quarta-feira, 21 de julho de 2010

O Mercosul é irreversível, diz o presidente do Senado

Democracia, fortalecimento do Mercosul e a expansão do comercio entre os países sul-americanos, que o integram, foram temas de discurso do presidente do Senado, José Sarney, na celebração dos 25 anos da redemocratização do Uruguai. "O Mercosul é irreversível", disse na quarta-feira, em Montevidéu, para defender como "essencial" a construção de uma arquitetura política capaz de expandir e fortalecer o Mercosul. "Esse caminho repercutirá tanto em cada um de nossos países, como no relacionamento da América do Sul com o Mundo". Ao final do discurso, Sarney foi ovacionado pelos convidados que lotavam o salão nobre do Congresso uruguaio, entre eles estavam todos os ex-presidentes do regime democrático uruguaio: Julio Maria Sanguinetti, organizador do evento e parceiro de Sarney na construção do Mercosul, Tabaré Vazquez, Luiz Alberto Lacalle e Jorge Batle. O deputado argentino Ricardo Alfonsín, representou seu país e o pai, Raul Alfonsín, ex-presidente argentino, já falecido, que era amigo pessoal de Sarney e também um dos artífices da redemocratização e do projeto de união dos países sul-americanos. Anfitrião, José Mujica, atual presidente do Uruguai, muito emocionado deixou seu lugar à mesa para abraçar Sarney, que havia marcado concordância com sua posição de compromisso com o Mercosul, mas também de cobrança em relação ao Brasil. "O Brasil, por ser maior, deve pagar o preço de seu tamanho e aceitar maiores sacrifícios com vistas a atenuar as assimetrias", concedeu Sarney para acentuar: "O presidente Lula pensa da mesma forma". Sarney mencionou ainda em seu discurso números recentes e positivos da movimentação comercial do Mercosul. "Houve grande expansão do comércio entre nossos países que era da ordem de 2 bilhões de dólares, em 1985, e passou a mais de 40 bilhões, em 2008", destacou, adiantando que, atualmente, 30% o das exportações uruguaias são dirigidas ao Mercosul e 3,9% para os Estados Unidos.

Sanguinetti e Alfonsín


Relembrando o processo de redemocratização da América Latina, do qual participou como primeiro presidente civil depois de 20 anos de regime militar, Sarney homenageou os ex-presidentes Julio Maria Sanguinete, do Uruguai, e Raul Alfonsin, da Argentina, como reconstrutores da democracia e parceiros na engenharia de integração regional da América do Sul, que culminou com a criação do Mercosul. "Sanguinetti é um extraordinário homem público, com grandes serviços prestados ao continente, um patrimônio do Uruguai, com visibilidade e respeito internacional". Sarney também contou que foi justamente Sanguinetti, então presidente do Uruguai, o responsável pela aproximação de Brasil e Argentina. "Sem a presença no governo argentino do presidente Alfonsín seria impossível fazer a integração", homenageou ao mencionar o intenso trabalho para que as relações entre o Brasil e a Argentina, historicamente conflitantes, convergissem para a construção da política de união e parceria, representada pelo Mercosul. "Pensar nos nossos temores, nos nossos avanços, na realidade de que hoje vivemos num mundo melhor e sentir que, cada um de nós, é responsável por uma pedra desse edifício", disse, revelando orgulho pelo papel vivido por ele próprio, Raúl Alfonsín e Julio Sanguinetti no encaminhamento dos processos de redemocratização: "A história e o que ainda não foi revelado guardam o que fizemos e o que ajudamos a fazer". O presidente do Senado relembrou que a América do Sul viveu na década de 80, início de 90, a maior onda de democratização vista no mundo desde a II Guerra Mundial. Enumerou as restaurações democráticas do continente que começaram em meados dos anos 70 no Peru, Equador e Bolívia, alcançando em 1983 a Argentina e dois anos depois o Uruguai e o Brasil, para mencionar as eleições no Paraguai, em 1989, e do Chile, em 1990, como marcos do final dos regimes autoritários na América do Sul. Lula e a redemocratização brasileira Para a platéia atenta, Sarney ainda historiou o processo político brasileiro, garantindo que o país tem hoje as instituições políticas sólidas e uma sociedade verdadeiramente democrática. "Fomos governados pelas elites agrárias, pelas elites industriais, pela classe média e pelos militares. Hoje, o Brasil é governado por um político que nasceu do proletariado. Estamos orgulhosos do desempenho do presidente Lula, presença extraordinária de liderança e capacidade política", referendou Sarney, que encerrou sua fala com trecho do discurso de posse de José Mujica reafirmando compromisso com o Mercosul: "Ayy Mercosul! Cuanto amor y cuanto enojo nos suscita. Solo déjenme afirmar que para nosotros, el Mercosur es hasta que la muerte nos separe".

Íntegra do discurso

Leia também matéria do jornal uruguaio “El País” sobre o assunto, clicando
aqui



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Para saber mais sobre a "Transição", leia o livro de Sarney na Internet sobre o assunto.



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