quinta-feira, 15 de julho de 2010

Sarney é convidado de honra nas comemorações dos 25 anos de redemocratização do Uruguai

O presidente do Congresso Nacional, senador José Sarney, vai participar na próxima segunda-feira (19), em Montevidéu, do Ato Comemorativo dos 25 anos da redemocratização do Uruguai.
Sarney, o uruguaio Julio María Sanguinetti e o argentino Raul Alfonsín foram os primeiros presidentes de seus países depois das respectivos processos de redemocratização e, juntos, idealizaram o Mercosul, o mercado comum dos países do Cone Sul, que hoje conta também com o Paraguai e poderá contar com a Venezuela caso o parlamento paraguaio aprove seu ingresso no bloco.
Participarão do Ato Comemorativo, além de Sarney e do presidente uruguaio José Mujica, o ex-presidente Sanguinetti, o senador Pedro Bordaberry, secretário-geral do Partido Colorado, Jorge Brovetto, presidente da Frente Ampla e o filho do ex-presidente argentino Raul Alfonsín (falecido em 2009), Ricardo Alfonsín.
Ditadura e Redemocratização
Na metade do século passado, em meio a uma forte crise econômica, grupos de esquerda partiram para o confronto no Uruguai, que era então um dos países com democracia mais consolidada na América do Sul, com dois partidos tradicionalíssimos, os Blancos (Partido Nacional) e os Colorados.
Rico no começo do século XX, graças às exportações de carne e produtos agrícolas, e com nível educacional dos mais elevados, sem analfabetismo, o Uruguai era chamado de "Suíça da América Latina".A crise econômica e a Guerra Fria - que se refletiu em toda o continente, principalmente depois da Revolução Cubana - abalaram o país. O principal grupo armado de esquerda, os Tupamaros (homenagem ao líder inca Tupac Amaru), tornou-se cada vez mais ousado no final da década de 60, promovendo assaltos a bancos, e invadindo festas da aristocracia uruguaia para pintar recados nas paredes (como "ou dançam todos, ou ninguém dança").
Em 1970, os Tupamaros sequestraram o agente da inteligência norte-americana Dan Mitrione, um instrutor de torturas e informações, e o cônsul brasileiro em Montevidéu, Aloísio Gomide. Mitrione foi assassinado, o que levou o governo a endurecer.
Em 1973, o presidente colorado Juan Maria Bordaberry fechou o Senado e a Câmara dos Deputados, com apoio dos militares, declarou guerra aos Tupamaros, fechou a Central Nacional de Trabalhadores, passou a censurar jornais e criou o Conselho de Estado, para legislar. Bordaberry foi afastado pelos militares em 1976, e substituído pelo seu vice, Alberto Demichelli, até que os militares indicaram outro civil, Aparício Mendez. Em 1980, um plebiscito que buscava legitimar o regime foi derrotado por 56% dos votos populares, o que levou a um abrandamento progressivo da ditadura.
Em 1981, assumiu a Presidência o general Gregório Alvarez, que quatro anos depois promoveu o chamado "Pacto do Clube Naval", embora continuasse preso o líder Blanco Wilson Ferreira Aldunate, um dos políticos mais populares do país, além de ser mantido na clandestinidade Líber Seregni, outra liderança pré-ditadura.Seguiu-se, em 12 de março de 1985, uma eleição presidencial direta, em que foi eleito o colorado Júlio Maria Sanguinetti, que deflagrou o processo de redemocratização, com anistia, fim da censura e reabertura do Congresso Nacional.
O Uruguai conservou, durante a ditadura e depois da redemocratização, seus principais partidos políticos, que têm mais de um século, o Colorado e o Blanco ou Nacional, além da Frente Ampla.

Cezar Motta / Agência Senado


Política Externa da "Nova República"

