A pedra angular
Conheci e fui amigo de Takeo Fukuda, que foi Primeiro Ministro do Japão por muitos anos, e fundador do InterAction Council, do qual faço parte. Muitas vezes estivemos juntos em reuniões em várias partes do mundo, para discutir os problemas do presente e do futuro da humanidade. Em nenhuma delas Fukuda deixou de aproveitar toda e qualquer discussão para inserir a tese pela qual tinha verdadeira obsessão: o controle demográfico. Lembrei-me dele, de suas advertências, nesta crise mundial. Não crescer economicamente significa a eclosão de dificuldades e problemas que vão do desemprego à fome. Já no caso da população é o crescimento que nos dá a previsão de obstáculos insolúveis no futuro. Grandes populações, para citar o menos visível hoje, significam mais água e mais alimento e, para mais alimento, mais água. Isto sem falar em mais espaço para viver e produzir. A cada dia é menor o espaço que cabe a cada um na superfície do globo. As projeções, sem contestação, mesmo com a queda do índice de reprodução, prevêem para o ano 2050 uma população de 9,2 bilhões de pessoas. A China terá 1,37 bilhão. Será ultrapassada pela Índia que terá 1,59 bilhão. O Brasil terá 215 milhões, crescendo a uma taxa de natalidade baixa. Isto implica no envelhecimento da população, com repercussões na força de trabalho. A dificuldade dos sérios problemas de água, de produção de alimentos, de infra-estrutura, de empregos e de esgotamento de recursos naturais de hoje num mundo com 9,2 bilhões de habitantes é incalculável. E se nosso pensamento avançar mais no tempo chegaremos à conclusão de que se tornará impossível ao homem viver na Terra com o estilo de vida que criou, de um consumismo compulsivo e da demanda por locomoção: vias urbanas, estradas, aviões — chegando até ao congestionamento de vias aéreas, como já acontece em alguns lugares. Este transporte, se não tem limitação de espaço, passa a ter cada vez mais necessidade de apoios terrestres. Galbraith, no seu livro The Affluent Society, sobre a civilização industrial, esta que vivemos – e ele não viveu o boom da explosão da sociedade de informação – dizia que ela tinha forças para no máximo viver mais 500 anos. Era um otimista, porque, se para 50 anos já vislumbramos estes problemas, o que nos espera daqui a cinco séculos? Assim, acredito que ecologia sem controle populacional é um tiro n’água. Eles têm de caminhar juntos. E vejo que pouco se fala nisso. Qual a solução se o tema de crescimento populacional quase desapareceu da agenda mundial? Proibir fazer sexo? Isso nem o Papa Bento 16 pregou.
Conheci e fui amigo de Takeo Fukuda, que foi Primeiro Ministro do Japão por muitos anos, e fundador do InterAction Council, do qual faço parte. Muitas vezes estivemos juntos em reuniões em várias partes do mundo, para discutir os problemas do presente e do futuro da humanidade. Em nenhuma delas Fukuda deixou de aproveitar toda e qualquer discussão para inserir a tese pela qual tinha verdadeira obsessão: o controle demográfico. Lembrei-me dele, de suas advertências, nesta crise mundial. Não crescer economicamente significa a eclosão de dificuldades e problemas que vão do desemprego à fome. Já no caso da população é o crescimento que nos dá a previsão de obstáculos insolúveis no futuro. Grandes populações, para citar o menos visível hoje, significam mais água e mais alimento e, para mais alimento, mais água. Isto sem falar em mais espaço para viver e produzir. A cada dia é menor o espaço que cabe a cada um na superfície do globo. As projeções, sem contestação, mesmo com a queda do índice de reprodução, prevêem para o ano 2050 uma população de 9,2 bilhões de pessoas. A China terá 1,37 bilhão. Será ultrapassada pela Índia que terá 1,59 bilhão. O Brasil terá 215 milhões, crescendo a uma taxa de natalidade baixa. Isto implica no envelhecimento da população, com repercussões na força de trabalho. A dificuldade dos sérios problemas de água, de produção de alimentos, de infra-estrutura, de empregos e de esgotamento de recursos naturais de hoje num mundo com 9,2 bilhões de habitantes é incalculável. E se nosso pensamento avançar mais no tempo chegaremos à conclusão de que se tornará impossível ao homem viver na Terra com o estilo de vida que criou, de um consumismo compulsivo e da demanda por locomoção: vias urbanas, estradas, aviões — chegando até ao congestionamento de vias aéreas, como já acontece em alguns lugares. Este transporte, se não tem limitação de espaço, passa a ter cada vez mais necessidade de apoios terrestres. Galbraith, no seu livro The Affluent Society, sobre a civilização industrial, esta que vivemos – e ele não viveu o boom da explosão da sociedade de informação – dizia que ela tinha forças para no máximo viver mais 500 anos. Era um otimista, porque, se para 50 anos já vislumbramos estes problemas, o que nos espera daqui a cinco séculos? Assim, acredito que ecologia sem controle populacional é um tiro n’água. Eles têm de caminhar juntos. E vejo que pouco se fala nisso. Qual a solução se o tema de crescimento populacional quase desapareceu da agenda mundial? Proibir fazer sexo? Isso nem o Papa Bento 16 pregou.
José Sarney é ex-presidente, senador do Amapá e acadêmico da Academia Brasileira de Letras e da Academia das Ciências de Lisboa
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