O senador Papaléo Paes (PSDB-AP) manifestou, nesta segunda-feira (22), sua preocupação com o aumento do consumo e comercialização do crack em diversas capitais do país, com destaque para São Paulo e Rio de Janeiro. Ele lamentou que embora o Ministério da Saúde tenha anunciado verba de R$ 120 milhões para melhoria do serviço público de saúde mental, as autoridades públicas têm oferecido um atendimento precário para os usuários de drogas pesadas como o crack - derivado da cocaína de qualidade inferior, porém mais tóxico - e da própria cocaína.
- O mais triste ainda é ver o iniciante no uso do crack que, em uma semana, já está completamente viciado - lamentou.
O parlamentar criticou também o fato de a Polícia Federal estar aparentemente dotada de equipamento moderno para rastreamento de drogas e, no entanto, não conseguir identificar as rotas do tráfico e nem onde ficam armazenadas as drogas.
Papaléo Paes também foi crítico em relação ao desempenho do governo de São Paulo no combate ao crack, apesar das tentativas de combate ao uso da droga, especialmente no centro da capital, na área chamada Cracolândia. Para ele, as políticas públicas de segurança e de educação são insuficientes para o combate eficiente.
- No quadro de um novo perfil sociológico, nunca é tarde lembrar que o crack, antes usado apenas por marginais e menores de rua, há algum tempo invadiu o espaço nobre da classe média. No entanto, o consumo da droga entre a população mais abastada ainda não se faz visível nas pesquisas dos órgãos de saúde - lamentou mais uma vez.
O senador, no entanto, relatou que o presidente do Conselho Municipal de Drogas e Álcool de São Paulo, Luis Alberto Chaves de Oliveira, já constatou que pessoas de classe mais abastada como médicos, publicitários, advogados e estudantes universitários vêm consumindo o crack.
O parlamentar informou ainda que dados do Censo 2009 comparados com o Censo de 2000 mostram um aumento de 44% no número de pessoas que vivem nas ruas de São Paulo, de 9 mil para 13 mil em nove anos, em especial pessoas com até 30 anos.
No Amapá, descreveu o senador, a situação não é diferente, sendo que o estado é rota de distribuição da droga para outros estados, vinda por meio da região de fronteira, do Suriname, conforme denúncia da promotoria de Macapá.Papaléo relatou que em agosto de 2009 a policia civil apreendeu 500 pedras de crack. O avanço das drogas no estado tem sensibilizado as autoridades desde 2004. Disse também que o 4º Batalhão de Santana da Polícia Militar apreendeu cem "cabeças" da droga pouco antes do carnaval de 2010.
No Rio de Janeiro, acrescentou, há dois anos o crack não existia e agora já responde por 30% do uso e comercialização de drogas, segundo o Núcleo de Atenção e Pesquisas ao Uso de Drogas (Nepad), da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).
Papaléo afirmou que as unidades públicas de atendimento no país não estão preparadas para lidar com a complexidade do problema e com os viciados em crack. Para o parlamentar, a droga está atravessando "as frágeis fronteiras da conduta do poder público".
Da Redação / Agência Senado
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