quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Artigo

Obama: o “Mundo sorri”?
Por Said Barbosa Dib

O Mundo sorri...” Esta foi a romântica manchete do “Correio Braziliense” ao anunciar a eleição de Barack Obama . A “Gazeta Mercantil” comemorou: ``A mudança chegou à América”´. A “Folha de S. Paulo” não deixou por menos e vaticinou: “Vitória histórica de Obama afasta conservadores e derrota racismo”. Até a gloriosa “Tribuna da Imprensa” foi contaminada pelo otimismo hilário: “Obama começa a mudar a história dos EUA”. “O Globo” teve a vantagem de ser menos empolgado: “Mundo celebra a nova cara dos EUA”. Só não entendi o “celebra”. Me considero pertencente ao “mundo” e não celebrei coisa alguma. Surpreendentemente, o “Estadão” não caiu na ladainha e se ateve à informação útil: “Obama começa a escolher equipe para enfrentar a crise”. Mas, a melhor manchete do dia seguinte foi mesmo do JB, que falou do que interessa para nós, brasileiros, denunciando a eterna fuga de capitais: “US$ 4,6 bi saem do país no mês”.

A repercussão

No Congresso, pronunciamentos apressados e oportunistas de parlamentares, quase sempre do “baixo clero”, loucos por holofotes, falando do que não entendem. Até o presidente do Senado, Garibaldi Alves, chegou a tirar uma lasquinha, dizendo que ficou até “às 4h30 para acompanhar a eleição”. Nas páginas internas dos jornalões, dezenas de matérias, charges, colunas e artigos repercutiram e analisaram o fato de forma quase surrealista, não poupando adjetivos apoteóticos. O único que não caiu totalmente na avalanche de sandices, dos que li, foi o senador Sarney que, no seu artigo de sexta-feira na “Folha”, intitulado “Um menino do Havaí”, advertiu: “Os Estados Unidos não vão mudar. Continuarão com seus problemas, suas contradições, sua crise, suas guerras”. Mas, logo depois, como também é um político e tem suas obrigações como um ex-presidente, acabou rasgando a seda, falando da inteligência do eleito, da importância das instituições democráticas dos EUA e coisa e tal. Dias depois, com uma ingenuidade de dar dó, Eduardo Suplicy, entrando de gaiato num outro artigo em que Sarney criticava o discurso da vitória de Obama, da Tribuna do Senado demonstrou todo seu otimismo. Afirmou que a negritude e o partido do presidente eleito são “garantias de que os EUA se preocuparão em ajudar a resolver os problemas da América Latina”. Foi até caridoso com Obama, pois se prontificou “em dialogar e dar sugestões” a respeito do que o eleito pode fazer e colaborar “para que, desde o Alasca até a Patagônia, tenhamos, um dia, a implementação de medidas sociais...” e blá,blá,blá.... Não se sabe se o “Supla”, com a afirmação, pretende convidar Obama para uma reunião com diretórios do PT ou se está querendo substituir o presidente Lula por Obama no estabelecimento de políticas públicas nacionais, assumindo-se de vez nossa condição de colônia.

Para ler o ensaio completo você pode acessar os seguintes endereços, que o publicaram no dia 25:

Observatório da Imprensa
Diário do Amapá
Blog do Said Dib
Diário da Manhã

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