Luiz Melo Entrevista - Agora, de fato e de direito como governador, o que passa por sua cabeça como gestor maior do Estado?
Governador Pedro Paulo - Eu fiz uma reflexão durante o fim de semana, até mesmo me reportando há algumas coisas que ocorreram como, por exemplo, certa vez que por conta de uma situação meu pai bateu em minhas costas dizendo que entre seus filhos eu seria o governador do Estado. Na realidade ele estava profetizando algo que hoje se torna realidade. Então, diante disso, eu só posso pensar em trabalhar 24 horas para tocar os rumos do meu Estado e proporcionar ao povo melhores condições de vida.
Luiz Melo Entrevista - O que rolou naquele período que Waldez Góes ainda era dúvida se continuaria governador ou deixaria para concorrer ao Senado Federal?
Pedro Paulo - Eu me coloquei sempre de maneira ética e confesso que em julho eu imaginei que poderia assumir o governo do Estado. Eu iniciei uma conversação com alguns segmentos governamentais e isso gerou uma série de fofocas. Então achei por bem recuar e deixar as coisas acontecerem normalmente. Hoje, depois da posse, eu estou iniciando um processo de transição porque por mais que você conheça a máquina administrativa é necessário que você esteja a par de todos os dados reais, coisa que eu não tinha. Isso se faz necessário para o planejamento das ações.
Luiz Melo Entrevista - E por onde o senhor iniciou esse levantamento de informações técnicas?
Pedro Paulo - Eu já reuni no sábado com o setor de Defesa e hoje estaremos reunindo com a Infra-estrutura. Eu já me determinei que até sexta-feira teremos todas essas informações e a partir daí saberemos onde será necessário fazer alguma mudança. Confesso que temos uma equipe extremamente competente. Nós queremos fazer uma oxigenação onde houver necessidade ou aporte de inteligências, mas sem deixar que essa transição atrapalhe o projeto de desenvolvimento.
Luiz Melo Entrevista - A decisão adotada pelo senhor e que foi consumada no sábado com sua posse, não deixou ninguém magoado?
Pedro Paulo - Eu vou falar uma coisa com muita honestidade, que é meu estilo: criaram-se muitas especulações, desarmonias e tudo mais. Eu conversava ontem com o deputado Dalto Martins, que sempre foi um crítico da secretária de saúde, e se você verificar eu não tenho mágoa. Essas coisas passam. O Amapá não pode retroceder no âmbito da discórdia. Você pode divergir das idéias, mas tem que respeitar a maioria.
Luiz Melo Entrevista - Nesse período de negociação o senhor preferiu ficar no outro lado da praça, deixando a bola rolar.
Pedro Paulo - Eu deixei as coisas acontecerem naturalmente e sempre observando. Sempre antenado, ligado, mas nunca interferindo em nenhum posicionamento quanto à saída ou não do governador Waldez.
Luiz Melo Entrevista - Na área da saúde, quais são as metas dentro da sua gestão?
Pedro Paulo - Um dos maiores problemas que nós enfrentamos é a questão da rede física de saúde. Nós precisamos de um novo Pronto Socorro, uma nova maternidade, reequipar as unidades hospitalares da capital e interior. Tem uma situação que precisa ser revista que é a estrutura organizacional da Sesa a qual é muito centralizadora. Nós estaremos encaminhando um projeto para a Assembleia Legislativa que prevê a aceleração das ações da Secretaria. Por exemplo: existe a Central de Abastecimento Farmacêutico (CAF). As compras de medicamentos não podem ser feitas pela Sesa. É necessário que a própria CAF faça as licitações e não a Secretaria. Então é essa autonomia que estamos buscando com o novo projeto.
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Luiz Melo Entrevista - O Hospital do Câncer vai ser um sonho sonhado ou vira realidade?
Pedro Paulo - Ainda ontem (domingo), à noite, eu conversava com o prefeito Roberto Góes e amanhã (hoje) às 9h vai ser dada a ordem de serviço para se terminar o Hospital Metropolitano. Nós precisamos urgentemente de leitos. Eu vou ajudar a Prefeitura não só no Termo de Sessão, depois de pronto, mas sim, também na obra. Eu só gostaria de enfatizar que não é mais Hospital do Câncer. Ainda quando foi feito o projeto, o Ministério da Saúde usava essa nomenclatura e isso causou uma certa discriminação. Agora os hospitais são gerais.
Luiz Melo Entrevista - Como fica sua relação com bancada federal para a realização das obras estruturantes, caso da BR-156. Como ficam a partir de agora?
Pedro Paulo - Ontem mesmo eu já estava ansioso para saber sobre essas obras e por isso chamei o secretário Monterrozo para verificar o que precisa ser feito, o que falta fazer. Estamos indo para Brasília participar de uma reunião com a bancada federal para dentro dos ministérios tentar solucionar algumas pendência que porventura o Estado tenha em relação a alguma obra. Desde 2000 nós participamos do plano de obras estruturantes e agora vamos dar sequência a esse plano.
Luiz Melo Entrevista - Em função das reticências do governador Waldez Góes, se sai ou não, o período de transição atrasou e por isso está sendo feito agora. Por que o senhor escolheu primeiramente o setor de segurança para iniciar as ações públicas?
Pedro Paulo - Primeiro porque estamos no período de Inverno e uma das coisas que mais me preocupam são as áreas de baixada. Como gestor público eu venho pensando desde 2000 em alternativas para essas áreas. Em conversa com o secretário Alberto Góes ele me colocou as áreas de ressaca do Aturiá e dos Congós como problemáticas. Então nós vamos trabalhar com a recuperação emergencial dessas áreas. Por isso a necessidade de se trabalhar a segurança pública nesse sentido. Estamos prevendo fortes chuvas e se isso ocorrer nós não seremos pegos de surpresa. A mesma atenção estamos levando para Laranjal do Jari, onde o nível do rio está elevado.
Luiz Melo Entrevista - Governador, obras como os piers do Santa Inês, que sequer começaram, e o canal da Mendonça cujas obras estão paradas, o que fazer?
Pedro Paulo - Eu fui verificar de perto as obras, fui na feira do pescado no Igarapé das Mulheres e ouvi relatos dos navegantes sobre o assoreamento do canal. Fui verificar a questão da praça Beira Rio e outros pontos. A grande sacada será os recursos do BNDES. Ainda nesta semana eu devo assinar os contratos. Já conversei com o secretário Alberto Góes para que ele me diga o que é necessário para que esses recursos sejam liberados de imediato. Sem esse recurso o Estado, sozinho não pode tocar essas obras.
Luiz Melo Entrevista - O prefeito Roberto Góes vai poder continuar a contar com o ombro amigo do governo do Estado?
Pedro Paulo - Sem dúvida. Não só o prefeito Roberto Góes como o prefeito de Santana, assim como os demais municípios, apesar de que as maiores demandas estão em municípios chamados metropolitanos como Macapá, Santana e Laranjal do Jari. Nós vamos honrar o poder que o povo de todos esses municípios nos delegou.
Luiz Melo Entrevista - Pra encerrar, governador, o senhor pilotou uma das secretarias mais complexas, que é a de Saúde. Foi um bom aprendizado?
Pedro Paulo - Foi. Eu acredito que hoje a experiência que eu detenho ela tem a ver com a secretaria. Ela é uma secretaria do bate pronto, onde efeito e causa são muitos rápidos. Por exemplo, as pessoas não dizem quando vão adoecer e precisar dos serviços. Nós temos um orçamento que tapa janeiro, fevereiro, e só volta em março. Então precisamos planejar as coisas, inclusive para este período que não dispomos de recursos.
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