Trabalho
será realizado entre o Inpa e outras instituições por meio de uma cooperação
científica, nas bacias dos rios Negro e Madeira, Tocantins, Branco e Tapajós
O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
(Inpa/MCTI) discute cooperação para participar de um projeto sobre o
desenvolvimento de biomarcadores de toxidade do mercúrio em cinco rios da bacia
Amazônica. Os detalhes da cooperação foram debatidos em reunião que aconteceu
no fim da tarde dessa quarta-feira (20), na sede da entidade, localizada na
Zona Centro-Sul de Manaus. O projeto, que conta com a participação das
Universidades de Brasília (UnB), Universidade de São Paulo (USP), Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Estadual Paulista (Unesp) e a
Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC/Goiás), foi financiado pela
Energia Sustentável do Brasil por meio do Programa de Pesquisa e
Desenvolvimento da Agência Nacional de Energia Elétrica (P&D/ANEEL). De
acordo com Ézio Sargentini, pesquisador representante do Inpa na cooperação, a
área de atuação será nas bacias dos rios Negro e Madeira, Tocantins, Branco e
Tapajós. Segundo o pesquisador, a cooperação científica já foi firmada. “Todos
nós chegamos a um acordo, faltam apenas questões jurídicas. Nessa parceria
vamos atuar de várias formas, tanto no conhecimento e tecnologia como na troca
de informações entre as instituições”, disse.
Trabalhos
Os estudos baseiam-se na criação de mecanismos de vigilância toxicológicos associados ao mercúrio para garantir a saúde da população ribeirinha. “A ideia é encontrar biomarcadores que possam refletir alterações no ambiente em curto espaço de tempo e a partir daí criar índices de vigilância que poderão ser adotados em novos empreendimentos hidrelétricos no setor na região amazônica”, explica o pesquisador da UnB, Luiz Fabrício Zara. Ainda de acordo com Zara, a pesquisa irá utilizar um novo biomarcador para medir os níveis de mercúrio em diferentes amostras. “Para o desenvolvimento desse novo biomarcador iremos utilizar uma tecnologia chamada de Metalômica, que é onde você separa as suas proteínas e busca depois possíveis metaloproteínas (proteínas que contém um ou mais íons metálicos em sua estrutura). É uma interface entra biologia e a química analítica. Com isso iremos trabalhar com amostras de peixe e leite materno”. A escolha do peixe, segundo o pesquisador, está diretamente relacionada à cadeia alimentar. Antes do peixe ser consumido, ele já acumulou – por meio da biomagnificação e bioacumulação -, um alto teor de mercúrio em sua estrutura, podendo assim apresentar uma ameaça para a população que o consome. Se tornando um bioindicador, as proteínas do peixe serão extraídas e separadas em busca da maior ligação de proteínas com o mercúrio. “A outra fonte, direcionado para o leite materno, é devido à necessidade de aprofundarmos esse conhecimento do mecanismo de transferência desse metal, que é neurotóxico, via o leite. O potencial de toxidade nessa primeira fase da vida criança é grande”, alerta o pesquisador. Após o consumo do peixe pelo homem, o mercúrio presente na espécie pode atacar o sistema nervoso central. Os sintomas podem ser reconhecidos com tremores, perda de visão periférica, de olfato, de paladar e em alguns casos, levar a morte. “Por isso é importante entender a dinâmica do mercúrio associada à expansão do setor hidrelétrico”, conclui Zara.
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