Sarney defende resgate da dívida do Brasil com os afro-descendentes
O senador e ex-presidente da República, José Sarney (PMDB-AP), foi destaque, no Plenário do Senado Federal, da sessão em homenagem aos “120 Anos da Abolição da Escravidão”. Com emoção, iniciou seu discurso lembrando a grande dívida do País com a raça negra. Disse que, justamente por esta dívida, há 20 anos, quando da comemoração do “Centenário da Abolição”, quando era Presidente da República, criou a criação da Fundação Palmares: “Carlos Moura está aqui ao meu lado – trabalhou junto comigo naquele momento na concepção do que seria esta entidade que realmente tem-se firmado, a cada dia, como um ponto de referência para resgatar a nossa dívida com os negros do Brasil”. Na mesma época, Sarney, visando resgatar a memória histórica, tombou a Serra da Barriga, considerado patrimônio nacional e símbolo da luta de Zumbi dos Palmares. Lembrou que, na Lei da Fundação Palmares, no art. 3º, ele garantiu o “respeito pelas terras dos quilombolas, que até hoje assegura àquelas antigas populações e seus descendentes a propriedade de suas terras”. Nas Nações Unidas, como presidente, Sarney teve a oportunidade de proclamar: “somos um país mestiço e que, ao mesmo tempo, nos orgulhamos de ser o segundo país negro do mundo. Naquele tempo também recordei que, em 1961, eu estava nas Nações Unidas e fui uma das primeiras vozes levantadas contra o apartheid na África do Sul, tanto me revoltava o que lá acontecia. E, como presidente, rompi as nossas relações culturais, políticas e esportivas com a África do Sul enquanto lá existisse o apartheid”. Sarney lembrou, também, que foi o primeiro a apresentar projeto com a destinação de cotas para o resgate da dívida brasileira para com os afro-descendentes, tendo participado, juntamente com Afonso Arinos, das primeiras discussões sobre a questão: “Não só estive acompanhando Afonso Arinos no tempo em que fez a lei contra a discriminação, mas durante o governo tivemos oportunidade também de leis contra crimes raciais. Fui eu que fiz o primeiro projeto, colocando em debate neste País o problema da cota em relação aos negros do Brasil. A Lei de Cotas, que se discute até hoje, o projeto inicial foi lançado por mim, aqui.E quando hoje se contesta, devo dizer que, nos Estados Unidos, quando esse sistema foi lançado, um negro em quinze eram da classe média; depois, de três, um pertence à classe média”. Depois de dar uma verdadeira aula sobre o processo de abolição dos escravos no Brasil e a influência positiva da África na formação do povo brasileiro, sendo interrompido por diversas vezes pelos aplausos, Sarney ressaltou que as poucas linhas da Lei Áurea representaram a liberdade para milhares de negros, apesar de não dar a eles a independência total. Ele lembrou que embora os negros sejam 45% da população brasileira, segundo recente pesquisa, eles representam 64% dos pobres do país. Para o senador, esses números demonstram a dívida que o país ainda tem com essa parcela da população: “Mas a Lei, como eu disse, são quatro linhas: É declarada extinta, a partir desta data, a escravidão do Brasil. Mas nessas palavras estão rios de sofrimento, estão correntes de sangue, estão lagos de torturas do que foi o sofrimento do povo negro no nosso País. Mas também está presente a luta de quantos brasileiros se uniram para que ela se tornasse realidade”. Por requerimento dos senadores Cristovam Buarque (PDT-DF), Paulo Paim (PT-RS) e Aloizio Mercadante (PT-SP), a solenidade foi presidida pelo Presidente do Senado Federal, Senador Garibaldi Alves Filho, e contou com a participação do Primeiro-Ministro da Áustria, Alfred Gusenbauer, o Reitor da Universidade dos Palmares, Professor José Vicente; Sr. Milton Gonçalves, diversos senadores e expressivos representantes de lideranças negras do País.
