segunda-feira, 31 de maio de 2010

Elpídio Amanajas

O Honorável Cidadão Sarney

Que falta faz, mesmo depois dos 50 anos, não saber usar o talento e o faro jornalístico para registrar os fatos e recontar a história sem o ranço de frustração. Há os que se notabilizaram e são referências e podem até lisonjear-se por estar com a vida financeira e profissionalmente bem resolvidos, antes de completar 50 anos. Esses são os que ficam imortalizados pelas obras e se orgulham de poder chegar à terceira idade, imaculados, para desfrutar da vida após a aposentadoria, com dignidade.

Existem os que, ao perceber a velhice tentam compensar a perda de tempo usando a fórmula do ilusionismo para, num desespero compensador, conseguir algumas pratas. Mas o tempo é implacável para quem não se preparou para viver a era anciã com dignidade. O Escritor e jornalista Palmério Dória, lançou em novembro de 2009, o livro Honoráveis Bandidos - Editora Geração Editorial, fazendo um “retrato do Brasil na era Sarney”.

Adotando uma estratégia usada por autores consagrados, o livro foi exposto em espaço nobre nas vitrines de todos os aeroportos brasileiros e em grandes livrarias. Constatei in loco, durantes os meses em que viajei pelas regiões sul/sudeste/centro oeste e norte/nordeste deste País. Adquiri um exemplar para ler durante as viagens e certificar-me quanto ao conteúdo. Só então pude compreender a razão do fracasso editorial, resultando no encalhe, devolução e a manutenção dos livros no mesmo espaço nos aeroportos há exatos seis meses.

Como amapaense senti-me atingido pelo ataque cruel e implacável, pulverizando 50 anos de vida pública de um notável e honorável cidadão, há três mandatos representando o Amapá no Senado. Um cidadão que palmilhou todos os passos políticos até atingir a plenitude que é a presidência deste País e ser presidente do Senado por três mandatos, fato inédito na história do Brasil. O que ficou patenteado na forma com que o autor se debruça com esmero, para tentar disfarçar a trajetória desse brasileiro, no capítulo final do livro: O Brasil e o mundo em 80 anos de José Sarney.

É como diz o adágio popular: Não se atira pedras em árvores que não dá frutos. Enquanto isso vários jornais do Brasil inteiro dedicaram cadernos especiais no dia 24 de abril, quando José Sarney, ex-presidente do Brasil e presidente do Senado completou 80 anos de vida. Espaços generosos na mídia foram lhe dedicados no rádio e na televisão. Foi alvo de inúmeras homenagens. Houve a manifestação de reconhecimento e louvor ao Honorável Cidadão, José Sarney.

A biografia de José Sarney está disponível em vários acervos e também pela internet. O que este homem fez pelo nosso País está registrado e mesmo o mais ferino inimigo dele, há de reconhecer que é impossível tapar o sol com a peneira. Basta fazer um quadro comparativo do Brasil e do Amapá antes e agora com Sarney. E nem precisa ser um admirador e um profissional grato, por ter conseguido realizar ações que veem contribuindo para despertar o interesse de empreendedores para o Estado do Amapá, por meio do Senador, sempre pronto a estender a mão para agilizar e atender as representações do Estado nas mais diversas reivindicações, tornando-se a mais importante personalidade da bancada amapaense no Congresso Nacional.

Quanto ao jornalista e escritor Palmério Dória, o menino que nasceu em Santarém, no Pará, foi criado em Belém por um padre e teve como primeiro emprego espanar os livros da biblioteca do cônego da cidade. O autor de Evasão de Privacidade, livro que reúne uma penca de entrevistas picantes, quando diretor de redação da Revista Sexy em 1992. O livro traz trechos das entrevistas realizadas em sete anos de comando da publicação. A publicação dessas entrevistas feitas há 18 anos, embora autênticas, remexe o passado de agora respeitáveis senhoras e senhores, são corrosivas. Armadas para funcionar como bomba de efeito retardado para quem, embora não negue o passado, quer viver o presente em paz. E pela declaração dele, publicada pela jornalista, Marianne Piemonte, quando do lançamento do livro: Na Cama com as Celebridades, fica bem patente que, não há a mínina preocupação com os sentimentos ou prejuízos alheios. Ele desperta a ira de quem está no livro. Sente prazer nisso.

Quem teve o desprazer de ler os Honoráveis Bandidos, percebeu claramente que existe uma secreta, mas não disfarçada intenção do autor em tornar-se um, a todo custo, mesmo que para isso tenha que ensanguentar a biografia de quem possa render bons motivos para vender livros. Só que com esta edição chega de forma avassaladora o fracasso editorial.


ELPIDIO AMANAJAS

Jornalista MTB 8468/DF
E-mail:
eamanajas@yahoo.com.br

FONTE: Artigo publicado no Site da CNBB, Jornal o Diário de Barretos(SP), Jornal Dois Irmãos(RS)e vários Jornais do Amapá

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