O presidente do Senado José Sarney (PMDB-AP) considerou que o Congresso dos Estados Unidos (EUA) deu "um péssimo exemplo" ao prorrogar até a última hora a votação para aumentar o teto da dívida do país. Sarney lembrou que o aumento do limite da dívida americana havia se repetido por 77 vezes nos últimos 50 anos. "Na realidade o aumento do teto da dívida era uma coisa automática na votação do Orçamento americano", observou Sarney.
"Com os olhos nas eleições do ano que vem, eles (parlamentares dos EUA) ofereceram ao mundo um vergonhoso exemplo, com os partidos políticos sacrificando o país. Foi um exemplo nada construtivo e agora estão pagando caro por isso", disse o presidente em alusão ao inédito rebaixamento da nota da dívida pública dos Estados Unidos, por parte da agência de avaliação de risco Standard and Poor’s. Essa agência também assinalou a "perspectiva negativa" da nova classificação, um sinal de que outro rebaixamento da nota é possível nos próximos 12 a 18 meses.
Segundo Sarney, as consequências da atitude do Congresso americano repercutiram "gravemente" no continente Europeu, já fragilizado com recentes crises econômicas. "A Europa está com problemas sérios. Grécia, Irlanda, Itália e Espanha estão com problemas de liquidez, agravados com a decisão (morosa) dos Estados Unidos", disse o presidente. Na opinião do senador, "esse é o risco da radicalização na política, com o retorno do Tea’s Party", movimento recentemente surgido nos EUA em oposição ao Governo Obama e que defende políticas fiscais conservadoras apoiadas por políticos representantes da ultradireita.
Em analogia com situações de crises acontecidas no Brasil, Sarney lembrou da atuação dos parlamentares brasileiros na República, em 1930 e com a Nova República, em 1985: "Nosso exemplo é que em todos os momentos de dificuldades do país, temos encontrado um terreno comum em que protegemos os interesses do Brasil e abandonamos essa luta dilacerante de partidos".
Para o presidente do Congresso, o país está preparado para enfrentar conseqüências de um possível recrudescimento da crise vivida pelos EUA e Europa: "Assim como ocorreu na crise de 2009, estamos agora absolutamente preparados. Isso não significa que uma grande crise não tenha conseqüência no Brasil. Mas até o momento, essa crise não está configurada".
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