quarta-feira, 16 de julho de 2014

Presidente da China chega ao Congresso para sessão solene


O presidente da República Popular da China, Xi Jinping, chegou há pouco ao Congresso para a sessão solene, que celebra os 40 anos do estabelecimento das relações diplomáticas entre a China e o Brasil, a serem comemorados no dia 15 de agosto. A delegação chinesa está no país para a 6ª Cúpula do Brics (grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), encontro aberto na terça (15), em Fortaleza (CE). Todas as autoridades, incluindo o vice-presidente da República, Michel Temer, já estão no plenário da Câmara, onde a solenidade será realizada. Xi Jinping foi recebido com honras de chefe de estado, com os Dragões da Independência perfilados na rampa de acesso ao Salão Negro do Palácio do Congresso. Ele foi recebido no pé da rampa pelo primeiro-secretário do Senado, Flexa Ribeiro, e o primeiro vice-presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia. Eles foram ao encontro do presidente do Congresso Nacional, Renan Calheiros, e do presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves. Antes de irem ao Plenário, as autoridades, acompanhadas da comitiva chinesa, foram ao Salão Nobre do Senado para fotos oficiais da visita e assinatura dos Livros de Ouro do Senado Federal e Câmara dos Deputados. No Salão Verde, a comitiva passou pela exposição de fotos do 40º Aniversário do Estabelecimento das Relações Diplomáticas Sino-brasileiras.
Agência Senado

Relações sino-brasileiras

A cooperação Brasil-China, inaugurada com restabelecimento de relações em 1974 e reavivada com a visita presidencial de 1984 (presidente Figueiredo), ganhou força a partir de 1988, quando Sarney, então presidente da República, foi a China buscar novos investimentos externos e maior intercâmbio comercial. Na visita diversos acordos foram firmados, em setores como: exploração de petróleo, indústria siderúrgica, medicina e saúde, energia hidroelétrica, geociências, fármacos, madeireiro e energia nuclear. Também foram assinados protocolos para abertura de um consulado do Brasil em Xangai e um chinês em São Paulo. Á época, o ministro das Relações Exteriores, Roberto de Abreu Sodré, marcou: "A visita do presidente Sarney a Pequim representa um ponto alto das relações da política externa brasileira, iniciada a partir da busca de relacionamento com os países da América Latina e da África". O destaque especial da visita de Sarney a Pequim foi o Acordo sobre Pesquisas e Produção Conjunta do Satélite de Sensoriamento Remoto, que inaugurou o Programa Espacial Sino-brasileiro para lançamento de satélites de rastreamento terrestre. Esse acordo bilateral, que envolveu o Inpe (Instituto de Pesquisas Espaciais) e a Cast (Academia Chinesa de Tecnologia Espacial), permitiu aos dois países romper o bloqueio das nações desenvolvidas à transferência de tecnologias avançadas. Fruto de acordo inédito de cooperação entre dois países em desenvolvimento, essa parceria resultou no lançamento de um satélite sino-brasileiro, em 1999, e um segundo, em 2003.


Sarney e Deng Xiaoping

Quando Sarney se encontrou em Pequim com Deng Xiaoping, em 1988, o volume comercial entre China e Brasil era inferior a US$ 2 bilhões anuais. Segundo projeções da Balança Comercial brasileira, esta cifra ultrapassou US$ 50 bilhões em 2010. O crescimento extraordinário, na visão do embaixador da China no Brasil, Qiu Xiaogi, começou quando Sarney e Deng "abriram definitivamente as portas para o intercâmbio político, comercial e cultural entre os dois países". Testemunha do crescimento da parceria sino-brasileira, o diplomata chinês relata que naquele "momento histórico" da visita, os dois líderes analisaram o futuro do comércio mundial e anteviram: os dois países teriam posição de destaque no século 21. "Sarney e Xiaoping previram ainda que Brasil e China iriam, a partir daí, assumir relevância crescente nas esferas da economia internacional", registra o embaixador. Já em 1993, em visita ao Brasil, o então Primeiro Ministro Chinês Zhou Ronji, que cunhou o termo "parceria estratégica" para designar a relação Brasil-China como uma sinergia entre o maior país em desenvolvimento do hemisfério oriental com o maior país em desenvolvimento do hemisfério ocidental, relatava: "as relações entre os nossos países tiveram um expressivo incremento nos setores de infraestrutura, comércio bilateral e cooperação tecnológica, a partir da visita do presidente Sarney a Pequim." Em novembro de 2009, quando recebeu no Senado Jia Qinglin, presidente do Comitê Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, Sarney lembrou o encontro com Xiaoping, em 1988, que abriu caminho para a evolução nas relações entre Brasil e China. "O Brasil é um parceiro privilegiado chinês e nosso comércio multiplicou-se várias vezes". Segundo o presidente do Senado, a profundidade dessa aproximação está registrada na intensidade das trocas comerciais, nas relações culturais e na identidade política dos dois países nos foros internacionais. Chen Duqing, que foi embaixador da China no Brasil no período 2006-2009, lembra, por sua vez, que o dirigente Deng Xiaoping teria se reportado ao presidente José Sarney com uma frase de efeito para registrar as posições semelhantes adotadas nos organismos internacionais pelos dois países: "A China e o Brasil podem apertar o botão um pelo outro na hora da votação, porque a afinidade entre nossos países é muito grande".

Secretaria de Imprensa da Presidência do Senado 

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