quinta-feira, 26 de junho de 2008

Conferência Mundial do Interact Concil, na Suécia

Sarney divulga Amapá na Europa e diz que Brasil será maior produtor mundial de alimentos e energia
Por Said Barbosa Dib

Segundo advertiu o senador do Amapá e ex-presidente do Brasil, a conversão de capital especulativo das Bolsas em investimentos produtivos em estados brasileiros com grande potencial, como o Amapá, fará do Brasil o maior produtor de alimentos e energia do planeta e ajudará a resolver a inflação mundial.

Estocolmo - O senador e ex-presidente da República José Sarney foi um dos palestrantes de ontem à tarde, na Conferência Mundial do Interact Concil, que reúne ex-chefes de Estado de todo o mundo. Ele abordou a crise mundial de alimentos e ressaltou que a mesma decorre dos altos preços do petróleo, que afetam o custo dos fertilizantes, adubos e correlatos, além do transporte. Com a experiência de quem presidiu durante cinco anos um país de enormes potenciais e fortes contradições sociais e econômicas, Sarney disse que o aumento da demanda é um dado positivo porque mostra que os mais pobres estão se alimentando melhor. Destacou também o programa Fome Zero, adotado no governo Lula, bem como o Bolsa-Família e outros programas federais como medidas de grande alcance social, por serem principalmente instrumentos de distribuição de renda.Com a mesma ênfase, o ex-presidente José Sarney defendeu os projetos para a produção de biocombustíveis, destacando a capacidade do Brasil para ser o maior produtor dessa fonte renovável de energia. E assinalou que no contexto da produção de alimentos, o Brasil tem todas as condições de tornar-se, se não o maior, mas um dos maiores produtores de alimentos do planeta.

Crítica à especulação

No debate geral sobre a situação do mundo, o ex-presidente taqmbém foi destaque. Condenou a especulação financeira, que apontou como uma das responsáveis pelo aumento dos preços dos alimentos. Citou o exemplo da Bolsa de Chicago, que em 2007 negociou o equivalente a 22 safras, mostrando que a economia de papéis é muitas vezes superior à economia real. Disse que o fim dos subsídios dos países avançados contra as exportações agrícolas e do etanol brasileiro produzido a partir da cana-de-açúcar – ao contrário do norte-americano, produzido com milho - seria um bom começo para se garantir abastecimento confiável de energia limpa e de alimentos, “não somente para o Primeiro Mundo, mas também para outros países menos desenvolvidos”. Para uma platéia atenta, de altas autoridades do Primeiro Mundo, quebrou mitos e preconceitos veiculados pela imprensa européia e norte-americana, defendendo seu ponto de vista com firmesa: “se todo o dinheiro sem lastro que circula nas especulações das Bolsas em todo o mundo se transformasse em investimentos sérios e produtivos no Brasil, teríamos uma dupla revolução: a verde, com a produção intensiva de alimentos baratos, e a energética, com a biomassa, uma energia limpa".

Convite aos investimentos produtivos


O momento mais importante do discurso de Sarney foi quando, abordando as preocupações do Primeiro Mundo em a acologia, advertiu as autoridades presentes sobre a necessidade de menos discurso e mais ação: “estados brasileiros como o meu Amapá, com know-haw na preservação da natureza, uma sociedade trabalhadora e criativa e com potencialidades agrícolas, minerais e energéticas imensas, se recebessem investimentos sérios, se pudessem contar com esses capitais que hoje circulam na ciranda financeira mundial, aqueles papéis que hoje estão pelo mundo sem produzir riquezas reais, teríamos a solução para a inflação mundial e a carência de alimentos e energia". "Conseguiríamos que sociedades jovens, como a do meu Amapá, pudessem realmente se desenvolver em bases mais sólidas e realmente sustentáveis, sem sacrificar o bem-estar social”, concluiu o ex-presidente, que foi intensamente aplaudido.




Mensagem pacifista

Depois, Sarney, o ex-chancelar alemão Helmut Schmidt, o ex-primeiro-ministro do Canadá Jean Chrétien e muitos outros ex-chefes de Estado, foram recebidos pelo primeiro-ministro da Suécia, Fredrik Reinfeldt, com quem almoçaram na Prefeitura de Estocolmo, onde, tradicionalmente, é celebrada a entrega anual do Prêmio Nobel. Na oportunidade, o senador do Amapá foi muito cumprimentado pelo seu discurso, no qual ainda fez um relato da história do homem e dos alimentos no mundo. Terminou dizendo que não é adepto da teoria de Malthus, segundo a qual a fome em algum momento devastaria a humanidade, mas disse ser um problema de sobrevivência no futuro, necessitando ser tratado como fundamental, sobretudo, para os pobres de todo o mundo. Sarney também condenou as armas nucleares e, como pacifista, disse que deseja o fim de todos os conflitos e guerras.

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