Ministra da
Igualdade Racial participa de ação conjunta com o Senado na campanha
Com a presença da ministra da Secretaria de
Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros, do senador Paulo Paim
(PT-RS), e das deputadas Benedita da Silva (PT-RJ) e Janete Rocha Pietá
(PT-SP), o presidente Sarney assinou plano de trabalho do acordo de adesão do
Senado Federal à campanha "Igualdade Racial é pra Valer" e apresentou
a primeira ação da parceria – pesquisa do DataSenado "Violência contra a
juventude negra no Brasil". Em discurso, Sarney
destacou: em 2010, dados oficiais mostram que, no Brasil, a maioria dos
homicídios atingiu jovens entre 15 e 29 anos - 75% deles eram negros. Tais
números inspiraram a pesquisa que investigou a opinião popular sobre as causas
dessa violência específica - quem são as pessoas mais vulneráveis e qual é a
experiência pessoal dos entrevistados em relação ao racismo -, o DataSenado
entrevistou 1.234 pessoas de 123 municípios do país, incluindo todas as
capitais, de 1º e 11 de outubro último. "Os resultados desse levantamento
permitem identificar discrepâncias entre as opiniões captadas e as estatísticas
oficiais", explicou a ministra Luiza Bairros.
Segundo o Mapa da Violência
no Brasil, 33.264 jovens afro descendentes foram mortos em 2010, contra 13.668
brancos - diferença de mais de 140% entre uns e outros. Entretanto, a pesquisa
do DataSenado revela que a percepção dominante entre a população e que brancos
e negros morrem na mesma proporção. Apenas uma pequena minoria dos
entrevistados — 2,4% — atribui a violência contra o negro à discriminação
racial. O presidente do Senado rememorou fatos de sua militância pela
causa dos negros. Lembrou que, como Presidente da República, criou a Fundação
Palmares, tombou (declarou sob proteção do Estado por seu valor histórico) a
Serra da Barriga e rompeu relações culturais e esportivas com a África do Sul
enquanto lá existisse o apartheid. Contra o regime de apartheid da África do
Sul o presidente Sarney, inclusive, discursou na Assembléia Geral da ONU. Sarney
ainda registrou que, desde seu primeiro mandato no Congresso Nacional, apoiou
todos os movimentos a favor da igualdade racial. Ressaltou sua participação na
aprovação da Lei Afonso Arinos, a primeira a criminalizar a discriminação
racial no Brasil.
Pesquisa e Parceria
Sobre o trabalho do DataSenado, coordenado pela pesquisadora Elga Teixeira Lopes, Sarney destacou que o dado mais surpreendente da pesquisa - a sociedade ainda não tem a percepção exata da seriedade das manifestações de racismo no Brasil. "Apenas metade da população acredita que ser negro ou ser branco afeta a vida de uma pessoa no Brasil. Menos de 22% dos negros declara que se sentiu discriminado por sua cor ou raça." Ministra da Igualdade Racial participa de ação conjunta com o Senado na campanha "Igualdade Racial é pra Valer". E prosseguiu: "Infelizmente, a realidade conflita com esta percepção. É verdade que a exclusão dos negros e da comunidade negra coincide em grande parte com a dos pobres. Mas, mesmo que superpostas, elas não podem ser confundidas. Os negros, entre os pobres, são os mais pobres; entre os que têm dificuldade de acesso à educação, os que têm mais dificuldade; entre os doentes, os mais graves; entre os que morrem vítima de violência, a ampla maioria." A parceria entre o Senado e a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) reforça a campanha "Igualdade Racial é Pra Valer". Lançada em março de 2011 pela ministra da SEPPIR, Luiza Bairros, a campanha quer reforçar – ou despertar - a consciência social para o problema da discriminação e incentivar iniciativas do Estado, do setor privado e da sociedade civil que contribuam para o respeito às diferenças. Dóris Romariz Peixoto, diretora- geral do Senado, e Fernando César Mesquita, diretor da Secretaria de Comunicação da Casa, também participaram do evento.
Você
Sabia?
Que Sarney
propôs cotas raciais em 1999
Sarney trabalhou ativamente contra a discriminação
racial, criou a Fundação Palmares e foi autor do primeiro projeto com objetivo
de instituir cotas de ação afirmativa para a população negra do país. O projeto
de Sarney, apresentado em 1999, previa cotas raciais no acesso a cargos e
empregos públicos, à educação superior e ao financiamento estudantil. Aprovado
pelo Senado em 2002, o texto (PLS
650/99) apresentado por Sarney foi enviado à Câmara dos Deputados,
que acabou por arquivá-lo. Ao justificar a apresentação do projeto, o senador
apontava para a rara presença de pessoas negras nas universidades brasileiras e
em postos de maior status na sociedade. "Iniqüidade flagrante
que desmente o mito da democracia racial no país", disse na ocasião. O
presidente Sarney sempre foi ligado à causa dos negros. Em 1961, como delegado
à Assembléia Geral da ONU, discursou contra o Apartheid, tema que retomou em
seu primeiro discurso quando abriu a Assembléia Geral como presidente do
Brasil. O Brasil impôs, em seu governo, sanções a África do Sul: a proibição de
exportar petróleo e derivados, armas e munições, licenças e patentes. Durante
as comemorações do Centenário da Abolição da Escravatura, criou a Fundação
Cultural Palmares, a primeira estrutura de Estado destinada à promoção da
população afrodescendente.
Mais
informações:
Confira a
seguir vídeo de Sarney comentando o assunto



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