quarta-feira, 18 de junho de 2008


55 anos de imigração japonesa no Amapá

Shinya, construí família no Amapá e já me considero um brasileiro


No ano de 1953, a bordo do navio África-Karu, 29 famílias japonesas chegaram ao Amapá, todos saíram de Fukushima-kem – Japão, com único objetivo em busca do Eldorado do Brasil. Dessas, 24 famílias ficaram na colônia do Matapi e cinco ficaram em Fazendinha.Em 1954 mais 16 famílias japonesas chegaram ao Estado, todas se deslocaram para a colônia do Matapi. No ano de 1957, cerca de sete famílias chegaram ao município de Mazagão. Todas as 52 famílias japonesas que aportaram no Amapá trabalharam no ramo da agricultura pelo menos durante cinco anos.


Um mundo novo


Shinya Ogata – 64 anos, que estava a bordo do navio que desembarcou em 1953, lembra que na época quando as famílias saíram do Japão, o país estava arrasado após ter perdido a 2ª Guerra Mundial, faltava emprego, escolas, moradia, a saúde estava precária e enfim, a população estava sem expectativa de dias melhores, a solução para melhorar de vida seria imigrar para outro país. Segundo ele, na época foi dada a opção de imigrar para Argentina, Canadá e Brasil, porém a escolha de muitos foi pelo Brasil. “Nós não conhecíamos o país, a única coisa que sabíamos que aqui tinha o maior rio do mundo e as maiores florestas”, disse Shinya.


Solo amazônico


Mas os japoneses enfrentaram problemas principalmente em relação ao que a agricultura, por conta que a maioria das famílias tentaram plantar no solo amapaense – seringueira, porém não houve êxito, por conta de que todas as árvores de seringas existentes no Amapá, serem nativas, não há nenhuma plantada. Passado cinco anos sem vingar o seringal, os japoneses iniciaram no ramo da agricultura, mas muitos não conseguiram novamente êxito, a partir daí muitas famílias migraram para outros Estados – São Paulo, Pará e Brasília, e pouca permaneceram no Amapá. “Quando me dei conta que a plantação não iria vingar, fui para o Amapá tentar emprego na construção da Usina Hidrelétrica Coracy Nunes, e fui aceito”, recorda o imigrante, ressaltando que no começo foi muito difícil a comunicação com os demais brasileiros, devidos não saber falar português, a única forma de se comunicar era através de gestos.


Sol poente no Equador


A realidade difícil e o país estranho levaram os primeiros japoneses a se juntarem em comunidades, onde mantinham antigas tradições. A língua falada era o japonês, porque todos esperavam voltar para a pátria de origem. Shinya, quando chegou ao Amapá, havia iniciado a faculdade de Engenharia Civil, após ter conseguindo o emprego na Eletronorte, viajou para São Paulo, onde conclui o curso. Além do Amapá o japonês já morou na Região Nordeste e Sul e já retornou ao Japão onde morou mais seis anos. “Eu amo o Brasil”, declarou-se. Shinya já se considera um brasileiro de coração, construiu até família no Amapá. Seus pais morreram no Paraná. “Eu não pretendo sair do Amapá, pra mim aqui é o fim”, conclui o japonês.


Matéria do A Gazeta

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