quarta-feira, 3 de junho de 2009

PATATIVA DO ASSARÉ: 100 ANOS

Senado começa homenagem a Patativa do Assaré

A sessão deliberativa desta quarta-feira foi aberta pelo 1º vice-presidente do Senado, Marconi Perillo. O primeiro orador do dia é o senador. A primeira parte da sessão será dedicada a homenagear o poeta cearense Patativa do Assaré, pelo centenário de seu nascimento, ocorrido em março de 1909. O requerimento da homenagem foi apresentado pelo senador Inácio Arruda (PCdoB-CE). Segue a homenagem do Blog ao grande brasileiro e à cultura do Norrdeste em geral...
As penas plúmbeas, as asas e cauda pretas da patativa, pássaro de canto enternecedor que habita as caatingas e matas do Nordeste brasileiro, batizaram poeta Antônio Gonçalves da Silva, conhecido em todo o Brasil como Patativa do Assaré, referência ao município que nasceu. Analfabeto "sem saber as letra onde mora ", como diz num de seus poemas, sua projeção em todo o Brasil se iniciou na década de 50, a partir da regravação de "Triste Partida", toada de retirante gravada por Luiz Gonzaga. Filho do agricultor Pedro Gonçalves da Silva e de Maria Pereira da Silva, Patativa do Assaré veio ao mundo no dia 9 de março de 1909. Criado num ambiente de roça, na Serra de Santana, próximo a Assaré , seu pai morrera quando tinha apenas oito anos legando aos seus filhos Antônio, José, Pedro, Joaquim, e Maria o ofício da enxada, "arrastar cobra pros pés" , como se diz no sertão. A sua vocação de poeta, cantador da existência e cronista das mazelas do mundo despertou cedo, aos cinco anos já exercitava seu versejar. A mesma infância que lhe testemunhou os primeiros versos presenciaria a perda da visão direita, em decorrência de uma doença, segundo ele, chamada "mal d'olhos". Sua verve poética serviu vassala a denunciar injustiças sociais, propagando sempre a consciência e a perseverança do povo nordestino que sobrevive e dá sinais de bravura ao resistir ao condições climáticas e políticas desfavoráveis. A esse fato se refere a estrofe da música Cabra da Peste:

"Eu sou de uma terra que o povo padece
Mas não esmorece e procura vencer.
Da terra querida, que a linda cabocla
De riso na boca zomba no sofrê
Não nego meu sangue, não nego meu nome.
Olho para a fome , pergunto: que há ?
Eu sou brasileiro, filho do Nordeste,
Sou cabra da Peste, sou do Ceará."

Embora tivesse facilidade para fazer versos desde menino, a Patativa do município de Assaré, no Vale do Cariri, nunca quis ganhar a vida em cima do seu dom de poeta. Mesmo tendo feito shows pelo Sul do país, quando foi mostrado ao grande público por Fagner em finais da década de 70, até hoje se considera o mesmo camponês humilde e mora no mesmo torrão natal onde nasceu, no seu pedaço de terra na Serra de Santana. Do Vale do Cariri, que com-preende o Sul do Ceará e parte Oeste da Paraíba, muitas famílias migraram para outras regiões do Brasil. A própria família Gonçalves , da qual faz parte o poeta, se largou do Crato , de Assaré e circunvizinhanças para o Sul da Bahia, em busca do dinheiro fácil do cacau, nas décadas de 20 e 30. Seus livros foram publicados ocasionalmente por pesquisadores e músicos amigos e, parceria com pequenos selos tipográficos e hoje são relíquias para os colecionadores da literatura nordestina.

Confira Cabôca de Caxangá (1912) gravada em 1970 por Paulo Tapajós
Clique Aqui para ouvir a música

Catullo da Paixão Cearense
Ao se começar um levantamento da música nordestina dentro da indústria fonográfica nacional, nada mais justo que citar aquele que, além de violeiro, foi também poeta pioneiro do Nordeste a ter uma letra sua gravada em disco. Catullo da Paixão Cearense, nascido em São Luiz, em 8 de outubro de 1863, entrou definitivamente para os anais da música brasileira ao trazer o violão das rodas de seresteiros para os conservatórios de música em 1908. O registro de Talento e Formosura - sua e de Edmundo Otávio Ferreira- feito pelo cantor Mário Pinheiro em 1906, constitui-se num dos itens mais raros da discografia nacional. Verdadeiro marco na afirmação de uma identidade regional na embrionária indústria cultural brasileira, a gravação deste acetato de 78 rpm se deu graças à instalação do primeiro selo de música no Brasil: a Casa Edison. É bem verdade que na época da gravação destas e de outras músicas, o compositor de Luar do Sertão já era um vate renomado, tendo suas audições de modinhas penetração nos saraus do Império, passando pelas primeiras décadas do século servindo de fundo musical à República Velha . Mas a primeira música de tonalidades rítmicas regionalistas, lembrando os folguedos do "Norte" foi Caboca de Caxangá, gravado no mesmo selo em 1913 com a denominação de batuque sertanejo. O registro, feito pela dupla Baiano e Júlia Martins, constitui-se portanto no momento zero em que a incipiente indústria fonográfica categorizou um segmento musical com referência nítida à região de onde teria vindo. Antes de se lançar no vôo desatinado de querer entender o artista puramente pela sua música, faz -se necessário que o leitor saiba um pouco mais sobre as origens do poeta.
Para continuar lendo o texto sobre o magnífico Catullo, acesse:
http://www.facom.ufba.br/pexsites/musicanordestina/catullo1.htm

