quinta-feira, 22 de abril de 2010

Deputados reclamam de repressão a brasileiros na fronteira com a Guiana

Rejane Xavier

Parlamentares ouvidos pela Comissão da Amazônia, Integração Nacional e de Desenvolvimento Regional na semana passada reclamaram da repressão de autoridades francesas e do Exército brasileiro aos garimpeiros que exploram ilegalmente minas no território da Guiana Francesa. Em audiência promovida pela comissão para debater o assunto, o deputado estadual e presidente da Comissão de Relações Exteriores da Assembleia Legislativa do Amapá, Paulo José da Silva Ramos, criticou o tratamento dado pela polícia francesa aos brasileiros. Segundo Paulo José, cerca de 30 pessoas deportadas da Guiana Francesa chegam ao aeroporto de Macapá em três voos semanais. Para o deputado, a ponte a ser construída entre o Brasil e a Guiana Francesa “pode se transformar num muro de Berlim”, com os pobres impedidos de transpô-la. Ele exibiu vídeo em que são registradas as condições de deslocamento da população brasileira, obrigada a passar por trilhas de difícil acesso na mata carregando alimentos, para evitar a passagem pelo território francês, que seria um caminho mais fácil para suas localidades. O comandante da 23ª Brigada de Infantaria da Selva, general de brigada Mário Lúcio Alves de Araújo, explicou ao parlamentares que o Exército impede a circulação de combustíveis e alimentos que possam ser usados no apoio das atividades ilegais de garimpo, sem cercear o direito de ir e vir dos moradores. “O Exército realiza o controle, não o bloqueio dos deslocamentos”, garantiu o comandante.


Critérios


A deputada Dalva Figueiredo (PT-AP), autora do requerimento da audiência, no entanto, pediu a definição de critérios mais claros sobre o transporte de mercadorias, para que a população não fique à mercê da decisão subjetiva do soldado que está fazendo o controle. “Ninguém quer proteger qualquer atividade ilegal. Queremos os brasileiros tratados com dignidade”, afirmou. O deputado Sebastião Bala Rocha (PDT-AP) criticou a atuação do Exército brasileiro, e não só da polícia francesa. “As decisões entre Sarkozy e Lula passam por cima do diálogo com a população, excluída da discussão sobre a sua própria sobrevivência.” Os participantes da audiência pediram, unanimemente, a negociação com as autoridades francesas sobre a liberação da passagem da Gran Roche para os brasileiros já vistoriados pelo nosso Exército e a implementação de uma política nacional integrada de desenvolvimento, que proporcione alternativas econômicas viáveis à população que hoje vive do garimpo ilegal.

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