Por Jair Borges*
Houve um tempo em que as famílias não transferiam a
responsabilidade de educar à escola. Naquela época o professor era respeitado
por todos e os pais dos alunos tinham este profissional como alguém que iria contribuir
fundamentalmente para a construção de um futuro promissor de seus filhos. Era
comum a presença deles nas escolas acompanhando o processo de instrução dos
seus filhos. Sim, instruir era a tarefa primordial da escola. Educar cabia à
família. Há de se considerar é claro que era um outro tempo, outros valores,
outras ideias. Lembro que em qualquer sala de aula haviam vários que ao
responder a clássica pergunta de o que queriam ser quando crescessem, diziam
querer tornar-se professores. Era uma profissão inspiradora... Bons tempos! Diante
do achincalhado tratamento dispensado aos professores estaduais na atual gestão
é difícil esta profissão ser inspiradora de gerações. O professor tornou-se
persona non grata do governador. Joga-los de encontro à sociedade tornou-se o
esporte predileto dos atuais gestores estaduais de educação. Para o azar de
todos isso se traduz em desmotivação, em aulas não desafiadoras, em
profissionais ressentidos e desestimulados. Doar um notebook com discurso
de que isso por si só revoluciona a educação é um pensamento muito
pequeno, diria até medíocre. Quero mesmo um salário digno que me permita
adquirir o notebook ou qualquer outro equipamento que eu julgar necessário à
minha vida profissional e pessoal. É particularmente humilhante aos professores
aquela placa de patrimônio do GEA ostentado nos notebooks entregues, sem falar
no adesivo com a propaganda institucional que “enfeita” tais equipamentos.
Imagine médicos ostentando seus estetoscópios com identificação patrimonial ou
ainda juízes ou desembargadores com suas magníficas canetas com o mesmo
apetrecho. Impensável! Recomendo ao atual mandatário do Palácio do Setentrião,
já que se encontra nos Estados Unidos, que assista a um filme
hollywoodiano “Mr Holland, Adorável Professor”. Nesta película ele terá
oportunidade de aprender muito sobre o que é ser professor e a responsabilidade
social que é peculiar de tal ofício. O mais curioso diante dos últimos
acontecimentos é que a famigerada "harmonia entre os poderes",
denunciada com veemência na campanha eleitoral, foi agora reeditada pelo atual
governo. Senão, vejamos: Executivo manda projeto de incorporação da regência às
escuras para o Legislativo que por sua vez, aprova com rapidez meteórica e o
Judiciário torna a greve ilegal. Enfim, todos estes que ocupam hoje cargos
públicos passaram pelas mãos dos professores. Me pergunto, onde foi que
erramos? A culpa é nossa mesmo? Iniciei este artigo falando da relação
entre quem ensina e quem aprende. Então,analisando mais detidamente vamos
ver que esta tarefa é iniciada na família entre pais e filhos e,
considerando a ascendência do atual governador, entendemos com clareza o porquê
dele tomar estas atitudes contra os professores. Remete ao antigo desenho
animado Bob Pai e Bob Filho... Resta-nos lamentar e esperar por 2014...
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