segunda-feira, 21 de julho de 2014

Em visita ao Congresso, presidente da China diz que mundo deve buscar multipolaridade

Marcos Magalhães
A promoção da multipolaridade e a democratização das relações internacionais devem estar, neste momento, no centro da agenda global, disse nesta quarta-feira (16) o presidente da República Popular da China, Xin Jinping, em sessão solene no Congresso Nacional. Xi Jinping definiu como prioridades mundiais o desenvolvimento sustentável e a “salvaguarda da diversidade cultural”.
O mundo, segundo o presidente da China, passa por “profundas e complexas mudanças”. O poder dos países emergentes, a seu ver, cresce a cada dia, e a correlação de forças internacionais “evolui para uma direção mais favorável à salvaguarda da paz mundial”. No entanto, advertiu, o mundo ainda está longe de ser tranquilo e sofre as repercussões profundas da crise financeira internacional, além do desequilíbrio de desenvolvimento global, do “crescimento de hegemonia” e do que classificou de “neointervencionismo”.
Para enfrentar essa situação, recomendou Xin, China e Brasil – como maiores países em desenvolvimento do Oriente e do Ocidente – devem “cumprir ativamente suas responsabilidades internacionais” para promover o desenvolvimento da ordem internacional em uma direção “mais justa e razoável”.
- Devemos reforçar a coordenação e a colaboração nos mecanismos internacionais como a ONU, a OMC, o G-20, o Brics [Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul] e o Basic [Brasil, África do Sul, Índia e China], reunir forças dos países em desenvolvimento e participar ativamente da governança global, a fim de procurar mais direitos institucionais e à voz para países em desenvolvimento – defendeu Xin Jinping.
Brics
O presidente chinês esteve no Congresso Nacional depois de participar de dois dias de reuniões do Brics, em Fortaleza e Brasília. Durante o encontro, ficou acertada a criação do Banco de Desenvolvimento do Brics, uma instituição financeira comandada pelos principais países emergentes do mundo que servirá como espécie de contrapartida ao Banco Mundial, sempre comandado pelas principais potências ocidentais. O novo banco terá sede em Xangai, capital financeira da China.
Em Brasília, o líder chinês tem encontros previstos com presidentes da América Latina e do Caribe e também faz uma visita de Estado para celebrar os 40 anos do estabelecimento de relações diplomáticas entre Brasília e Beijing.
No Salão Verde da Câmara dos Deputados, a poucos metros de onde o presidente chinês fez seu pronunciamento, há uma exposição sobre as relações bilaterais nas últimas quatro décadas, com fotos de encontros como o do então presidente José Sarney com o líder chinês Deng Xiao Ping e do próprio Xin Jinping com a presidente Dilma Rousseff.
Em seu pronunciamento, o presidente chinês afirmou que uma “nova era” do relacionamento bilateral começou em 15 de agosto de 1974, quando o então presidente Ernesto Geisel anunciou o estabelecimento das relações com o governo de Beijing, no que foi considerado mais um gesto de sua política externa independente.
Xin recorreu a uma frase do antigo filósofo Confúcio, segundo a qual “quem tem mais de 40 anos está livre de perplexidade”, para observar que as relações entre os dois países estão “mais maduras e consolidadas”.
- A China tem sido o maior parceiro comercial do Brasil por cinco anos consecutivos. E o Brasil é o maior parceiro comercial e importante destino de investimento chinês na América Latina e no Caribe por longo período. A nossa cooperação pragmática não apenas abrange as áreas tradicionais comerciais, mas também tem se tornado tão diversificada na alta tecnologia que se estende desde espaço sideral até águas profundas, como satélites de recursos terrestres, jatos regionais, prospecção e exploração de petróleo no mar profundo e biotecnologia – lembrou Xin Jinping.
Para o líder chinês, o relacionamento bilateral é como um “navio navegando com vento em popa num rio largo e pacífico”. Ele lembrou que, em recente visita a Beijing, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, disse que a boa relação com a China é um consenso entre todos os partidos políticos no Brasil. O mesmo, observou o presidente, está se passando na China.
- Em todos os setores da sociedade chinesa vem crescendo o entusiasmo de adensar a cooperação com o Brasil – disse Xin Jinping, no primeiro momento de seu discurso em que foi aplaudido pelo Plenário da Câmara dos Deputados.
Agência Senado

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Acompanhe

Clique para ampliar