segunda-feira, 19 de maio de 2008

18 de Maio





DIA NACIONAL DO COMBATE AO ABUSO E À EXPLORAÇÃO SEXUAL DAS CRIANÇAS E DOS ADOLESCENTES “
Por Carmen Coutinho*


Dia para divulgar o repúdio da sociedade às pessoas embrutecidas, arbitrárias e frustradas que agem contra crianças e adolescentes. Infelizmente, nesse ano, dia 18 é domingo ... Mas será que um dia de “grito de revolta” é suficiente para modificar “hábitos e costumes” de pessoas covardes e ignorantes (no sentido amplo da palavra)? Fico na dúvida se esses agressores tomarão conhecimento, pela tv ou pelos jornais, sobre o “grito” da sociedade e se “vestirão a carapuça”. Afinal, domingo é dia de jogar “uma pelada”, encher a cara no boteco, churrasco com amigos e futebol. Então, o que fazer? Punições mais rigorosas? Mais recursos em educação para que as futuras gerações não pratiquem os mesmos absurdos? Criação de um serviço de voluntariado, incluindo estudantes de psicologia, assistência social, direito etc, que visitem, periodicamente, comunidades carentes e outros locais denunciados? Tudo isso e muito mais! Constatamos que todo adulto que foi martirizado (física e/ou psicologicamente), na infância ou na adolescência, acaba praticando os mesmo atos. Incoerência? Sim, mas é fato. Somente com oportunidades de inclusão num mundo “normal” (com educação, emprego, vida social, cultural, lazer), as próximas gerações se tornarão cidadãos dignos e civilizados. Enquanto isso não acontece, continuaremos a nos estarrecer com notícias que nos tiram o sono. Isoladamente pouco podemos fazer. Sentimo-nos, então, frustrados e impotentes. Mas a culpa também é de cada um de nós: fazemos a nossa parte ao pagarmos impostos, elegermos alguém etc. Mas a grande maioria se preocupa em cobrar resultados desses “investimentos”? Ontem, presenciei uma empregada doméstica contanto à caixa do supermercado sobre os maus-tratos praticados por uma moça que cuida de uma velhinha com alzheimer, na casa onde trabalha. Já teria relatado isso ao filho e à nora da senhora (donos da casa, localizada no Lago Sul – área nobre de Brasília) que, simplesmente, ignoraram. Fiz de tudo para convencê-la a denunciar ou dar-me o endereço, para que eu o fizesse. Mas ela, com receio, foi saindo “de fininho”: não queria envolver-se em algo que “não lhe diz respeito”. Até quando não lhe “dirá respeito”? Ela também não vai envelhecer? Donde se depreende que a violência nos lares, seja contra crianças, adolescentes ou idosos, faz parte de uma sociedade sem idéia do que seja respeito ao ser humano, independente de classe social. Se a indiferença das pessoas já começa na família, imagine quanto aos demais problemas do País!!! Apesar de tudo isso, meus parabéns às bem-intencionadas, porém ingênuas, pessoas que criaram esse “Dia”! Pelo menos é um alento saber que alguém, nesse Brasil, ainda se importa e se envolve.

Carmen Coutinho é jornalista em Brasília

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