que foi determinada pelo ministro Adamis, da AGU vai ser criada, e dentro dessa Câmara haverá a participação de uma pessoa que conhece o Amapá, que é o doutor Orlando Muniz, sabe da questão fundiária do Estado, conhece o problema do Alvorada e com certeza nós deixamos claro que não iremos aceitar a imposição da União para retomar essa área que é do povo do Amapá, que é da Prefeitura de Macapá.

Diário - Deputado, agora falando de política partidária, para um parlamentar de oposição como o senhor como está vendo essas sucessivas exonerações de ministros acusados de improbidade e as estratégias do Governo, ora blindando os envolvidos e impedindo as CPI's, ora demitindo sumariamente?

Davi - Não foi pedido de demissão, mas sim um argumento que o Governo está usando para tentar de certa forma interromper o processo de investigação que o Congresso tem feito em cima desse governo. Um governo que com oito meses de gestão, que é o governo da Presidente Dilma, com todas as denúncias de corrupção, com quatro ministros da República substituídos, sendo que três sob acusações de desvios de recursos nos seus ministérios e apenas o ministro Jobim que também saiu, mas por um problema pessoal dele com a Pre-sidente Dilma.

Diário - A oposição então não desiste apenas com a troca dos ministros?

Davi - Nós estamos tentando fazer o nosso papel no Congresso, que é de fiscalizar. Lançamos na semana passada, os partidos de oposição, um site onde a gente vai mostrar para a opinião pública, para a sociedade brasileira quem são os deputados federais e senadores que apóiam as investigações no Brasil. A notícia boa que a gente pode passar para a população é que já em menos de 48 horas do lançamento dessa Frente buscando a constituição de uma CPI Mista da Corrupção, pela Câmara e pelo Senado, a gente juntou mais de 100 assinaturas entre os deputados e mais 20 entre os senadores. A gente precisa de 171 assinaturas na Câmara e de 29 no Senado e com certeza a pressão da sociedade sobre os seus parlamentares vai fazer com que certamente a gente vá ter esse instrumento eficaz, que é a CPI [Comissão Parlamentar de Inquérito], que pode quebrar sigilo bancário de ministro, de assessor de ministro, de secretário, enfim, é um instrumento que vai poder quebrar sigilo telefônico, um poder de investigação que o povo nos deu para representá-lo aqui na Câmara dos Deputados, de fiscalizar e de fazer as leis. É isso o que nós temos feito, infelizmente com o governo barrando a fiscalização, pois quando ele manda um de-putado seu não assinar a CPI alguma coisa está escondendo e não quer que seja descoberto, mas a gente vai fazer o esforço necessário para a gente poder viabilizar a instalação dessa CPI e passar esse governo a limpo.

Diário - Pelo calendário das eleições de 2012 tem uma série de providência que precisam ser tomadas um ano antes do pleito então como o partido que o senhor dirige no Estado está se organizando para as eleições municipais?

Davi - Olha, a gente está conseguindo organizar o partido de maneira a constituir o partido em todos os municípios, viabilizando a construção dos diretórios municipais. Já fizemos as convenções visando as eleições municipais do ano que vem em todo o Estado e está sendo construído em todos os municípios do Amapá a viabilidade para que o partido possa colocar nomes à disposição do pleito municipal, tanto candidatos a vereador como candidatos a prefeito, vice-prefeito, enfim, não tenho dúvidas de que assim que encerrar o prazo de filiações partidárias que é o primeiro passo que a le-gislação dá para quem pretende disputar uma eleição, um ano antes do pleito, a gente vai conseguir fechar todos os dezesseis municípios a partir daí fazer um diagnóstico de onde nós teremos candidatura própria, onde nós vamos fa-zer composição e onde vamos ter alianças proporcionais para vereador.

Diário - E como isso é feito, digamos em termos de critérios?

Davi - Identificando as lideranças em todos os municípios, lideranças que estão de filiando hoje para disputarem o pleito como pré-candidatos a vereador, pois ainda não houve a convenção, mas com a perspectiva de participar efetivamente da eleição, colocando seu nome à disposição, como candidatos a prefeito consolidados, podendo compor e indicar o vice em alianças com outros partidos e o desejo de fazer o maior número de vereadores possível, com uma meta estipulada de pelo menos o dobro da quantidade de municípios, pois hoje nós temos quatorze vereadores e queremos chagar ao dobro disso.

Diário - Então para o Democratas a ordem é crescer também nas Câmaras Municipais?

Davi - Exatamente, queremos avançar na questão proporcional, mas também na questão majoritária, portanto onde tiver condições, for viável para nosso candidato do Demo-cratas, nós teremos candidatura própria, pode ter certeza.

Diário - O senhor é pré-candidato a prefeito de Macapá?

Davi - Nós estamos trabalhando, como disse anteriormente, em todos os municípios e Macapá, além de ser a Ca-pital, é onde estão 55% dos leitores do Estado do Amapá, então é natural que almejemos também fazer o prefeito da principal cidade. Hoje temos uma aliança com o prefeito da Capital, Roberto Góes, onde nós temos a vice-prefeita Helena Guerra, que é do Democratas. Mas agora é uma nova eleição, a direção nacional do Democratas orientou que tenhamos candidaturas próprias em todas as Capitais, então diante dessa situação e do fato de nós já termos retirado uma candidatura a prefeito de Macapá em 2008 para apoiar a candidatura do PDT agora esperamos que o PDT tenha a mesma deferência.

Diário - Obrigado pela entrevista deputado.

Davi - Eu é que agradeço a oportunidade de estar falando à população sobre o que se passa em Brasília, do que acontece por aqui, afinal o reflexo das decisões de Brasília, com certeza impactam na qualidade de vida da população do nosso Estado e para mim é uma honra mais uma vez estar aqui em Brasília representando o povo do Amapá com o voto legítimo do cidadão e é isso o que tenho buscado fa-zer durante esses três mandatos como deputado federal, melhorar a vida do povo amapaense e dizer que nós estamos trabalhando firme para buscar recursos necessários para melhorar ainda mais a qualidade de vida da nossa gente.

Perfil

O amapaense David Samuel Alcolumbre Tobelem, filho de Samuel Jose Tobelem e Julia Peres Alcolumbre, é empresário, membro da Associação Comercial e Industrial do Amapá (ACIA), foi vereador por Macapá no período de 2001 a 2003, quando elegeu-se De-putado Federal (2003-2007), pelo PDT. Foi reeleito para o segundo mandato (2007-2011), e no ano passado conquistou o terceitro mandado para a Câmara dos Deputados (2011-2015). Também atuou como Secretário Municipal de Obras de Macapá, entre 2009 e 2010. Presidente do Diretório Regional dos Democratas no Amapá; Membro da Comissão Executiva Nacional dos Democratas; Membro do Conselho Político de Comissão Executiva Nacional da Juventude Democratas. É membro titular da Comissão de Minas e Energia e membro suplente da Comissão Financeira e de Controle da Câmara dos Deputados.

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