
55 anos de imigração japonesa no Amapá
Shinya, construí família no Amapá e já me considero um brasileiro

Um mundo novo
Shinya Ogata – 64 anos, que estava a bordo do navio que desembarcou em 1953, lembra que na época quando as famílias saíram do Japão, o país estava arrasado após ter perdido a 2ª Guerra Mundial, faltava emprego, escolas, moradia, a saúde estava precária e enfim, a população estava sem expectativa de dias melhores, a solução para melhorar de vida seria imigrar para outro país. Segundo ele, na época foi dada a opção de imigrar para Argentina, Canadá e Brasil, porém a escolha de muitos foi pelo Brasil. “Nós não conhecíamos o país, a única coisa que sabíamos que aqui tinha o maior rio do mundo e as maiores florestas”, disse Shinya.
Solo amazônico
Mas os japoneses enfrentaram problemas principalmente em relação ao que a agricultura, por conta que a maioria das famílias tentaram plantar no solo amapaense – seringueira, porém não houve êxito, por conta de que todas as árvores de seringas existentes no Amapá, serem nativas, não há nenhuma plantada. Passado cinco anos sem vingar o seringal, os japoneses iniciaram no ramo da agricultura, mas muitos não conseguiram novamente êxito, a partir daí muitas famílias migraram para outros Estados – São Paulo, Pará e Brasília, e pouca permaneceram no Amapá. “Quando me dei conta que a plantação não iria vingar, fui para o Amapá tentar emprego na construção da Usina Hidrelétrica Coracy Nunes, e fui aceito”, recorda o imigrante, ressaltando que no começo foi muito difícil a comunicação com os demais brasileiros, devidos não saber falar português, a única forma de se comunicar era através de gestos.
Sol poente no Equador
A realidade difícil e o país estranho levaram os primeiros japoneses a se juntarem em comunidades, onde mantinham antigas tradições. A língua falada era o japonês, porque todos esperavam voltar para a pátria de origem. Shinya, quando chegou ao Amapá, havia iniciado a faculdade de Engenharia Civil, após ter conseguindo o emprego na Eletronorte, viajou para São Paulo, onde conclui o curso. Além do Amapá o japonês já morou na Região Nordeste e Sul e já retornou ao Japão onde morou mais seis anos. “Eu amo o Brasil”, declarou-se. Shinya já se considera um brasileiro de coração, construiu até família no Amapá. Seus pais morreram no Paraná. “Eu não pretendo sair do Amapá, pra mim aqui é o fim”, conclui o japonês.
Matéria do A Gazeta
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