Nos últimos 20 anos, propostas do Executivo chegaram a quase 80% do total aprovado na Casa. Projeto em tramitação na Câmara estabelece cota mínima de 30% de propostas de iniciativa de deputados na pauta do Plenário.
Atualmente, a grande maioria das propostas aprovadas pelo Parlamento tem origem no Executivo - situação que é alvo de críticas tanto de deputados do governo quanto da oposição. Nesse sentido, o deputado Domingos Dutra (PT-MA) apresentou, em fevereiro deste ano, um projeto de resolução (PRC 11/11) que altera o Regimento Interno da Câmara para determinar que no mínimo 30% das propostas incluídas na Ordem do Dia em cada sessão ordinária sejam de iniciativa de deputados. Pelo menos outras duas propostas de resolução já foram apresentadas na Câmara com objetivos semelhantes (PRCs 95/00 e 215/05, ambas arquivadas).
Segunda pesquisa de Moisés, contudo, essas prerrogativas não invalidam o fato de que as propostas do Executivo têm prioridade na agenda legislativa. De acordo com o cientista político, das 2.310 iniciativas propostas pelo Executivo e aprovadas entre 1995 e 2006, 73,8% foram de leis orçamentárias e de crédito, além de medidas provisórias. Contudo, ao analisar somente os projetos de lei apresentados e aprovados no período (996), a conclusão é de que ainda assim 61% deles eram originários do Executivo e apenas 39%, do Legislativo.
No entanto, para o líder do PT na Câmara, deputado Paulo Teixeira (SP), a proposta de Domingos Dutra não retira qualquer direito dos líderes: "É apenas um estabelecimento de parâmetros que, em princípio, estão corretos, já que hoje o Legislativo tem sempre celeridade nos projetos do Executivo, mas nem sempre estuda e se debruça sobre os próprios projetos do Parlamento".
O líder do bloco que reúne PR, PRB, PTdoB, PRTB, PRP, PHS, PTC e PSL, deputado Lincoln Portela (PR-MG), também vê mérito na iniciativa. Ele acredita que a proposta de Dutra no mínimo coloca em pauta a prioridade "exagerada" dada às propostas do Executivo. "O importante é o debate. Como os líderes vão lidar com isso, veremos em um momento posterior. A ideia agora é trazer à luz uma dificuldade que enfrentamos no Parlamento", disse.
Íntegra da proposta:
Edição - Marcos Rossi
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