quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

José Sarney

2010: esperanças douradas

As datas redondas sempre trazem um significado especial. Os acontecimentos vividos em tempo real dão-nos a sensação de que há uma nova contagem dos dias e dos anos, uma compactação que faz parecer que a vida e as coisas passam num ritmo diferente e fugaz até.Já estamos há 10 anos no século XXI e parece que foi ontem que se discutia se os computadores rodariam o século ou um tumulto marcaria essas máquinas estreantes no calcular 100 anos.2010 fecha um ciclo para o Brasil dos 120 anos da República governados por um operário que encerra a década escolhido o Homem do Ano pelos grandes jornais do mundo, pela sua atividade internacional, ter o Brasil mudado de patamar, credor do FMI, com reservas de mais de 200 bilhões de dólares, estabilidade interna, diminuição da pobreza, do desemprego, distribuição de renda, além de protagonismo na discussão e solução dos grandes temas mundiais.
Mas é justamente em meio a essas conquistas que vai surgir o grande desafio da eleição do seu sucessor, e o dilema se o fará ou não. Seu governo goza de uma aprovação de 80% do eleitorado, mas a indagação e incógnita é se a transferência de votos far-se-á com estes sucessos ou a força democrática da alternância seduzirá os votantes. Para mim, seu carisma vai funcionar.
2010 trouxe a expectativa de um Obama como um universo em expansão cicatrizando as feridas deixadas por Bush e se afirmando como o grande presidente negro dos Estados Unidos que iria mudar o mundo iniciando uma nova era de convivência entre as nações. As frustrações não tardaram a chegar e interna e externamente sua imagem foi desmistificada com a inércia do mundo em sair da crise econômica que destruiu a confiança do sistema bancário que mostrou suas fragilidades e bolhas.
Mas Evo Morales, esse índio simpático, ganhou, Madona continua brilhando, Roberto Carlos cantando no Natal e Martha é pela 4a vez a estrela feminina do futebol. A África do Sul é só festa com a Copa do Mundo neste ano, em 2014 será a vez do Brasil que ainda abocanhou as Olimpíadas de 2016, mostrando que estamos com tudo e a China que se cuide, pois como eles mesmo dizem, a corrida começa no primeiro passo e este há muito tempo nós o demos: já estamos em plena disparada.
Não me despeço de 2009 com saudades. Ele me fez provar o saibo da amargura e saber que uma das maiores dores do mundo é a da injustiça. Mas foi bom para o Brasil e o que é bom para o Brasil é bom para mim.
Feliz ano dourado e de esperanças realizadas no Ano Novo a todos os meus leitores.

José Sarney foi governador, deputado e senador pelo Maranhão, presidente da República, senador do Amapá por três mandatos consecutivos, presidente do Senado Federal por três vezes. Tudo isso, sempre eleito. São 55 anos de vida pública. É também acadêmico da Academia Brasileira de Letras (desde 1981) e da Academia das Ciências de Lisbo

jose-sarney@uol.com.br

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