segunda-feira, 21 de julho de 2014

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Entre o riso e o poder
José Sarney - Senador (PMDB/AP)
Não sei como olhar Macapá sem os Cabuçus ou eles de asa quebrada. Foi com grande comoção que recebi a notícia tão brutal da tragédia que foi a morte do Antônio de Pádua, de repente, desaparecendo como um suspiro e murchando como uma flor de nossos campos.
O LURDICO era carismático, grande criador, imaginador, improvisador que o povo se acostumou a alegrar seus instantes. Difícil imaginar que ele não existe mais. Era impossível pensar nesse vácuo, quando há poucos dias estávamos juntos, na nossa Convenção, ele com a sua alegria e sua personalidade voltada para o humor onde mostrava seu talento e sua personalidade.
Não era desses humoristas de fazer graça a todo tempo e ser engraçado. Guardava seu talento para sua arte, seu momento de criar seus quadros, seus diálogos e sua voz ganhar uma outra dimensão que era o instante da construção e criação do riso, da alegria, da sátira, da comédia, enfim, o teatro de divertir as pessoas. A fonte de sua criação era o povo e era lá que buscava a matéria prima para seu talento.
É com imensa tristeza que me associo às lágrimas da gente amapaense, principalmente os mais humildes, aqueles que constituíam o seu público e o seu batalhão de admiradores. A melhor maneira de reverenciar sua memória, é não deixar que desapareça o humor regional que eles criaram e que ele criou no cultivo da memória da infância, retratada nos menores detalhes, com uma riqueza de lembranças, que não eram só deles, mas de todos que viveram a infância nessas terras amazônicas do Amapá, entre rios, lagos, matas, campos e bichos. 
Os casos simples dos nossos caboclos, o sotaque, o linguajar e a linguagem popular que eles cultivavam era admirável. Está de luto a classe artística amapaense, a cultura de nosso estado e desaparece uma das juntas mais representativas e criativas de nossos talentos populares.

Compartilho com sua família com o mesmo pesar, com sua esposa, filhos, parentes e amigos e sobretudo me associo e me misturo às lágrimas de todos que guardarão a saudade e a dor de Lurdico, que até o nome deixou desaparecer de Antônio de Pádua para ser somente o Lurdico, de linguajar canoeiro e piadas cujo riso era carregado pelo vento para ser ouvido pelas águas do Amazonas e pelas árvores das florestas onde mora a solidão e viverão as histórias que nunca morrerão do Lurdico e Vardico, os juntos e irmãos de arte, os Cabuçus.

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