domingo, 7 de agosto de 2011

A destruição da Literatura Brasileira

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Em minhas reflexões ao longo da vida, há uma série de fatos que exigem uma interpretação mais cuidadosa e para os quais nem sempre encontro uma resposta convincente. Amante das letras, depois de publicar uma série de livros abordando os mais diversos temas, vejo-me agora no dever de interpretar o processo de destruição de nossa literatura, comandada por grupos estrangeiros, sob a liderança dos Estados Unidos da América. Antes de insurgir-se contra os autores brasileiros, os americanos exportaram para o Brasil a chamada música pop, agredindo os nossos ouvidos com a estridência de suas guitarras, em que é evidente a ausência de melodia e a absoluta falta de imaginação nas letras que apenas servem para a alienação de jovens drogados. Lamentavelmente a nossa imprensa (ressalvem-se algumas exceções) dera apoio a esse processo, seduzida pelo dinheiro ilícito, o famoso JABÁ, tal como é conhecido entre os jornalistas. O jabá é pago a emissoras de rádio e televisão, com o único objetivo de não colocar em sua programação músicas de autores brasileiros, sobretudo aquelas melodias clássicas e populares, que embalaram tantas gerações. Destruiu-se o belo e sobre essa destruição buscou-se construir a falta de imaginação da mediocridade.
Agora, esses mesmos grupos investem contra a literatura brasileira. As nossas editoras e inúmeras livrarias sabotam a edição e a venda das obras de autores brasileiros, enquanto exibem em seus stands a subliteratura estrangeira. Os críticos literários das principais revistas editadas no Brasil omitem o que há de melhor em nossa literatura, onde não há dúvidas de que figuram verdadeiras obras-primas, totalmente ignoradas pelo público leitor. Algumas livrarias chegam ao absurdo de recusar a comercialização desses livros, mesmo quando os recebe sem investir um centavo. São livrarias e editoras mercenárias, engajadas em um processo que deve ser examinado pelas nossas autoridades. As empresas privadas não têm o direito de destruir ou sabotar a literatura de um país, sob o pretexto de que se trata de um simples ato de interesse comercial. Trata-se, na verdade, de um crime, em que o nosso silêncio passa a ser uma omissão criminosa. Jamais condenei a venda e a divulgação de livros de autores estrangeiros, muitos dos quais estão inseridos em minha leitura e em minha admiração. Mas não posso concordar em que se faça com a literatura brasileira o que esses iconoclastas apátridas já fizeram com a nossa música. Não vamos permitir que aumente, a cada dia que passa, a legião de brasileiros ignorantes, seja na simplicidade de quantos não tiveram oportunidade de estudar, seja entre os doutores, que tão somente aprendem teorias de certas especialidades, ignorando as virtudes de uma cultura universal.  

Dilson Ribeiro é jornalista, escritor e advogado, pertencendo a várias instituições culturais, no Brasil e no Exterior.

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