sexta-feira, 17 de maio de 2013

Artigo: "Bob Pai, Bob Filho: educação se aprende em casa"


Por Jair Borges*

Houve um tempo em que as famílias não transferiam a responsabilidade de educar à escola. Naquela época o professor era respeitado por todos e os pais dos alunos tinham este profissional como alguém que iria contribuir fundamentalmente para a construção de um futuro promissor de seus filhos. Era comum a presença deles nas escolas acompanhando o processo de instrução dos seus filhos. Sim, instruir era a tarefa primordial da escola. Educar cabia à família. Há de se considerar é claro que era um outro tempo, outros valores, outras ideias. Lembro que em qualquer sala de aula haviam vários que ao responder a clássica pergunta de o que queriam ser quando crescessem, diziam querer tornar-se professores. Era uma profissão inspiradora... Bons tempos! Diante do achincalhado tratamento dispensado aos professores estaduais na atual gestão é difícil esta profissão ser inspiradora de gerações. O professor tornou-se persona non grata do governador. Joga-los de encontro à sociedade tornou-se o esporte predileto dos atuais gestores estaduais de educação. Para o azar de todos isso se traduz em desmotivação, em aulas não desafiadoras, em profissionais ressentidos e desestimulados. Doar um notebook com discurso de que isso por si só revoluciona  a educação é um pensamento muito pequeno, diria até medíocre. Quero mesmo um salário digno que me permita adquirir o notebook ou qualquer outro equipamento que eu julgar necessário à minha vida profissional e pessoal. É particularmente humilhante aos professores aquela placa de patrimônio do GEA ostentado nos notebooks entregues, sem falar no adesivo com a propaganda institucional que “enfeita” tais equipamentos. Imagine médicos ostentando seus estetoscópios com identificação patrimonial ou ainda juízes ou desembargadores com suas magníficas canetas com o mesmo apetrecho. Impensável! Recomendo ao atual mandatário do Palácio do Setentrião, já que se encontra nos Estados Unidos,  que assista a um filme hollywoodiano  “Mr Holland, Adorável Professor”. Nesta película ele terá oportunidade de aprender muito sobre o que é ser professor e a responsabilidade social que é peculiar de tal ofício.  O mais curioso diante dos últimos acontecimentos é que a famigerada  "harmonia entre os poderes", denunciada com veemência na campanha eleitoral, foi agora reeditada pelo atual governo. Senão, vejamos: Executivo manda projeto de incorporação da regência às escuras para o Legislativo que por sua vez, aprova com rapidez meteórica e o Judiciário torna a greve ilegal. Enfim, todos estes que ocupam hoje cargos públicos passaram pelas mãos dos professores. Me pergunto, onde foi que erramos? A culpa é nossa mesmo?  Iniciei este artigo falando da relação entre quem ensina e quem aprende. Então,analisando mais detidamente vamos ver  que esta tarefa é iniciada na família entre pais e filhos e, considerando a ascendência do atual governador, entendemos com clareza o porquê dele tomar estas atitudes contra os professores. Remete ao antigo desenho animado Bob Pai e Bob Filho... Resta-nos lamentar e esperar por 2014...

* Jair Borges é coordenador pedagógico da rede estadual de ensino e professor universitário

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