Durante a “Nova República” a política externa retomou sua importância, refletindo os ares democráticos do plano interno. O Brasil retornava o caminho da normalidade institucional. Assim, deu-se o reencontro com o mundo. Superamos por completo o isolamento. Cessaram as pressões, as críticas e, mesmo, as hostilidades que tanto haviam abalado a imagem do País nos anos anteriores, principalmente depois do governo Geisel. Em setembro de 1985, falando pela primeira vez na tribuna das Nações Unidas, Sarney afirmou: “Estamos reconciliados. A nossa força passou a ser a coerência. Nosso discurso interno é igual ao nosso chamamento internacional”. Com aquela proclamação o Presidente acentuava que, numa democracia, não há fronteiras entre a política interna e a política externa. A política externa do governo José Sarney, portanto, constitui um momento importante para a análise das mudanças na matriz brasileira nos anos 80, pois se situa entre as duas fases bem definidas, a política externa do regime militar e a da política externa neoliberal do governo Collor em diante. Nesse sentido, quais seriam as linhas de continuidade e ruptura no governo Sarney? A diplomacia do governo José Sarney caracterizou-se por manter o que havia de melhor na tradição diplomática do Itamaraty, mas eliminando os constrangimentos setoriais do período militar e patrocinando algumas inflexões diplomáticas importantes no que se refere ao encontro do Brasil com os vizinhos do Cone Sul. O contexto internacional dos anos 1980 era muito delicado e em franca transição. Foi caracterizado pela retomada da ofensiva dos EUA nos cenários mundial e regional, pela crise do campo socialista, pelas dificuldades do diálogo Norte-Sul, pela crise da dívida externa e a pressão das economias desenvolvidas sobre os países mais pobres. Assim, os novos condicionantes internos (abertura política e crise econômica) e externos, obviamente, afetaram a política externa brasileira. Era necessário buscar novas alternativas nas regiões menos desenvolvidas e em países em desenvolvimento, como a China. Nas relações hemisféricas, cabe lembrar as relações conflituosas com os EUA e a aproximação com os países da Bacia do Prata, em especial a Argentina, que culminaram com os tratados de integração na região. A relação de turbulência com os Estados Unidos desencadeou uma série de iniciativas em direção ao Sul. O relacionamento com países estratégicos provinha da necessidade de desenvolver projetos de cooperação em áreas específicas e como contrapartida ao desgaste nas relações com os EUA e a relativa perda de dinamismo nas relações com os países europeus. Neste contexto, o Brasil desencadeou urna verdadeira ofensiva diplomática em relação aos países do campo socialista e aos países do Sul. Nesse sentido a URSS e alguns países do Leste Europeu significaram novos espaços de relacionamento, na busca de recursos e cooperação tecnológica. Mas foi no Oriente Médio, África e Ásia (em especial a China) que o governo brasileiro buscou aprofundar seu relacionamento comercial (vendendo nossos produtos de tecnologia intermediária e tropicalizada) e ampliando a capacidade diplomática do país. Ação que, hoje, cônscios do que vem representando a potência econômica chinesa para a economia mundial, mostrou-se extremamente correta. A América Latina, sem dúvida, foi o palco central das mais importantes ações diplomáticas durante do governo Sarney. No período, iniciamos a política de integração com a Argentina, pondo fim a uma longa história de desconfianças, rivalidades e competição. A utilização da energia nuclear, até então questão muito sensível, transformou-se em estímulo à cooperação pacífica e a um relacionamento de plena confiança e maturidade. Quando o Presidente Alfonsin convidou Sarney para visitar a usina de reprocessamento de urânio em Pilcaniyeu, onde jamais estivera presente qualquer autoridade estrangeira, de qualquer nível, o Presidente Sarney convenceu-se de que ali começava uma nova era nas relações Brasil-Argentina. E foi o que aconteceu. Tentando encontrar alternativas internacionais para a economia e sempre na vanguarda da Juta em defesa da Amazônia, foi Sarney o grande artífice do “Mercosul”, pois foi a força política que efetivamente viabilizou esse importante mercado no “Cone Sul”, simplesmente porque, ao remanejar as forças militares brasileiras do Sul para o “Projeto Calha Norte”, matou dois coelhos numa cajadada só: por um lado, permitiu a distensão das históricas desconfianças militares Brasil-Argentina na Bacia Platina e, ao mesmo tempo, viabilizou um importante projeto de defesa da Amazônia, com o “Projeto Calha Norte”. Os frutos dessa política têm sido colhidos até hoje, e muitas outras frentes de atuação internacional também foram abertas pelo Brasil. Criou-se a “Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul”, no âmbito do qual foi possível ao Brasil interferir corno elemento político importante para o que os EUA, por exemplo, não invadisse a Nicarágua. Assim, houve a ajuda do Brasil na pacificação de conflitos na América Central. Participou-se, também, ativamente, desde sua instituição, do “Mecanismo de Consulta e Concertação Política do Grupo do Rio”. E em1988, o Brasil voltou a ocupar um assento não-permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas, depois de 20 anos de ausência daquele órgão. O lançamento da Rodada Uruguai do GATT, cor 1986, que havia suscitado grande polêmica internacional em razão da tentativa de inclusão nas negociações do item “serviços”, além de bens e mercadorias, contou com a decidida contribuição brasileira, pois o Brasil integrou todos os 15 grupos de trabalho da Rodada: assegurou-se a presença brasileira na discussão da regulamentação do comércio internacional nos mais diversos setores. A unidade lingüística do Brasil é, por outro lado, um ativo nacional que, no plano externo, incide na prioridade concedida tradicionalmente às nações africanas de expressão portuguesa. No governo Sarney, com o concurso do então Ministro da Cultura, José Aparecido, criou-se o “Instituto Internacional da Língua Portuguesa”, que hoje está em pleno funcionamento dentro do atual estágio de desenvolvimento da “Comunidade dos Povos de Língua Portuguesa.

A seguir, o embaixador Paulo Tarso fala exatamente sobre a política externa na Nova República. Confira os vídeos abaixo. Para ver na íntegra o depoimento, clique nos links com temas específicos logo a seguir.





Política Externa
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Para saber mais sobre a "Transição", clique na imagem acima.

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