“Com quem tu vás?”
Surpreendentemente a direção do PT/AP soltou uma
nota, revelando um rumo diferente do que muita gente estava imaginando que o
partido tomaria, no que respeita a aliança com PSB. A nota, aliás, vem numa
linguagem rebuscada, cheia de clichês, com frases feitas e, ao estilo meio pau
meio tijolo. É público que o Governo do PSB defenestrou uma ruma de petistas,
deixando uma “meia dúzia de gatos pingados” em cargos menos importantes. Figuras
exponenciais do petismo amapaense já falaram aos quatro cantos que o PSB não
cumpre os acordos e que só uma parte do PT tem se beneficiando do governo
socialista, em detrimento do crescimento da agremiação. A cada eleição o PT no
Amapá vem definhando, enquanto em outras partes do Brasil a sigla ganha tutano.
Pra quem já teve bancada na Assembléia e boa representatividade na Câmara
Federal, hoje o PT sequer conseguiu eleger um deputado estadual, embora tenha
uma cadeira na Câmara, a deputada Dalva Figueiredo. Os dois que ocupam cadeira
na AL, são suplentes – Joel Banha e Zé Luiz – consequência do afastamento de
dois deputados, titulares, do PSB. A nota vem carregada de fisiologismo, coisa
que o PT “abomina”, quando destaca no primeiro ponto uma “repactuação” com
claro objetivo da retomada dos cargos. O segundo ponto parece meio estranho,
mas dá para entender que, nessa repactuação, devem ser contemplados os que tem
mandato e os que mandam no partido, como forma de fortalecer a agremiação
(sic). Fico aqui com os meus botões perguntado:
Por quê um partido que chegou a presidência da República, governa o país
desde 2003 e tem uma dimensão politica com visibilidade internacional, precisa
se humilhar a tal ponto? Com suas últimas posições e medidas claras, o PSB deu
a entender que ou o PT não tem quadro competente para tocar alguns setores no
Governo, especialmente os estratégicos, ou simplesmente não lhe interessa tal
companhia. Outra coisa que me deixa a refletir é que PT fala tanto em
transparência e democracia, mas na Nota publicada, ontem, simplesmente manda
calar a boca de quem pensa diferente dos que estão apegados às pontinhas dadas
pelo PSB. Um dos principais argumentos que a elite dominante do PT utiliza para
dar um pito nos “incomodados” do partido
é de que tem que ficar unido ao PSB,
tendo em vista que a reeleição de Dilma é mais importante. Como assim? Será que
os caciques do PT/AP ainda não sabem que o PSB já tem um pré-candidato a
presidente, o atual governador Eduardo Campos, do Pernambuco? É este senhor,
tido como “dono” do PSB nacional, que pretende tirar a Dilma do poder. Então
como se vão coligar dois partidos que, em nível nacional, tem seus candidatos a
presidente? Em última análise, acabo escutando a voz dos petistas opositores
dos que dominam o partido no Amapá. Alguns deles, como Jaezer Dantas, que não
se esconde e vai ao twitter para
classificar essa posição do PT como “dança de rato e sapateado de catita”. Para
ele, historicamente, quem decide com quem o PT vai, é o Diretório Nacional.
Assim tem sido em todas as eleições, e pelo jeito, não será diferente em 2014,
apesar da postura dos que hoje controlam o partido no Amapá.
Olimpio Guarany é jornalista, analista
politico, economista e professor universitário.
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