A Guiana poderá ser o "elo natural" entre o Brasil e o Caribe, segundo afirmou o embaixador designado para aquele país, ministro de segunda classe Luiz Gilberto Seixas de Andrade, cuja indicação recebeu nesta quinta-feira (28) parecer favorável da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE). Ele defendeu a ampliação da integração física com o país vizinho e o aprofundamento das relações políticas bilaterais.
O primeiro passo para facilitar o trânsito entre os dois países foi a construção da ponte binacional sobre o rio Tacutu, como recordou o embaixador. O próximo desafio, disse ele, será o asfaltamento de 424 quilômetros da rodovia entre Lethem, situada na fronteira, e a cidade de Linden, de onde se pode alcançar, também por asfalto, a capital guianense, Georgetown. O investimento estimado para isto seria de US$ 650 milhões. Por meio da rodovia, estaria aberto o caminho para o porto de Georgetown ou para um novo porto a ser construído na região de Nova Amsterdam, em águas mais profundas.
No âmbito político, de acordo com o embaixador, a criação da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) permitiu a criação de um canal de diálogo entre a Guiana - até então mais voltada para o Caribe e o Hemisfério Norte - e os países sul-americanos.
- A Guiana sempre esteve de costas para o Brasil, mas pode ser um caminho para as exportações brasileiras - afirmou Seixas.
O relator da mensagem presidencial com a indicação do novo embaixador, senador Romero Jucá (PMDB-RR), informou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já assumiu um compromisso em favor do asfaltamento da rodovia que permitirá o acesso de produtos brasileiros ao Caribe.
- Do ponto de vista da logística, a Guiana é extremamente importante para o meu estado de Roraima - disse Jucá.
O presidente da comissão, senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), afirmou que pôde sentir a importância da região para o Brasil em viagem feita por parlamentares ao Caribe, no ano passado.
O senador Augusto Botelho (PT-RR) ressaltou as grandes possibilidades de aumento no intercâmbio comercial entre os dois países e lembrou que um grupo de empresários caribenhos já demonstrou intenção de construir uma ferrovia entre a Guiana e o Brasil. Por sua vez, o senador João Pedro (PT-AM) lamentou que o Brasil tenha também permanecido "de costas" para os países amazônicos e defendeu a construção de "relações profundas" com esses países.
República Dominicana
A comissão aprovou igualmente parecer favorável à indicação do ministro de segunda classe João Solano Carneiro da Cunha para o cargo de embaixador brasileiro junto à República Dominicana. O relator da mensagem presidencial foi o senador Adelmir Santana (DEM-DF).
Solano incluiu entre as suas prioridades o relacionamento cultural com a República Dominicana. Ele observou que existe uma "afinidade natural" entre os dois países, que possuem raízes ibéricas e africanas. Além disso, ressaltou, os dominicanos têm demonstrado grande interesse pela cultura brasileira. Em março, informou, foi inaugurado um centro cultural brasileiro em Santo Domingo. E mais de 200 dominicanos já se inscreveram nos cursos de português oferecidos.
Na área econômica, o embaixador disse que existem grandes possibilidades de cooperação para a produção de etanol no país caribenho. Ao responder a uma pergunta do senador Renato Casagrande (PSB-ES), ele admitiu que a crise política no vizinho Haiti representa um problema para a República Dominicana, que já acolhe mais de um milhão de imigrantes haitianos. A imigração foi, em seguida, apontada pelo senador Cristovam Buarque(PDT-DF) como um dos desafios para as relações internacionais nas próximas décadas, ao lado de questões como o esgotamento de recursos naturais e o tráfico de armas e de drogas.
Agência Senado
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