Heróis sem overdose
Nessa semana o Senado Federal homenageou Pedro Teixeira, em comemoração dos 370 anos da expedição que esse desbravador português fez, com o objetivo de tomar posse das terras que hoje formam a Amazônia, expulsando invasores e fixando o domínio português sobre o território.
Fiz um discurso lembrando os tempos em que prestei o serviço militar e entoava a Canção do Soldado da Amazônia, que falava de bravura, coragem e vitórias dos desbravadores.
Em 12 de janeiro de 1616, Pedro Teixeira desembarcou na Baía de Guajará. Foi erguido o Forte do Presépio, marco inicial da cidade de Belém.
Entre 1636 e 1638, ele empreendeu outra façanha, chefiando uma expedição de mais de mil homens subiu o curso do rio Amazonas, buscando confirmar a comunicação entre o oceano Atlântico e o Peru, rota percorrida no século anterior por Francisco de Orellana.
Com 47 grandes canoas, partiu de Belém do Pará e alcançou Quito, no Equador, fundando a cidade “Franciscana” na confluência do rio Napo com o Aguarico, para delimitar as terras de Portugal e Espanha, seguindo a linha demarcatória traçada no Tratado de Tordesilhas.
Como reconhecimento por sua extensa lista de serviços prestados na conquista da Amazônia brasileira, foi agraciado com o cargo de capitão-mor da Capitania do Grão-Pará. Tomou posse em fevereiro de 1640, mas a sua gestão durou até maio de 1641, vindo a falecer em ju-lho daquele mesmo ano.
Hoje os marcos históricos daquela época fazem parte do roteiro turístico obrigatório de Belém e integram o denominado Complexo do Ver-o-Peso.
Quando se pensa na Amazônia de hoje, ponto de convergência dos olhos do mundo, motivação maior do interesse da própria preservação da espécie humana e da busca conciliadora dos interesses econômicos universais e da preservação ambiental, é imperioso pensar também nas perspectivas compensatórias devidas a todos os amazônidas que, a despeito da simplicidade de seus modos de vida, precisam da prestação estatal, educacional, social e de saúde como, ou mais, do que qualquer cidadão brasileiro.
Se hoje, na era cibernética em que cabos de fibra ótica, ondas de rádio e satélites quebram todas as barreiras geograficamente identificadas, as dificuldades ainda são imensas para os povos da floresta. Imaginem então como seria no século XVII, no início do ano de 1600.
É certo que temos um débito cultural com os heróis desbravadores dos rincões brasileiros, e devemos reconhecer a coragem de homens valorosos que nos permitiram ter a Amazônia sob a soberania brasileira.
Homens de coragem demarcaram nossas fronteiras!
Coragem advinda da confiança que alguns homens têm em momentos de temor ou situações difíceis, enfrentando os problemas e as barreiras que colocam medo, uma força positiva para combater os momentos tenebrosos da vida.
Tenho imensa preocupação com a persistente e inconsequente desmistificação dos heróis pátrios. Decerto que não se pode exigir a perfeição, dado que somos seres imperfeitos. Mas a conscientização da importância da preservação dos valores positivos daqueles que fize-ram a história brasileira é extremamente relevante.
Ao contrário de Cazuza, nossos heróis não morreram de overdose!
Hoje o exército brasileiro é o guardião dos recantos mais longínquos da Amazônia.
O médico Dráuzio Varella fez um registro, em julho de 2009, sobre sua visita à bases do exército na Amazônia: - “Os quartéis são de um despojamento espartano. As dificuldades de abastecimento, os atrasos dos vôos causados por adversidades climáticas e avarias técnicas e o orçamento minguado das Forças Armadas tornam o dia-a-dia dos que vivem em pleno isolamento um ato de resistência permanente. Esses militares anônimos, mal pagos, são os únicos responsáveis pela defesa dos limites de uma região conturbada pela proximidade das Farc e pelas rotas do narcotráfico. Não estivessem lá, quem estaria?”
Em outro trecho ele continua: “o pelotão inteiro cantou o hino nacional em português, a plenos pulmões. Ouvir aquela diversidade de indígenas que habitam o extremo noroeste da Amazônia brasileira há 2.000 anos, cantando nosso hino no meio da floresta, trouxe à flor da pele sentimentos de brasilidade que eu julgava esquecidos”.
Dizemos ao mundo com o peito cheio de orgulho, defendendo a soberania: a Amazônia é nossa! Então se torna imprescindível que façamos justiça histórica aos que a integraram ao território brasileiro.
Para mim, o sentimento de brasilidade sentido pelo médico e escritor Dráuzio Varella, é o que precisamos ter conosco e levarmos às nossas crianças e jovens nas escolas e, quiçá, às universidades de todo o País.
