“Problema não é de geração”
Na avaliação do físico Luiz Pinguelli Rosa, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o apagão que afetou vários estados brasileiros na noite de terça-feira (10) não indica um problema de fornecimento de energia no país, mas de gestão de linhas de transmissão de longa distância.
“O sistema de interligação é necessário em um país que usa muitas hidrelétricas, mas precisa ter uma gestão melhor”, disse. “Não tivemos problema de energia, nós temos água, temos hidrelétricas disponíveis e o combustível para elas, o que tivemos foi um problema elétrico.”
“No mundo todo se dedica atenção a esse problema, de ter redes mais inteligentes, chamadas smart grid, de energia elétrica.”
A lição do apagão de ontem, portanto, seria a necessidade de assegurar um “ilhamento”, um isolamento de problemas que evite a propagação de falhas. O efeito dominó registrado ontem acabou isolando uma usina com 14 gigawatts de potência, fundamental para o fornecimento de todo o país. “Segurança absoluta na engenharia não existe. Não se pode garantir 100% nada, mas tem de se minimizar esse risco e estamos notando que isso não vai bem.”
“(Esse desafio) é característico de um país hidrelétrico. Em um país cuja geração hidrelétrica não é porcentualmente importante, a geração está em toda parte, em qualquer lugar você tem usina”, explicou Pinguelli Rosa. “No Canadá e no Brasil, com geração hidrelétrica concentrada, já há esse problema. Você tem de trazer muita energia a uma distância muito grande.”
“Tudo indica que houve fenômeno atmosférico intenso, um temporal que rompeu a linha elétrica”, disse Pinguelli Rosa, que coordena o Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas. Ele avalia que, progressivamente, as alterações do clima vão exigir adaptações do país para fazer frente a tempestades mais frequentes e para fazer gestão da água.
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