Isabela Almeida, de 18 anos, morreu após um acidente de carro, no dia 9 de março deste ano, no município de Cocalzinho (GO), há cerca de 100 quilômetros de Brasília. Apesar de ter manifestado em vida o desejo de que todos os seus órgãos fossem doados para transplante, apenas os rins e as córneas foram retirados a tempo de serem utilizados em cirurgias realizadas no DF. O relato foi feito pelo senador Geovani Borges (PMDB-AP), durante pronunciamento nesta sexta-feira (15), e expõe, de acordo com o parlamentar, a burocracia e a estrutura insuficiente para a realização de transplantes no país.
- Numa situação em que a tristeza e a dor extrema se misturam a um ato de solidariedade para com os que ainda têm chance de viver, as esperanças são sepultadas junto com os doadores de órgãos. A burocracia e a falta de infraestrutura e logística ameaçam o aproveitamento de órgãos quem podem salvar vidas - lamentou.
O senador citou dados do Ministério da Saúde que apontam o crescimento de 14% no número de doações de órgãos no Brasil no último ano, o que levou o país a atingir a marca histórica de 9,9 doadores por milhão de pessoas. No entanto, segundo o parlamentar, os números ainda "estampam a imensa disparidade no país". Ele citou, por exemplo, que São Paulo foi responsável por 47% dos transplantes de órgãos em 2010 enquanto estados como Tocantins, Roraima e Amapá não realizaram nenhuma cirurgia do tipo no ano passado. Para tentar reduzir as desigualdades, o senador informou que o governo federal pretende criar polos "transplantadores" que serão responsáveis pelo cadastro de doadores e pelo transporte de órgãos em determinadas regiões.
- Sonhamos com o dia em que nossos doentes possam realizar os transplantes no próprio estado do Amapá, ainda tão incipiente nessa modalidade de socorro médico. São sonhos como foi o de Isabela e sua família, como foi o de minha irmã Nilda que também morreu em um acidente de carro e não pode doar seus órgãos - disse.
Da Redação / Agência Senado
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