terça-feira, 2 de setembro de 2008

Sarney quer aliança com PT pró-Dilma

O senador e ex-presidente da República José Sarney (PMDB-AP) defendeu, em São Paulo, uma aliança entre o seu partido e o candidato escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para concorrer ao Palácio do Planalto nas eleições de 2010. Alinhado com o discurso do presidente, Sarney disse que a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, é atualmente o nome mais indicado para concorrer ao cargo. Batizada por Lula de Mãe do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), Dilma desponta no PT como a primeira opção para a sucessão do presidente. A ministra, inclusive, já vem sendo preparada para a disputa e deve aproveitar as eleições municipais para se aproximar da população e exercitar a retórica política. "Não acredito que o futuro presidente possa ser escolhido sem o apoio e o respaldo de Lula. E se depender de mim, o PMDB vai estar numa aliança com o presidente", prometeu Sarney durante sabatina realizada ontem pelo jornal Folha de S.Paulo. Sarney argumentou que a opção pela coligação com o candidato de Lula está baseada na preocupação do atual governo com as políticas sociais. "Não quero cobrar royalties de programa social nenhum. Mas todos esses programas (de hoje) foram criados naquele tempo". O senador fez questão de destacar que não guarda mágoas de antigos críticos, como Lula e o ex-presidente Collor de Mello. Sarney enfatizou que a discussão levantada pelo Ministro da Justiça, Tarso Genro, em torno da punição aos torturadores do regime militar deve ser esquecida. Segundo ele, o processo de anistia foi negociado e não deixou margens para revisões. O ex-presidente afirmou ainda que desconhecia casos de tortura durante a ditadura militar, pois na época era governador do Maranhão. Ao lembrar do período em que ocupou o Palácio do Planalto, - 1985-1990 - o senador ressaltou que nunca pensou em ser presidente. "No Maranhão ninguém nasce pensando em ser presidente da República, sempre se aspira chegar à Academia (Brasileira de Letras, que Sarney faz parte)". De acordo com ele, Ulysses Guimarães foi determinante para convencê-lo a assumir o cargo depois da morte de Tancredo Neves. Sarney foi eleito vice-presidente na chapa encabeçada por Tancredo numa eleição indireta. Ele também aproveitou para criticar o Congresso ao afirmar que a imagem "deformada" da Casa em função dos recentes casos de corrupção é merecida. No entanto, eximiu o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) das acusações de receber ajuda financeira do lobista Cláudio Gontijo, assessor da construtora Mendes Júnior, e de utilizar "laranjas" para a compra de veículos de comunicação em Alagoas. "Ao longo da história ele tem mostrado ser um bom político", afirmou. Para Sarney, o Supremo Tribunal Federal (STF) não está interferindo nas atribuições do poder Legislativo ao aprovar duas súmulas vinculantes nas últimas semanas. Uma que proíbe a contratação de parentes nos três Poderes e a outra que restringe o uso de algemas a casos excepcionais. "Se o Congresso se omite, o STF toma a decisão".

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 9)(Fernando Taquari Ribeiro)

Veja a íntegra da Sabatina da Folha com José Sarney, realizada em 26 de Agosto de 2008:

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