segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Senado Federal

Ao completar 50 anos no Congresso, Sarney reafirma a disposição de inovar

Em discurso emocionado, pouco antes do início da votação para a Presidência do Senado, o senador José Sarney (PMDB-AP) lembrou que completava nesta segunda-feira (2) 50 anos no Congresso Nacional com a mesma disposição de inovar que marcou toda a sua carreira política. Ele anunciou ainda a intenção de promover a votação de reformas política, tributária e das regras de tramitação das medidas provisórias, além de estabelecer medidas de adaptação à crise econômica mundial, como a redução de 10% nas despesas do Senado.
- Sempre procurei caracterizar-me como inovador e nunca tive as lanternas voltadas para trás. Não me chamem de retrógrado, como se eu fosse um velho que não quer renovar o Senado. Envelheço, mas não envelhece em mim a vontade de trabalhar pelo Brasil e de me atualizar, de ser sempre um homem de meu tempo - disse Sarney, após citar medidas adotadas por ele, como a informatização dos gabinetes do Senado e a criação do sistema de comunicação social da Casa.
O senador recordou ter tomado posse como deputado federal pela primeira vez há exatos 50 anos, apesar de haver exercido o mandato como suplente, por curtos períodos, na legislatura anterior. E observou que seu nome nunca esteve envolvido em nenhum escândalo ao longo dessas cinco décadas. Ele afirmou ainda nunca haver produzido um inimigo na Casa, em toda a sua atividade parlamentar, em virtude de seu temperamento conciliador.

Sarney anunciou a intenção de promover uma revisão da reforma administrativa realizada durante a sua primeira gestão pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).Ainda dentro da questão administrativa, Sarney comprometeu-se a adotar, como um de seus primeiros atos, o corte linear de 10% no Orçamento do Senado, como forma de "estabelecer um exemplo" de austeridade em um momento de dificuldade econômica para o país e para o mundo. Por outro lado, sustentou a necessidade de adaptação das instalações da Casa a um modelo de preservação ambiental.
O senador defendeu também a criação de uma comissão permanente de avaliação da crise econômica internacional, que considera "a mais grave de todas", com a participação dos senadores que mais se interessam pelo tema.
O senador observou nunca ter agido, na Presidência da Casa, como "capacho do governo". Por outro lado, recordou sempre haver sido um protetor dos direitos da oposição, por considerar a democracia um regime marcado pela combinação de um governo da maioria com respeito aos direitos da minoria. Ao anunciar as suas prioridades legislativas, ressaltou seu compromisso com a retomada da votação das reformas.
- Vou me comprometer a lutar, com determinação, pela votação das reformas política e tributária, além de resolver, de uma vez por todas, o problema das medidas provisórias, uma vergonha queachincalha o Parlamento - sustentou.
Ao concluir seu pronunciamento e pedir os votos dos colegas, Sarney recorreu ao exemplo de Ruy Barbosa. Considerado o patrono do Senado, Ruy andava "pelos sertões da Bahia", como relatou Sarney, com a mesma idade do atual senador, pedindo votos para a sua reeleição.
- Estou velho, mas tenho a mesma vontade de sempre - disse Sarney.

Marcos Magalhães / Agência Senado

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