Saboreiem, também:

Sítio do poeta Marco di Aurélio que transita também pelas áreas de fotografia, cinema, artes plásticas, teatro e literatura. O site reúne o seu trabalho na área de Literatura de Cordel.
Academia Brasileira de Literatura de Cordel
Site oficial da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, contendo além da diretoria e membros, informações sobre poetas, biografias, calendários, fotos, jornal, cordéis e notícias variadas sobre o assunto. Excelente para admiradores e consultas estudantis.
Pé de Verso
Espaço dedicado a divulgação da Literatura de Cordel, editado pelo articulador da União dos Cordelistas de Pernambuco – UNICORDEL que é promotora de recitais, palestras e oficinas, o poeta popular pernambucano, Honório Cordelista.
Patativa de Assaré
Página da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia dedicada ao poeta, expoente da literatura popular e compositor musical cearense, Antonio Gonçalves da Silva, mais conhecido nacionalmente por Patativa de Assaré, reunindo sua produção poética, musical e discográfica.
Paulo Matricó
Excelente sítio do poeta, músico e compositor Paulo Matricó, que desenvolve a arte de contar histórias com o apuro de métrica e graciosidade do repente popular. Na página está toda discografia, poesias, fotos e demais informações deste excelente artista.
Teatro de Cordel
Site editado pelo cordelista, repentista, arte-educador, contador de histórias e mestre de cerimônias, César Obeid, onde pode ser encontrado material para apreciação acerca do cordel e repente, contações, oficinas, espaço do professor, nas empresas, entrevistas, depoimentos, fotos e agenda.
Cordel on Line
Sítio/blog criado pela escritora Clotilde Tavares em homenagem ao 140º aniversário do nascimento de Leandro Gomes de Barros (1865-1918), um dos mais renomados e famosos poetas de cordel. Neste espaço além de sextilhas publicadas por diversos autores com temas atuais, também se encontra o manifesto em defesa da Literatura de Cordel.
Poema de cordel
Página editada pelo escritor, poeta, jornalista e advogado potiguar Walter Medeiros, que foi um dos fundadores do jornal O Galo, da Fundação José Augusto, além de participar de outras tantas publicações. No espaço está disponível “Abelardo, o alcoólatra” entre outras obras, dicas e links de cordel.
Cordel Campina
Sítio editado pela União da Juventude Preservando a Cultura Popular Nordestina, trazendo história, xilogravuras, ensaios, dicionário, entrevistas, matérias e eventos.
Cordel on line
Um blog editado por Gianote veiculando o melhor da Literatura de Cordel, com atualizações periódicas e de muito bom gosto.
Cecordel
Sítio do Centro Cultural dos Cordelistas do Nordeste, presidida pelo poeta, cordelista e radialista Guaipuan Vieira, trazendo revistas, informativos, históricos, cordéis, fotos e estudos.
Dicionário de Folcloristas Brasileiros
Página do site do emérito e saudoso pesquisador e folclorista Mário Souto Maior, reunindo de A a Z aqueles que se destinaram à pesquisa do folclore e cultura brasileiras.
Poesia de cordel: relações icônico-textuais
Texto da professora MS Francisca Neuma Fechine Borges, apresentado no IV Congreso Latinoamericano de Ciências de la Comunicación, em Recife, onde destaca as relações icônico-textuais (interssêmicas e intertextuais) da obra “Donzela Teodora” do poeta popular Leandro Gomes de Barros.
Poemas de Cordel
Site editado pelo escritor, poeta, jornalista e advogado Walter Medeiros, trazendo diversos folhetos de cordel, além de notícias, artigos, contos, crônicas e suplementos.
Cordelon
Site do Clube dos Cordelistas da Internet, concebida por Carlos Cícero de Lacerda Alencar como veículo de informação da Banda Cabaçal, divulgando a história, álbum de xilogravuras, biblioteca, autores, MP3 Cabaçal, espaço para novos autores e tudo sobre a Literatura de Cordel e a cultura folclórica nordestina.
Poesia Canudense
Aqui estão reunidas algumas poesias relacionadas à Guerra de Canudos, de autores conhecidos, como Augusto de Campos, Patativa do Assaré e Alberto Pucheu, como também textos de autores desconhecidos ou historicamente relacionados à guerra, como poetas do sertão, violeiros e cantadores, além de outros coletados do folclore e em domínio público. Uma ótima coletânea que aborta o tema com força e vivacidade.
Jessier Quirino
Site do poeta e arquiteto paraibano Jessier Quirino, autor que se mostra no palco com causos, cocos, cantorias e poesias da nordestinadade dos grandes menestréis. Na página pode ser encontrado dados do autor, a obra, crítica, agenda, mural e galeria.

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