Justiça bloqueou
bens de 21 dos 24 deputados do estado.
Tem até compra de
ração para cachorro nas despesas parlamentares.
Um imenso esquema de
notas fiscais frias levou a Justiça a bloquear bens de 21 dos 24 deputados
estaduais do Amapá. Tem até compra de ração para cachorro nas despesas
parlamentares. A reportagem especial começa mostrando flagrantes de corrupção, em
dinheiro vivo. Quem registrou a entrega do dinheiro a um servidor público foi o
próprio empresário que pretendia se dar bem. “Estou indo agora, mais uma vez,
entregar o dinheiro. Depois vocês vão ver a sequência desses capítulos”. Quem
diz isso é o empresário Luciano Marba, dono de uma firma de vigilância que,
desde 2010, presta serviço ao governo do Amapá. Ele está levando dinheiro para
corromper um funcionário público da capital e faz questão de gravar tudo. Dentro
do carro, Luciano e um funcionário dele conversam com um assessor da Secretaria
de Educação. O objetivo é garantir que a empresa da qual é dono continue
prestando serviço de vigilância à secretaria. O estado iria abrir uma licitação
e a firma de Luciano poderia perder a disputa. A certa altura da conversa,
Luciano dá o valor da propina: “Deixa só eu te falar aí: eu consegui 15”. Ele
quer dizer R$ 15 mil. Depois, o funcionário dele entrega dois maços de
dinheiro. Quem recebe é Bruno da Costa Nascimento, que, segundo o Ministério
Público, era assessor da Secretaria de Educação na época em que o vídeo foi
gravado. Bruno garante que já está tudo acertado: “Nossa parte vai ser feita.
Faça a sua, que a nossa vai ser feita”. O valor do contrato passa de R$ 40
milhões por ano. “É o maior contrato do estado em termos de tamanho, de
prestação e em termos de volume financeiro também é o maior contrato”, diz
Antonio Cléber dos Santos, procurador-geral do Amapá. O vídeo foi gravado
em fevereiro de 2013. Um ano antes, o empresário tinha gravado outra entrega de
dinheiro. Segundo o Ministério Público, Edilberto Pontes Silva, marido da então
secretaria estadual de Educação, Miriam Alves Correa, recebeu R$ 100 mil. (...)
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