O senador e ex-presidente da República, José Sarney (PMDB-AP), foi destaque, no Plenário do Senado Federal, da sessão em homenagem aos “120 Anos da Abolição da Escravidão”. Com emoção, iniciou seu discurso lembrando a grande dívida do País com a raça negra. Disse que, justamente por esta dívida, há 20 anos, quando da comemoração do “Centenário da Abolição”, quando era Presidente da República, criou a criação da Fundação Palmares: “Carlos Moura está aqui ao meu lado – trabalhou junto comigo naquele momento na concepção do que seria esta entidade que realmente tem-se firmado, a cada dia, como um ponto de referência para resgatar a nossa dívida com os negros do Brasil”. Na mesma época, Sarney, visando resgatar a memória histórica, tombou a Serra da Barriga, considerado patrimônio nacional e símbolo da luta de Zumbi dos Palmares. Lembrou que, na Lei da Fundação Palmares, no art. 3º, ele garantiu o “respeito pelas terras dos quilombolas, que até hoje assegura àquelas antigas populações e seus descendentes a propriedade de suas terras”. Nas Nações Unidas, como presidente, Sarney teve a oportunidade de proclamar: “somos um país mestiço e que, ao mesmo tempo, nos orgulhamos de ser o segundo país negro do mundo. Naquele tempo também recordei que, em 1961, eu estava nas Nações Unidas e fui uma das primeiras vozes levantadas contra o apartheid na África do Sul, tanto me revoltava o que lá acontecia. E, como presidente, rompi as nossas relações culturais, políticas e esportivas com a África do Sul enquanto lá existisse o apartheid”. Sarney lembrou, também, que foi o primeiro a apresentar projeto com a destinação de cotas para o resgate da dívida brasileira para com os afro-descendentes, tendo participado, juntamente com Afonso Arinos, das primeiras discussões sobre a questão: “Não só estive acompanhando Afonso Arinos no tempo em que fez a lei contra a discriminação, mas durante o governo tivemos oportunidade também de leis contra crimes raciais. Fui eu que fiz o primeiro projeto, colocando em debate neste País o problema da cota em relação aos negros do Brasil. A Lei de Cotas, que se discute até hoje, o projeto inicial foi lançado por mim, aqui.E quando hoje se contesta, devo dizer que, nos Estados Unidos, quando esse sistema foi lançado, um negro em quinze eram da classe média; depois, de três, um pertence à classe média”. Depois de dar uma verdadeira aula sobre o processo de abolição dos escravos no Brasil e a influência positiva da África na formação do povo brasileiro, sendo interrompido por diversas vezes pelos aplausos, Sarney ressaltou que as poucas linhas da Lei Áurea representaram a liberdade para milhares de negros, apesar de não dar a eles a independência total. Ele lembrou que embora os negros sejam 45% da população brasileira, segundo recente pesquisa, eles representam 64% dos pobres do país. Para o senador, esses números demonstram a dívida que o país ainda tem com essa parcela da população: “Mas a Lei, como eu disse, são quatro linhas: É declarada extinta, a partir desta data, a escravidão do Brasil. Mas nessas palavras estão rios de sofrimento, estão correntes de sangue, estão lagos de torturas do que foi o sofrimento do povo negro no nosso País. Mas também está presente a luta de quantos brasileiros se uniram para que ela se tornasse realidade”. Por requerimento dos senadores Cristovam Buarque (PDT-DF), Paulo Paim (PT-RS) e Aloizio Mercadante (PT-SP), a solenidade foi presidida pelo Presidente do Senado Federal, Senador Garibaldi Alves Filho, e contou com a participação do Primeiro-Ministro da Áustria, Alfred Gusenbauer, o Reitor da Universidade dos Palmares, Professor José Vicente; Sr. Milton Gonçalves, diversos senadores e expressivos representantes de lideranças negras do País.
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