quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Campanha enfatiza violência sutil contra mulheres

A campanha ocorre em 159 países de 25 de novembro a 10 de dezembro

A campanha "16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres", lançada na Câmara nesta quarta-feira, terá como foco a chamada violência sutil - atos de violência moral, psicológica e de controle econômico, entre outros, considerados "normais" ou "naturais" pelo fato de estarem arraigados na sociedade e de não serem claramente percebidos como violência pelas próprias mulheres.

O movimento acontece desde 1991 em 159 países e é coordenado pela organização não governamental Ações em Gênero, Cidadania e Desenvolvimento (Agende). A diretora da ONG, Marlene Libardoni, explica que a violência sutil é quase imperceptível e geralmente é banalizada tanto por homens como por mulheres. Ela citou o exemplo da estudante da Uniban, hostilizada pelos colegas porque usava um vestido curto. "Esse episódio choca tremendamente porque, neste século, uma mulher é vista desta maneira porque andou com uma minissaia, quando muitas de nós usamos minissaias iguais à dela. É intolerável que um grupo tão grande de alunos, de colegas, homens e mulheres tenham tomado esta atitude contra ela."A campanha conta com o apoio da bancada feminina da Câmara. Coordenadora da bancada, a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) disse que as parlamentares estão especialmente empenhadas na luta contra a flexibilização da Lei Maria da Penha.Cestas básicas Segundo Alice Portugal, a bancada feminina vai convidar a farmacêutica Maria da Penha para um debate sobre o tema no mês que vem. A ideia é impedir que o agressor pague por seu crime com cestas básicas. "É uma lei que de fato coloca em ordem e criminaliza o agressor, mas infelizmente a Lei Maria da Penha vem sofrendo agressões terríveis, agora no Senado, no processo de reforma do Código de Processo Penal."A representante da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres Kátia Guimarães ressaltou que a Central de Atendimento à Mulher (número 180) registrou, neste ano, cerca de 116 mil ligações. "Isso significa que ainda temos estatísticas elevadas de mulheres que se encontram nessa situação (de violência). A tentativa de dar visibilidade à campanha dos 16 dias tem, sobretudo, a finalidade de mostrar que existem hoje, no governo federal, canais de serviços que atendem a essas mulheres."

Coragem para denunciar


Para a deputada Janete Capiberibe (PSB-AP) a campanha é uma forma de encorajar a mulher a denunciar situações de violência. Luiza Erundina (PSB-SP) destacou que faz sentido a edição anual da campanha porque a luta para eliminar a violência contra a mulher é um processo lento. "A campanha deve ser fortalecida e a compreensão da sociedade sobre sua importância deve ser ampliada." A campanha é desenvolvida no Brasil por meio de uma rede de parcerias nacionais, estaduais e municipais, entre os dias 20 de novembro a 10 de dezembro; e em mais 158 países de 25 de novembro a 10 de dezembro.Números Uma pesquisa do Data Senado, feita neste ano, aponta que 62% das entrevistadas disseram conhecer mulheres que já sofreram violência doméstica e familiar. Entre os tipos de violência sofrida, as mais citadas foram a física (55%), a moral (16%) e a psicológica (15%). De acordo com um levantamento promovido em 2002 pela Fundação Perseu Abramo, no Brasil a cada 15 segundos uma mulher é espancada pelo marido ou companheiro.



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Reportagem - Idhelene Macedo/ Rádio CâmaraEdição - Regina Céli Assumpção

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