segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Dívidas: instrumento de dominação global


Tais agências possuem um poder absurdo, tendo a prerrogativa de ameaçar qualquer governo, dizendo que se eles não cortarem gastos sociais, os emprestadores fugirão do país, causando crises financeiras e a suspensão dos novos empréstimos, necessários para o pagamento das dívidas anteriores. Esta chantagem, feita graças ao instrumento do endividamento, é executada por qualquer grupo político subserviente ao setor financeiro, tal como na recente decisão do Congresso dos EUA, que condicionou a elevação do endividamento (ou seja, a tomada de novos empréstimos para o pagamento das dívidas anteriores) a um pesado corte de gastos sociais e à não-tributação dos mais ricos.
Neste final de semana, governos de todo o mundo estão reunidos em caráter emergencial, para decidir o que fazer diante do anúncio da agência de classificação de risco “Standard & Poor's”, de rebaixamento da classificação da dívida dos EUA. “Decidir o que fazer” significa, em bom português, definir quantos trilhões de dólares em gastos sociais serão cortados nos diversos países, e quantos trilhões de dólares serão liberados imediatamente para beneficiar os "mercados".
Se nos anos 40 a 80, a existência de um bloco antagônico ao capitalismo no leste europeu fazia com que o capitalismo fizesse algumas concessões à classe trabalhadora (por meio do chamado “Estado de Bem-estar”), agora a ofensiva do capital é total. Como sempre, esta ofensiva neoliberal se utiliza do mecanismo do endividamento para impor medidas nefastas, sempre aplicadas nos países do Sul, e agora nos países do Norte, tais como a demissão sumária de servidores públicos, corte de aposentadorias, 13º salário, privatizações generalizadas e cortes de todo tipo de gastos sociais.
Nunca o endividamento foi tão largamente utilizado para dominar os povos de todo o Planeta, e nunca foi tão necessária uma alternativa a esta situação. Nunca foi tão necessário desmascarar este processo, demonstrando que os rentistas e suas “agências de risco”, que se colocam como arautos da “responsabilidade fiscal”, são, na realidade, os verdadeiros causadores desta crise. A auditoria da dívida é um meio de demonstrar isso, com provas documentais e dados oficiais.

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