Gilvam Borges é senador da República pelo PMDB-AP, coordenador da bancada parlamentar federal amapaense
E-mail: senadorgilvam@gmail
Nessa semana o Senado Federal homenageou Pedro Teixeira, em comemoração dos 370 anos da expedição que esse desbravador português fez, com o objetivo de tomar posse das terras que hoje formam a Amazônia, expulsando invasores e fixando o domínio português sobre o território.
Fiz um discurso lembrando os tempos em que prestei o serviço militar e entoava a Canção do Soldado da Amazônia, que falava de bravura, coragem e vitórias dos desbravadores.
Em 12 de janeiro de 1616, Pedro Teixeira desembarcou na Baía de Guajará. Foi erguido o Forte do Presépio, marco inicial da cidade de Belém.
Entre 1636 e 1638, ele empreendeu outra façanha, chefiando uma expedição de mais de mil homens subiu o curso do rio Amazonas, buscando confirmar a comunicação entre o oceano Atlântico e o Peru, rota percorrida no século anterior por Francisco de Orellana.
Com 47 grandes canoas, partiu de Belém do Pará e alcançou Quito, no Equador, fundando a cidade “Franciscana” na confluência do rio Napo com o Aguarico, para delimitar as terras de Portugal e Espanha, seguindo a linha demarcatória traçada no Tratado de Tordesilhas.
Como reconhecimento por sua extensa lista de serviços prestados na conquista da Amazônia brasileira, foi agraciado com o cargo de capitão-mor da Capitania do Grão-Pará. Tomou posse em fevereiro de 1640, mas a sua gestão durou até maio de 1641, vindo a falecer em ju-lho daquele mesmo ano.
Hoje os marcos históricos daquela época fazem parte do roteiro turístico obrigatório de Belém e integram o denominado Complexo do Ver-o-Peso.
Quando se pensa na Amazônia de hoje, ponto de convergência dos olhos do mundo, motivação maior do interesse da própria preservação da espécie humana e da busca conciliadora dos interesses econômicos universais e da preservação ambiental, é imperioso pensar também nas perspectivas compensatórias devidas a todos os amazônidas que, a despeito da simplicidade de seus modos de vida, precisam da prestação estatal, educacional, social e de saúde como, ou mais, do que qualquer cidadão brasileiro.
Se hoje, na era cibernética em que cabos de fibra ótica, ondas de rádio e satélites quebram todas as barreiras geograficamente identificadas, as dificuldades ainda são imensas para os povos da floresta. Imaginem então como seria no século XVII, no início do ano de 1600.
É certo que temos um débito cultural com os heróis desbravadores dos rincões brasileiros, e devemos reconhecer a coragem de homens valorosos que nos permitiram ter a Amazônia sob a soberania brasileira.
Homens de coragem demarcaram nossas fronteiras!
Coragem advinda da confiança que alguns homens têm em momentos de temor ou situações difíceis, enfrentando os problemas e as barreiras que colocam medo, uma força positiva para combater os momentos tenebrosos da vida.
Tenho imensa preocupação com a persistente e inconsequente desmistificação dos heróis pátrios. Decerto que não se pode exigir a perfeição, dado que somos seres imperfeitos. Mas a conscientização da importância da preservação dos valores positivos daqueles que fize-ram a história brasileira é extremamente relevante.
Ao contrário de Cazuza, nossos heróis não morreram de overdose!
Hoje o exército brasileiro é o guardião dos recantos mais longínquos da Amazônia.
O médico Dráuzio Varella fez um registro, em julho de 2009, sobre sua visita à bases do exército na Amazônia: - “Os quartéis são de um despojamento espartano. As dificuldades de abastecimento, os atrasos dos vôos causados por adversidades climáticas e avarias técnicas e o orçamento minguado das Forças Armadas tornam o dia-a-dia dos que vivem em pleno isolamento um ato de resistência permanente. Esses militares anônimos, mal pagos, são os únicos responsáveis pela defesa dos limites de uma região conturbada pela proximidade das Farc e pelas rotas do narcotráfico. Não estivessem lá, quem estaria?”
Em outro trecho ele continua: “o pelotão inteiro cantou o hino nacional em português, a plenos pulmões. Ouvir aquela diversidade de indígenas que habitam o extremo noroeste da Amazônia brasileira há 2.000 anos, cantando nosso hino no meio da floresta, trouxe à flor da pele sentimentos de brasilidade que eu julgava esquecidos”.
Dizemos ao mundo com o peito cheio de orgulho, defendendo a soberania: a Amazônia é nossa! Então se torna imprescindível que façamos justiça histórica aos que a integraram ao território brasileiro.
Para mim, o sentimento de brasilidade sentido pelo médico e escritor Dráuzio Varella, é o que precisamos ter conosco e levarmos às nossas crianças e jovens nas escolas e, quiçá, às universidades de todo o País.
Gilvam Borges é senador da República pelo PMDB-AP, coordenador da bancada parlamentar federal amapaense
E-mail: senadorgilvam@gmail
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